sábado, 28 de maio de 2016

O ronco e apnéia do sono podem aumentar quase 5 vezes o risco de câncer

Um estudo científico divulgado em maio de 2012 por cientistas da Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, revela que pessoas que roncam muito e sofrem de graves distúrbios respiratórios durante o sono têm uma probabilidade quase cinco vezes maior de ter câncer. 


O estudo fez ajustes para levar em conta outros fatores como idade, sexo, índice de massa corporal e fumo, que poderiam influenciar o resultado e foi publicado na American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, revista internacional de maior fator de impacto em medicina respiratória do mundo.
Não se trata de sensacionalismo. Os cientistas acreditam que a correlação pode ser explicada pelo suprimento inadequado de oxigênio durante a noite nos pacientes com o problema. Antes, testes já feitos em camundongos já haviam mostrado que a interrupção intermitente da respiração, que ocorre durante as apnéias do sono, leva a um crescimento mais acelerado de tumores. A explicação é que a falta de oxigênio estimula o crescimento de vasos sanguíneos que nutrem esses tumores. 
"Além disso, o estado de baixa oxigenação em intervalos frequentes durante todas as noites, provavelmente leva à formação de radicais livres e outras substâncias nocivas para o corpo que poderiam induzir à mutações nas células favorecendo o risco de surgimento de câncer", explica o Dr. Marcelo Andrade, pneumologista pela USP e especialista em medicina do sono pela Associação Brasileira do Sono.

Em outros estudos já realizados nas diferentes regiões do mundo, o ronco tem sido associado a um risco aumentado de hipertensão, doença cardíaca isquêmica e acidente vascular encefálico. Os mecanismos são desconhecidos, mas provavelmente mediados pela apneia obstrutiva do sono.

Os pesquisadores norte-americanos analisaram dados de mais de 1,5 mil pacientes que participaram de um estudo sobre Distúrbios Respiratórios Obstrutivos do Sono (DROS) ao longo de 22 anos. A forma mais comum de DROS é a apneia obstrutiva do sono, na qual a respiração é bloqueada, fazendo com que a pessoa fique sem ar. Esse quadro provoca ronco e interrupções do sono levando à quedas repetidas da oxigenação sanguínea. Os participantes passaram por testes a cada quatro anos que incluíram análises de sono e respiração. 
Os resultados mostraram que, enquanto pacientes com uma forma leve de DROS tinham apenas 0,1 vez mais chance de morrer de câncer que aqueles que não sofriam com o problema, nos pacientes com uma forma moderada de DROS a chance de morte por câncer dobrava. A probabilidade aumentava drasticamente de acordo com a gravidade do distúrbio e, naqueles com distúrbios graves de respiração, o risco aumentava 4,8 vezes. 
"A consistência dos indícios dos experimentos anteriores com animais e deste novo estudo epidemiológico em humanos é muito convincente”, disse o líder da pesquisa, Javier Nieto, da Escola de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin.

“Se a relação entre os DROS e mortalidade por câncer for confirmada em outros estudos, o diagnóstico e tratamento de DROS poderá ajudar a previnir o cancer nas pessoas sadias, além de aumentar as chances de cura ou tempo de vida nos já portadores de câncer”, explica.

10 Perguntas e respostas sobre o tratamento com CPAP

Atenção: O uso do CPAP possui indicações e contra-indicações específicas, que devem ser individualmente avaliadas por um médico especialista. O seu uso inadvertido pode envolver sérios riscos à saúde. 

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1. O que é o CPAP?

CPAP é uma sigla que vem do inglês Continuous Positive Airway Pressure, ou seja, pressão positiva contínua em vias aéreas.  Atualmente é considerado o tratamento mais eficaz e mais utilizado para o tratamento da apnéia obstrutiva do sono.
O CPAP consiste em um pequeno aparelho compressor de ar muito silencioso de alta tecnologia que se conecta, através de um circuito flexível, a uma máscara ajustada ao nariz ou nariz e boca do paciente. Este aparelho previne a obstrução da garganta durante o sono e reestabelece o sono normal ao indivíduo.

2. O CPAP também corrige o ronco?

Sim. O CPAP gera uma espécie de “colchão” de ar na garganta que impede que as estruturas daquela região se aproximem umas das outras, impedindo o seu estreitamento ou obstrução. Dessa forma, o CPAP impede o ronco desde o primeiro momento de uso, mesmo nos casos mais graves ou durante o sono profundo, desde que seja bem calibrado por médico ou equipe especializada.

3. Como é feita a calibragem do CPAP?

A escolha da pressão ideal do CPAP é geralmente realizada através de uma polissonografia com titulação de CPAP, ou seja, um exame em que o paciente dorme com o CPAP e é observado qual a pressão ideal, ou seja, a menor pressão de CPAP suficiente para acabar com o ronco e as apnéias. Atualmente existem CPAPs automáticos, ou seja, que conseguem "perceber" os roncos ou apnéias e aumentam ou diminuem a pressão automaticamente até a correção do problema. O CPAP automático pode substituir o exame de titulação em casos selecionados. Mas atenção: em muitos casos o CPAP automático não é suficiente para substituir a polissonografia de titulação. O médico especialista indicará a melhor forma de calibrar o aparelho para cada caso.

4. O CPAP faz barulho?

Não. Os aparelhos CPAP modernos são extremamente silenciosos. Caso ocorra algum barulho é sinal de que está ocorrendo vazamento ou algo está errado. Procure o seu médico ou equipe especializada nesta situação.

5. O CPAP utiliza oxigênio?

Não. O CPAP utiliza o ar ambiente, ou seja, o mesmo ar que respiramos, pois sua única finalidade é manter a garganta aberta para permitir a adequada passagem do ar durante o sono. Agindo assim, não haverá mais quedas da oxigenação porque não haverá mais dificuldades respiratórias enquanto se dorme. Em alguns poucos casos de portadores de outras doenças respiratórias pode ser acrescentado oxigênio ao uso do CPAP.

6. O CPAP utiliza bateria?

Normalmente não possuem bateria pois não é necessária na grande maioria dos casos. São ligados diretamente na energia elétrica e se houver queda do fornecimento de energia durante a madrugada, não há riscos para o paciente: ele irá respirar como habitualmente fazia antes, só que agora através do aparelho desligado. Alguns poucos modelos de CPAP com preços mais elevados podem oferecer baterias.

7. Quais os efeitos indesejáveis do CPAP?

Os efeitos indesejáveis do CPAP são raros e, na maioria das vezes, são decorrentes da má calibragem ou utilização do equipamento, da escolha de uma máscara inadequada para o tipo do paciente e grau da doença, da falta de orientação ao paciente sobre o uso do aparelho, etc. “É muito frequente observarmos pacientes que não sabem colocar a máscara de forma adequada, que não sabem corrigir os vazamentos que podem surgir eventualmente, ou estão usando o aparelho inadequado para o seu tipo de doença”, explica o Dr. Marcelo Andrade, pneumologista e especialista em medicina do sono pela USP e Associação Brasileira do Sono.
Nestes casos, os pacientes podem relatar ressecamento e obstrução nasal, desconforto, problemas oculares, fobia pela máscara e distensão abdominal por aerofagia (se o paciente deglute o ar). Estudos mostram que uma boa orientação e acompanhamento do médico e equipe especializada em distúrbios respiratórios do sono são os principais determinantes do sucesso na adaptação do paciente ao CPAP. Em alguns casos, quando o uso do CPAP se faz muito necessário, pesquisas mostram algum benefício no uso de doses baixas de um tranquilizante que não cause dependência, e que seja prescrito por um médico especialista, até que ocorra uma familiarização e adaptação ao uso do aparelho, sendo retirada a medicação após alguns dias de uso.

8. O CPAP vicia?

O CPAP pode trazer um sono de melhor qualidade, mais restaurador, com menor número de despertares e maior duração. Por este motivo, alguns pacientes não querem mais dispensar o uso do CPAP, assim como ninguém quer dispensar uma boa cama ou travesseiro. Entretanto, o paciente que interrompe o uso do CPAP não apresentará nenhum tipo de sintoma de abstinência, nem dormirá de uma forma pior do que o fazia antes de usar o CPAP. Ou seja, podemos afirmar que o CPAP NÃO causa dependência ou vicia.

9. Terei que usar o CPAP por toda a vida?

A medicina do sono é uma das áreas da medicina que teve maior evolução nos últimos anos. Se o seu médico lhe indicou o uso do CPAP não pense que será por toda a vida, porque provavelmente não será mesmo. Ou pelo menos, não serão os CPAPs da forma que existem hoje. A cada dia, as máscaras de CPAP estão mais confortáveis e os aparelhos cada vez menores e com recursos de alta tecnologia que tornam mais fácil a adaptação ao seu uso.
A ansiedade provocada pelo pensamento de “ter que” usar um CPAP por toda a vida pode levar ou convencer alguns pacientes a buscarem tratamentos definitivos ou alternativos nem sempre bem indicados e que podem, além de não resolver o problema, trazer prejuízos irreparáveis.
Após uma correta indicação médica para o uso do CPAP o paciente pode encarar o tratamento de 2 formas: a) uma OBRIGAÇÂO ou  b) uma OPORTUNIDADE de tratamento que ele não teria se sofresse deste distúrbio há 30 anos atrás. Por isso, é importante que o médico seja capaz de avaliar, julgar e explicar ao paciente qual é a real necessidade do uso do CPAP e qual impacto teria o tratamento de sua doença ao seu organismo. Ninguém consegue usar o CPAP sem saber exatamente por qual motivo deve usar o CPAP.

10. Qualquer pessoa pode usar o CPAP?

Não. O CPAP é um tratamento sério e o seu uso envolve riscos à saúde, possuindo algumas contra-indicações absolutas. Antes de iniciar o uso do CPAP todo paciente deverá ser avaliado por um médico especialista que irá fazer uma entrevista, exame físico e poderá solicitar alguns exames em busca de possíveis contra-indicações ao seu uso. Algumas complicações podem surgir pelo uso não supervisionado do CPAP, inclusive com risco à vida do paciente como o pneumotórax e pneumoencéfalo. Essas complicações não ocorrem necessariamente no primeiro dia de uso, mas podem ocorrer mesmo após um período longo de uso naqueles pacientes com alterações predisponentes.

O que é ronco e apnéia? Quais os perigos?

O que é o ronco?

 

ronco, distúrbio que afeta 30% da população adulta, é o ruído causado pela vibração do ar durante sua passagem através de estruturas das vias aéreas superiores como a nasofaringe, orofaringe, palato, úvula, amígdalas, adenóide, etc. Ao dormir ocorre uma redução do tônus muscular da faringe estreitando essa região. Quando o estreitamento é suficiente para obstruir parcialmente a faringe, o fluxo do ar ocorrerá com dificuldade, provocando a vibração das partes moles da garganta e o consequente ruído.

O que é apnéia do sono? 

A palavra apnéia significa "parada da respiração". Apnéia do sono é o distúrbio no qual o indivíduo sofre breves e repetidas interrupções da respiração (apnéias) enquanto dorme. As apnéias são causadas por obstruções transitórias da passagem do ar pela garganta de pelo menos 10 segundos de duração. Quando ocorrem apnéias com frequência maior que 5x/hora no sono dizemos que o indivíduo é portador de apnéia do sono.
Estima-se que cerca de 4% das mulheres e 9% dos homens adultos sofram de apnéia do sono, sendo que sua prevalência é maior entre os obesos e maiores de 35 anos.
Curiosamente, apesar de possuir alta prevalência na população, apenas recentemente a medicina reconheceu, através de estudos científicos, os riscos trazidos por esta doença e a importância do seu diagnóstico. Deste modo, sabe-se que cerca de 90% dos indivíduos que possuem apnéia do sono ainda não possuem o diagnóstico ou sequer foram alertados pelo seu médico para a possibilidade de sofrerem desta doença.

O que provoca o ronco e a apnéia do sono?

  • Aumento do peso: este é o mais comum fator de risco nos adultos. O aumento do tecido adiposo no pescoço reduz o calibre da via aérea predispondo a obstrução durante o sono.
  • Idade: com o envelhecimento ocorre diminuição progressiva do tônus e elasticidade dos tecidos da garganta favorecendo a obstrução das vias aéreas.
  • Constituição facial genética e alterações do formato da cabeça e pescoço pode resultar em menor espaço para passagem de ar na boca e garganta.
  • Amígdalas e adenóides grandes, menos comum nos adultos, são causa frequente de apnéia do sono nas crianças.

Quais as consequências da apnéia do sono?

Cada vez que ocorre uma apnéia ocorre uma diminuição rápida da oxigenação sanguínea. A fim de evitar a morte por asfixia, o organismo envia um “sinal” ao cérebro despertando-o por tempo suficiente para conseguir desobstruir a garganta. Ou seja, ocorre um microdespertar que o indivíduo não percebe e nem lembra no dia seguinte. Esse fenômeno pode repetir-se até 1000 vezes em cada noite de sono nos casos mais graves. Após cada microdespertar ocorre também uma descarga aguda de hormônios do estresse como adrenalina e outros que, aliada a queda da oxigenação sanguínea, pode desencadear arritmias cardíacas, infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVC) durante o sono. Além disso, a apnéia do sono não tratada, a longo prazo, ocasiona ou agrava várias doenças como ateroesclerose, diabetes, hipertensão, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, arritmias cardíacas, AVC ou "derrames", entre outras.
Devido ao grande número de microdespertares pelas apnéias repetidas, o sono torna-se fragmentado ocorrendo diminuição do sono profundo e do sono REM nos indivíduos com apnéia do sono. O sono profundo é fundamental para a recuperação do corpo, enquanto que a fase REM (Rapid Eye Movement - fase onde ocorrem os sonhos) é importante para a consolidação do aprendizado e da memória. Assim, a apnéia do sono é uma das causas mais comuns de fadiga, sonolência e dificuldades de aprendizado e memória, entre outros sintomas.

Quais os sintomas da Apnéia do Sono? Quando suspeitar desse distúrbio?

O indivíduo com apnéia do sono raramente percebe que tem dificuldade para respirar durante o sono e por esse motivo, a doença geralmente passa despercebida ao longo de vários anos até o seu diagnóstico. Em muitos casos, a suspeita da doença ocorre por outras pessoas que observam os episódios de apnéia ou devido aos seguintes sintomas que podem ser observados:
  • Ronco alto e interrompido
  • Sono agitado
  • Engasgos noturnos
  • Sonolência excessiva durante o dia
  • Despertares frequentes
  • Levantar-se para urinar à noite
  • Pesadelos
  • Sono não reparador
  • Fadiga crônica
  • Dor de cabeça pela manhã
  • Irritabilidade
  • Apatia, Depressão
  • Dificuldade de concentração
  • Perda de memória
  • Impotência sexual

Paciente tendo Apneia do Sono


Alimentação, Tireóide e Emagrecimento


5 Sinais de Tireoide


domingo, 22 de maio de 2016

Cansaço na perna, coração em perigo

O desconforto nos membros inferiores pode ser sinal de entupimentos lá embaixo. E, nesse caso, o risco de infartar é alto
 Cansaço na perna, coração em perigo

Você já ouviu falar na doença arterial periférica (DAP)? É provável que não – e é justamente a falta de informação que a torna mais ameaçadora. Bem, esse nome pomposo significa que vasos sanguíneos nos membros inferiores estão sofrendo uma obstrução. Como o sangue não consegue circular normalmente por ali, surgem o cansaço e as fisgadas nas pernas. Porém, a grande complicação é que essa doença indica que outras artérias do corpo também podem estar entupidas. Para ter ideia, um indivíduo com DAP corre um risco 60% maior de ter uma obstrução nas artérias coronárias, que abastecem o coração.

E não vá pensando que esse problema é raro. Estima-se que a DAP afete mais de 200 milhões de pessoas no mundo. De 2000 a 2010, cientistas escoceses registraram um aumento de 24% da incidência global da doença. Além dos possíveis piripaques no coração, essa condição abala muito a qualidade de vida do portador, já que uma simples caminhada ao ponto de ônibus pode virar um desafio, com dores e várias paradas ao longo do caminho. Como a DAP está relacionada ao estilo de vida, há alguns hábitos que favorecem os entupimentos. Aqui estão alguns:

+ Cigarro:  a fumaça faz com que as artérias fiquem menos relaxadas, prejudicando o transporte de oxigênio e nutrientes até as extremidades.

+ Ganho de peso: o excesso de gordura propicia um estado inflamatório que contribui diretamente para a circulação embolar.

+ Hipertensão: picos de pressão danificam as paredes dos vasos, facilitando a formação de placas de gordura.

E dá para desobstruir? Dá sim! Para começar, é preciso procurar um especialista. Ele irá confirmar a suspeita de DAP por meio de um exame clínico que compara a pressão arterial das pernas e dos braços – o ideal é que ela seja similar nas duas extremidades. Depois, o médico irá traçar um plano de mudanças para tentar aliviar o tráfego lá embaixo. Confira as principais estratégias:

+ Atividades físicas: melhoram a circulação nas pernas e combatem outros fatores que entopem os vasos, como o sobrepeso e a pressão alta.

+ Remédios: fármacos específicos para a doença não existem, mas há aqueles que controlam elementos de risco, como o diabete e a hipertensão. Talvez, para o futuro, exista uma droga à base de rivaroxabana, um anticoagulante que vem sendo testado pela Bayer.

+ Alimentação: apesar de o efeito ser mais indireto, ela pode contribuir contra ou favor da DAP. Maneire na gordura saturada, no açúcar e no sal, que, em excesso, favorecem a obstrução dos vasos.

+ Stent e cirurgia: situações mais sérias podem cobrar intervenção cirúrgica – hoje, o principal procedimento é a instalação de um stent na artéria da perna. Ele age como um balãozinho que empurra a placa de gordura e desemperra o fluxo sanguíneo. 

Cansaço pode ser doença

Quando a moleza persiste por meses e vem acompanhada de sonolência e dores, alguma coisa mais séria está tomando conta do corpo. Descubra por que os médicos estão redefinindo a canseira crônica


 Cansaço pode ser doença

A pernambucana Maria Helena Lapenda, de 56 anos, pode dizer que caiu literalmente de cama por causa de... cansaço. Mas não qualquer cansaço. As noites de sono não conseguiam repor suas energias, levantar-se exigia um esforço imenso e, para completar, uma sensação dolorosa se espalhava pelos ombros, pela cabeça e pelos membros, comprometendo movimentos mínimos como o de levar um garfo à boca. "Eu trabalhava dois dias e precisava ficar o resto da semana na cama. Estava acabada até para falar", conta a secretária. Depois de anos de idas e vindas entre hospitais e de ser rotulada de preguiçosa pela família, Maria Helena recebeu seu diagnóstico: síndrome da fadiga crônica.

Essa condição, caracterizada por uma canseira incapacitante, começou a ser estudada no fim dos anos 1980 e, desde então, foi pontuada de controvérsias. Isso porque, por mais que o médico vasculhe o paciente, não encontra alterações fisiológicas significativas, o que dificulta não só a detecção como a própria compreensão de quem vive com esse peso sobre as costas, a cabeça... Os mistérios que rondam a síndrome, que afetaria até 1,5% da população mundial, estão fazendo os especialistas revisitarem sua definição. E o pontapé do debate envolve a própria nomenclatura. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos propõe uma mudança: em vez de síndrome da fadiga crônica, mais fiel seria adotar o termo "doença da intolerância sistêmica ao esforço".
Os experts creem que agregar a palavra "doença" ampliará a atenção e a seriedade cobradas pelo problema. "O preconceito e a falta de informação são os maiores obstáculos enfrentados pelos portadores hoje", afirma Leonard Jason, estudioso do assunto e professor de psicologia da Universidade DePaul, em Chicago (EUA). Obstáculos que impedem o diagnóstico correto - algo ainda mais crítico no Brasil.

Ao comparar dados epidemiológicos do Reino Unido com os de nosso país, o pesquisador sul-coreano Hyong Jin Cho, da Universidade da Califórnia (EUA), constatou que a prevalência era quase a mesma (2 e 1,6%, respectivamente). Só que o diagnóstico era dado na proporção de 11 para 1. Ou seja, milhares de brasileiros perambulam sem receber o laudo e o acompanhamento adequados. Um dos motivos é a interpretação subjetiva da fadiga e outro, a falta de testes laboratoriais específicos. "Além disso, diversas condições têm o cansaço como sintoma, caso do hipotireoidismo e da carência de vitaminas. Aí é preciso fazer uma série de exames para descartar outros problemas", argumenta o reumatologista Roberto Heymann, da Universidade Federal de São Paulo.

A questão que intriga os cientistas (e os pacientes) é de onde brota o cansaço sem fim. Uma das hipóteses mais aceitas diz que a doença, de base genética, está ligada a falhas no eixo que liga o sistema nervoso à fabricação de alguns hormônios, como o cortisol, que coordena nossa reação ao estresse. O psiquiatra Mario Francisco Juruena, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, explica que o baixo nível dessa substância faz com que metade dos portadores de fadiga crônica apresente também um quadro de depressão atípica. "Além do desânimo, ela vem associada a compulsão por doces e outros alimentos de alto teor calórico, sedentarismo, sono excessivo e alta sensibilidade emocional", descreve o especialista, que passou seis anos investigando o tema na Inglaterra.

Uma curiosidade da condição, que afeta ligeiramente mais mulheres do que homens, é que muitas vezes ela se manifesta após uma infecção por bactéria ou vírus, especialmente o da gripe. Os sintomas comuns (febre, coriza, dor de garganta...) vão embora, mas ficam de presente a canseira e a falta de ânimo. Só que não dá pra responsabilizar apenas agentes microscópicos pelo revés. Há todo um cenário psicológico que favorece a doença do cansaço. "Muitos pacientes passaram por uma grande situação de estresse na infância, como a perda de entes queridos, maus-tratos físicos ou abuso sexual", conta Juruena.

É por essa razão que atualmente o tratamento do problema não depende só de medicamentos como antidepressivos e ansiolíticos e de suplementos vitamínicos. Costuma cobrar também sessões de psicoterapia. "Ainda não se fala em cura, já que não conhecemos todos os fatores que determinam a síndrome, mas seus sintomas são tratáveis e é possível garantir a qualidade de vida", afirma a psicóloga Rafaela Teixeira Zorzanelli, professora do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Outra medida que desponta com bons resultados é a chamada terapia do exercício gradual (GET, na sigla em inglês), um programa de atividades físicas personalizadas. Um estudo recém-publicado por cientistas britânicos na revista médica The Lancet Psychiatry mostra que vencer o medo de se movimentar e aderir devagar, devagarinho aos exercícios podem responder por até 60% de melhora no tratamento. A GET começa com pequenos movimentos (sentar-se na cama e se levantar, por exemplo) e evolui para uma modalidade mais consistente, como caminhadas leves.
E é exatamente isso o que Maria Helena está fazendo — com sucesso, diga-se. "Conseguir andar na praia aqui perto de casa é a minha maior conquista. É como se eu começasse a viver de novo", comemora. Combinar acompanhamento médico, certos remédios e programas que trabalhem a mente e o corpo parece ser o plano perfeito para vencer a luta contra essa doença misteriosa e extenuante por natureza.

Muito além do fim do pique

Conheça os sintomas da síndrome da fadiga crônica, condição que pode mudar de nome em breve. O indivíduo se enquadra nela se apresentar pelo menos quatro dos sinais listados abaixo num período igual ou maior que seis meses
  • Cansaço persistente e sem que ele seja resultado de um grande esforço
  • Dificuldade de concentração
  • Perda constante de memórias recentes
  • Oscilação de humor entre tristeza e euforia
  • Estresse e ansiedade crônicos
  • Sonolência diurna
  • Dores musculares pelo corpo sem causa aparente
  • Dores nas articulações (sem evidência de artrite)
  • Dor de cabeça intensa
  • Fadiga insuportável após esforço físico
  • Inchaço nos gânglios linfáticos
  • Inflamação na garganta

A fadiga também pode ser sinal de:

Hipotireoidismo
O déficit na produção dos hormônios da tireoide afeta todo o metabolismo e gera uma tremenda leseira.

Insuficiência cardíaca
O coração perde a capacidade de bombear o sangue e o corpo carece de oxigênio e nutrientes.

Diabete
Além da desidratação provocada pela perda de urina, as células não recebem glicose direito - daíadeus, energia!

Depressão
As alterações químicas no cérebro interferem no sono, no humor e na disposição física e mental.

Apneia do sono
Marcado por interrupções na passagem do ar, o distúrbio rende uma baita canseira diurna.

Açúcar é uma bomba para os hipertensos

Cientistas sugerem que o excesso de açúcar seria até pior que o abuso de sódio em matéria de pressão arterial. Fique por dentro dessa discussão e saiba como ela pode repercutir à sua mesa

bomba para hipertensão

A notícia não é doce, aliás é até indigesta, para os mais de 40 milhões de brasileiros com pressão alta - especialmente para a parcela dessa gente que tem paladar de formiga. Segundo um estudo recém-publicado por dois médicos americanos, exagerar na sobremesa e em outros produtos açucarados teria um efeito mais pernicioso sobre os vasos sanguíneos do que sobrecarregar no sal. O título do artigo já dá uma ideia das suas conclusões: "Os cristais brancos errados..." Ora, se já está comprovado que os fãs do saleiro tendem a sofrer com o aperto nas artérias, será que o açúcar tornaria o cenário mais drástico?
Para a pesquisa, os cardiologistas James DiNicolantonio e Sean Lucan compararam 120 casos de pessoas que se excediam nas porções de doces ou salgados. "Notamos um efeito hipertensivo duas vezes maior nos indivíduos que ingeriam mais açúcar e carboidratos", relata DiNicolantonio, do Instituto do Coração Saint Luke's Mid America. Não contentes em revelar esse elo, os estudiosos foram examinar quais as razões fisiológicas que fariam do açúcar um vilão para os vasos. E perceberam que elas não são poucas.
Uma das principais, segundo DiNicolantonio, é que seu consumo exacerbado e frequente costuma elevar a concentração de ácido úrico no organismo, situação que por si só causa alterações no revestimento interno das artérias capazes de levar ao aumento da pressão. Mais: a alta no ácido úrico contribuiria para a retenção de sódio, outro estímulo para a hipertensão aparecer.
A confusão molecular dá as caras em outras frentes. E falaremos agora da resistência à insulina. Acompanhe o raciocínio: sempre que uma pessoa abusa do açúcar de mesa e de outros carboidratos, ela se sujeita a desenvolver, com o tempo, uma espécie de má atuação do hormônio que libera a entrada da glicose nas células. O organismo até tenta compensar, despejando mais insulina na circulação... "Mas esse estado de resistência e o excedente de glicose circulante acabam favorecendo o aumento da pressão e o envelhecimento das artérias", explica Marcus Bolívar Malachias, presidente eleito da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Por fim, ainda há uma ligação indireta entre o apetite açucarado e o sofrimento dos vasos. É o ganho de peso. A obesidade instaura um processo inflamatório generalizado que sabota a circulação e ainda está associada à tal resistência à insulina e à elevação do ácido úrico. Aí o raciocínio se fecha e a pressão decola. Não por menos, a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica calcula que metade dos cidadãos acima do peso tenha hipertensão.

Ciladas e saídas
Preocupação em dose dupla despertam refrigerantes e outras bebidas industrializadas. Um levantamento conduzido pela Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo com 13 843 espanhóis flagrou uma íntima relação entre o maior consumo desses produtos e o aparecimento da pressão alta. Isso reforça a necessidade de maneirar nesses refrescos - sobretudo se você já é hipertenso.
Agora, tantas acusações contra o açúcar (seja no copo de refri, seja na bolacha recheada) não devem desligar o alerta sobre o sal. "Pelo contrário. Os dois ingredientes em excesso são prejudiciais e devem ser ingeridos com parcimônia", afirma o cardiologista Luiz Bortolotto, do Instituto do Coração, o InCor, em São Paulo. Nesse sentido, uma forma de guiar o cardápio é aderir ao esquema da Dash, a dieta para baixar a pressão criada há décadas nos Estados Unidos e que é abastecida de frutas, hortaliças, oleaginosas e lácteos magros. Ela própria já preconiza o consumo reduzido de sal e... de açúcar! Na dúvida entre o pior dos cristais brancos, é prudente tomar cuidado com os dois.

Limite a doçura
Da mesma forma que os especialistas indicam nunca ultrapassar 2 gramas de sódio por dia (ou 5 gramas de sal), há uma orientação para não se entupir de açúcar. A Organização Mundial da Saúde estipula que apenas 5% das calorias diárias devam vir do ingrediente - só que, lembre-se, nessa conta entram os produtos industrializados. Daí que o recado é restringir ao máximo as colheradas de açúcar extra no suco, no café... O ideal é jamais passar de 1 colher de sopa de açúcar de mesa por dia.

Suplemento para conservar os músculos

O uso de creatina ajuda a frear a sarcopenia, a perda gradual de massa muscular que atinge mais de 50 milhões de pessoas no mundo

 Suplemento para conservar os músculos

Não existe melhor maneira de evitar o enfraquecimento muscular típico do avançar da idade do que praticar atividades físicas de força, como a musculação. Mas uma pesquisa da Universidade Federal de Goiás comprovou que é possível conseguir resultados ainda melhores aliando a academia com suplementos de creatina. Os cientistas dividiram 32 voluntários com mais de 60 anos em dois grupos: o primeiro levantou peso e ingeriu 5 gramas por dia do produto, enquanto o segundo apenas se exercitou. Após 12 semanas, a turma que se valeu das cápsulas exibiu um ganho de massa magra superior.
"A creatina aumenta o aporte de líquidos e energia para o músculo, o que acelera sua recuperação", explica o nutricionista João Felipe Mota, um dos autores do trabalho. Para tirar proveito desse gás extra, porém, é aconselhável consultar um profissional de saúde - inclusive para saber se não existem contraindicações.

Creatina afeta os rins?
"Até agora, nenhum estudo demonstrou que ela danifica esses órgãos em indivíduos saudáveis", garante Mota. Porém, se há alguma doença renal diagnosticada, é importante avisar o médico para não sofrer complicações.

Haja carne!
Para suprir a porção de 5 gramas de creatina pela alimentação, seria necessário comer quantidades absurdas de suas principais fontes


A dor de cabeça em crianças e adolescentes

A dor de cabeça também atormenta os mais jovens, comprometendo a atenção, a memória e, inclusive, o desempenho escolar

A dor de cabeça em crianças e adolescentes 

É comum encontrar por aí pais que entendem a queixa de dor de cabeça dos filhos como uma desculpa para se livrar das aulas. Mas a verdade é que a reclamação, na maioria das vezes, tem fundamento. Uma análise da Sociedade Brasileira de Cefaleia, a SBCe, concluiu que mais de 5 milhões de crianças e adolescentes do país sofrem com dores de cabeça. "Esse problema com as crianças não é de hoje, mas sempre foi menosprezado", lamenta o neurologista Marco Antonio Arruda, da SBCe.
Com uma incidência tão alta assim, não é de espantar que várias instituições tenham passado a investir em pesquisas sobre o tema. A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) acompanhou 60 crianças entre 8 e 12 anos de idade durante 24 meses. Elas foram divididas em dois grupos. Um deles reunia quem nunca havia reclamado da chateação. No outro, ficaram os meninos e as meninas que sofriam de enxaqueca, um tipo de cefaleia que vem acompanhado de náuseas e sensibilidade à luz e ao barulho. "Analisamos a performance de todos na sala de aula", conta a neuropediatra e autora do trabalho, Thaís Rodrigues Villa. No segundo grupo, era preciso esperar pelo menos três dias após a última crise para que a pesquisadora pudesse observar a real repercussão do incômodo. "Descobrimos que esses pequenos, até mesmo naqueles dias sem dor nenhuma, apresentavam dificuldades de atenção visual, retenção de memória e velocidade no processamento das informações", completa Thaís.

Mais atenção!
O pai e a mãe geralmente demonstram uma preocupação maior quando o pequeno apresenta crises tão fortes que precisa ser levado ao hospital. Mas não devemos esquecer que qualquer lamento, por mínimo que seja, já é um sinal de encrenca.
Manter um diário de episódios ajuda a identificar o tipo de cefaleia e, assim, auxilia o profissional a decidir a abordagem mais apropriada. Para um alívio imediato durante os picos de dor na infância, é recomendado que a criança se deite em um ambiente silencioso, escuro e bem ventilado. Caso a cefaleia persista, indicam-se remédios como o ibuprofeno e o paracetamol, sempre com orientação médica, mas, ainda assim, não mais do que duas doses por semana. "O excesso medicamentoso diminui a produção dos nossos analgésicos naturais, também conhecidos como endorfina", esclarece o médico Marco Antonio Arruda. Essa prática torna a dor cada vez mais frequente, além de causar dependência e outros efeitos colaterais.
Além disso, a alimentação tem o potencial para agravar ou aliviar uma crise. A cafeína, substância encontrada no chocolate, estimula a contração dos vasos sanguíneos que nutrem a membrana do cérebro e, daí, o risco de sentir aquela pressão na cabeça vai às alturas. 
Agora, você já sabe: se seu filho reclamar de dor de cabeça, não custa levá-lo ao médico. Muito sofrimento e notas baixas podem ser evitados.

Enxaqueca abala a memória e o raciocínio

Vem a dor, vai o foco 

Mais do que a dor de cabeça em si, a condição pode prejudicar a comunicação entre os neurônios e comprometer a cognição

Não bastasse a sensação de que o crânio vai explodir, seguida de náuseas e pioras diante de luz ou barulho, a enxaqueca ainda sabota a capacidade de se focar e se lembrar das coisas. É o que aponta uma experiência da Universidade Federal de São Paulo com 26 portadores do problema. Nos testes, 21 participantes apresentaram dificuldades para processar e memorizar informações — e todos estavam fora do período de crises e não tinham perda auditiva. "A enxaqueca afeta a transmissão de estímulos no cérebro, e as funções cognitivas dependem que isso ocorra direito", arrisca uma hipótese a neurologista Thaís Villa, que orientou o trabalho.

Prevenir para remediar

Os especialistas acreditam que o tratamento da enxaqueca crônica, que inclui a prevenção das crises, é o caminho para driblar eventuais falhas cognitivas. Isso inclui remédios para reequilibrar a conexão entre os neurônios, prática de atividade física e a fuga dos elementos que servem de gatilho - e aí entram alguns alimentos, bebidas, excesso de esforço, aromas mais intensos...

sábado, 14 de maio de 2016

Ronco persistente pode esconder problemas graves como a apneia

Enquanto o ronco é só um problema social, a apneia é um fator de risco para diversas doenças

Enquanto o ronco é só um problema social, a apneia é um fator de risco para diversas doenças
Aquele barulho produzido pelo seu parceiro quando está dormindo e não te deixa pregar os olhos pode não ser um mal apenas ao casamento, mas também à saúde de quem o emite.  Isso porque o ronco pode ser indício de apneia – pausa respiratória que ocorre durante o sono. E é aí que mora o perigo.

O ronco, segundo especialistas, é considerado apenas uma doença social. Já a apneia é um fator de risco para doenças cardiovasculares e até alzheimer ou perda de memória. Mas é importante lembrar que nem todo roncador sofre de apneia.

"O ronco ocorre quando a via aérea está estreitada; já na apneia ela está totalmente fechada. Há uma má oxigenação do cérebro, que aumenta os riscos de infarto, AVC (Acidente Vascular Cerebral). Anos e anos de apneia também podem levar à perda de memória e ao alzheimer", observa o médico Gilberto Sitchin, especialista em sono do Instituto Paulista de Otorrinolaringologia.

A estimativa é de que 25% dos homens e 15% das mulheres ronquem ou apresentem apneia. Os ruídos noturnos são mais comuns entre os obesos e se tornam mais frequentes à medida que a idade aumenta.

"Nestes casos há um aumento da flacidez dos tecidos do pescoço e da orofaringe", observa o médico Arthur Castilho, otorrinolarigologista do Hospital das Clínicas da Unicamp.

Sitchin afirma que, além da observação do parceiro sobre o "roncador", ter sono durante o dia e acordar com a sensação de cansaço também podem ser sintomas de apneia.

"Quem sofre de apneia não tem um sono mais profundo e restaurador, por isso costuma apresentar um quadro de sonolência diurna excessiva", explica.  O médico ressalta que a gravidade do problema é diagnosticada com uma polissonografia, um exame que faz um registro do sono habitual.

Causa do ronco e apnéia do sono

O que é o ronco?

ronco, distúrbio que afeta 30% da população adulta, é o ruído causado pela vibração do ar durante sua passagem através de estruturas das vias aéreas superiores como a nasofaringe, orofaringe, palato, úvula, amígdalas, adenóide, etc. Ao dormir ocorre uma redução do tônus muscular da faringe estreitando essa região. Quando o estreitamento é suficiente para obstruir parcialmente a faringe, o fluxo do ar ocorrerá com dificuldade, provocando a vibração das partes moles da garganta e o consequente ruído.

O que é apnéia do sono? 

A palavra apnéia significa "parada da respiração". Apnéia do sono é o distúrbio no qual o indivíduo sofre breves e repetidas interrupções da respiração (apnéias) enquanto dorme. As apnéias são causadas por obstruções transitórias da passagem do ar pela garganta de pelo menos 10 segundos de duração. Quando ocorrem apnéias com frequência maior que 5x/hora no sono dizemos que o indivíduo é portador de apnéia do sono.
Estima-se que cerca de 4% das mulheres e 9% dos homens adultos sofram de apnéia do sono, sendo que sua prevalência é maior entre os obesos e maiores de 35 anos.
Curiosamente, apesar de possuir alta prevalência na população, apenas recentemente a medicina reconheceu, através de estudos científicos, os riscos trazidos por esta doença e a importância do seu diagnóstico. Deste modo, sabe-se que cerca de 90% dos indivíduos que possuem apnéia do sono ainda não possuem o diagnóstico ou sequer foram alertados pelo seu médico para a possibilidade de sofrerem desta doença. 

O que provoca o ronco e a apnéia do sono?

  • Aumento do peso: este é o mais comum fator de risco nos adultos. O aumento do tecido adiposo no pescoço reduz o calibre da via aérea predispondo a obstrução durante o sono.
  • Idade: com o envelhecimento ocorre diminuição progressiva do tônus e elasticidade dos tecidos da garganta favorecendo a obstrução das vias aéreas.
  • Constituição facial genética e alterações do formato da cabeça e pescoço pode resultar em menor espaço para passagem de ar na boca e garganta.
  • Amígdalas e adenóides grandes, menos comum nos adultos, são causa frequente de apnéia do sono nas crianças.

Quais as consequências da apnéia do sono?

Cada vez que ocorre uma apnéia ocorre uma diminuição rápida da oxigenação sanguínea. A fim de evitar a morte por asfixia, o organismo envia um “sinal” ao cérebro despertando-o por tempo suficiente para conseguir desobstruir a garganta. Ou seja, ocorre um microdespertar que o indivíduo não percebe e nem lembra no dia seguinte. Esse fenômeno pode repetir-se até 1000 vezes em cada noite de sono nos casos mais graves. Após cada microdespertar ocorre também uma descarga aguda de hormônios do estresse como adrenalina e outros que, aliada a queda da oxigenação sanguínea, pode desencadear arritmias cardíacas, infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais (AVC) durante o sono. Além disso, a apnéia do sono não tratada, a longo prazo, ocasiona ou agrava várias doenças como ateroesclerose, diabetes, hipertensão, insuficiência cardíaca, infarto do miocárdio, arritmias cardíacas, AVC ou "derrames", entre outras.
Devido ao grande número de microdespertares pelas apnéias repetidas, o sono torna-se fragmentado ocorrendo diminuição do sono profundo e do sono REM nos indivíduos com apnéia do sono. O sono profundo é fundamental para a recuperação do corpo, enquanto que a fase REM (Rapid Eye Movement - fase onde ocorrem os sonhos) é importante para a consolidação do aprendizado e da memória. Assim, a apnéia do sono é uma das causas mais comuns de fadiga, sonolência e dificuldades de aprendizado e memória, entre outros sintomas.

Quais os sintomas da Apnéia do Sono? Quando suspeitar desse distúrbio?

O indivíduo com apnéia do sono raramente percebe que tem dificuldade para respirar durante o sono e por esse motivo, a doença geralmente passa despercebida ao longo de vários anos até o seu diagnóstico. Em muitos casos, a suspeita da doença ocorre por outras pessoas que observam os episódios de apnéia ou devido aos seguintes sintomas que podem ser observados:
  • Ronco alto e interrompido
  • Sono agitado
  • Engasgos noturnos
  • Sonolência excessiva durante o dia
  • Despertares frequentes
  • Levantar-se para urinar à noite
  • Pesadelos
  • Sono não reparador
  • Fadiga crônica
  • Dor de cabeça pela manhã
  • Irritabilidade
  • Apatia, Depressão
  • Dificuldade de concentração
  • Perda de memória
  • Impotência sexual

10 maneiras de envelhecer bem e ser um idoso ativo

Um idoso saudável tem sua autonomia preservada, tanto a independência física como a psíquica. O apoio da família também é essencial para que vivam felizes.

 

O envelhecimento ativo e saudável consiste na busca pela qualidade de vida, por meio de uma alimentação adequada e balanceada, da prática regular de exercícios físicos, convivência social, busca por atividades prazerosas e que diminuam o estresse. Um idoso saudável tem sua autonomia preservada, tanto a independência física como a psíquica. O apoio da família também é essencial para que vivam felizes.
Hoje, em todo o mundo, existem cerca de 600 milhões de pessoas com 60 anos ou mais. Número que vai duplicar até 2025 e atingirá praticamente 2 bilhões em 2050, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). Aqui no Brasil, as últimas pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que a expectativa de vida dos brasileiros subiu para 74 anos.
E esses anos extras conquistados com o aumento da expectativa de vida mudaram mais do que a configuração social. Mudaram, de acordo com a psicóloga Valmari Aranha, da Sociedade Brasileira de Gerontologia, também o convívio social. "As pessoas se aposentam, param de trabalhar.... Aí é o momento em que o idoso busca outras atividades, como sair de casa, conhecer pessoas e habilidades novas e evitar ficar sozinho pensando em doença e problemas". 

De acordo com o dr. Fernando Bignardi, coordenador do Centro de Estudos do Envelhecimento da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), gerontólogo e psicoterapeuta, o aumento na expectativa de vida dos últimos anos é resultado dessa série de fatores, porém ele acrescenta "o resgate do propósito de vida". Para ele, a cada dia, essas pessoas agem, pensam e planejam a vida como jovens adultos. E salienta: "só envelhece bem aquele idoso que é capaz de manter sua capacidade funcional". 
E o que corrói a capacidade funcional? "É a doença crônica, [como] hipertensão arterial, diabetes, depressão, que são doenças extremamente prevalentes e que são resultados do estilo de vida. Então, uma pessoa pode se precaver em relação a essas situações reconhecendo e revendo seu estilo de vida", destaca o gerontólogo. Claro que, com o passar do tempo, tudo tem de ser feito dentro do limite de cada um, não podemos e não devemos exagerar.
Para envelhecer bem, é fundamental para o idoso manter-se ativo, física e psicologicamente. Hoje em dia, há uma ampliação de serviços que permitem que eles possam manter o seu corpo em forma com programas diferenciados em academias, o cérebro ativo com cursos direcionados. E traz uma melhora em dois aspectos, segundo a psicóloga Valmari Aranha, da Sociedade Brasileira de Geriatria, um é na "autoestima, pois ele vai ter mais assunto para conversar com outras pessoas, entende melhor o que acontece ao seu redor. E o outro é na capacidade cognitiva, com mais atenção, mais memória. Pois é muito comum o idoso ter queixas de que não lembra de certos acontecimentos". 

Uma boa dica para manter a disposição mental é exercitar a memória e o raciocínio com quebra-cabeças, palavras cruzadas, por exemplo. Além disso, ler bons livros, participar de cursos, exercer trabalhos voluntários ou ações que ajudam a aprimorar os talentos. Todo mundo, independente da idade, necessita e sente satisfação em ser útil.
Vale a pena ressaltar que foi-se o tempo em que os vovôs e vovós se distraiam jogando dominó na praça ou fazendo mantas de tricô e outros trabalhos manuais. Hoje em dia esse comportamento mudou. Muitos deles, agora, são adeptos das novas tecnologias. E a cada dia que passa cresce o número de brasileiros com mais de cinquenta conectados à internet.
Outra forma de estabelecer contato com outras pessoas, evitando o isolamento e a depressão é: "buscar sempre atividades novas, e pode ser sim com outras pessoas idosas. O convívio com outros idosos é importante para perceber que elas também passam pelos problemas, mas que buscam soluções diferentes e que podem servir para a sua vida", ponderou a psicóloga Valmari Aranha.
O diretor-presidente da Legião da Boa Vontade, José de Paiva Netto, há décadas alerta: "Afaste de si a ociosidade. Falta de ocupação é origem de muitos males e doenças". Chegar à velhice, não significa que vá ser parada, sedentária ou até mesmo sem graça. São muitas as formas para garantir o bem-estar e a alegria de viver. Basta que cada um encontre a sua.  Além disso, para ter um envelhecimento saudável é preciso começar desde já!

Atividade física é receita de sucesso para um envelhecimento com saúde.

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A última edição do periódico Archives of Internal Medicine traz quatro novos estudos confirmando que a atividade física é um forte aliado na prevenção de doenças da mente e do corpo dos idosos. É difícil alguém discordar de que a prática regular de exercícios físicos é um dos mais poderosos agentes para a promoção de um envelhecimento saudável. Tão importante quanto uma vida sem cigarro. Apesar de parecer um conceito inquestionável, foi só a partir da década de 80 que a ciência provou que a atividade física é a prescrição mais eficiente que um médico pode oferecer para que um indivíduo alcance uma velhice de sucesso.

Muitos associam a atividade física regular a um menor risco de infarto do coração, mas os benefícios vão muito além. Inúmeras condições clínicas comuns nos idosos são menos frequentes entre aqueles que se exercitam: quedas, fratura de fêmur, osteoartrite, diabetes, derrame cerebral, Doença da Alzheimer e demência de uma forma geral, doenças respiratórias, inúmeros tipos de câncer, osteoporose, obesidade, entre outros. Além disso, a atividade física também está associada a uma maior longevidade e menor chance de dependência física. Quanto mais cedo na vida esta atividade começar, melhor. E mesmo os que começam tardiamente também serão premiados.

Por que os homens morrem mais cedo?

 

Hoje se completa um ano desde que o Ministério da Saúde lançou a Política Nacional da Saúde do Homem.  Todo o mundo o mundo viu na televisão o que os médicos já sabiam havia muito tempo: o homem morre mais cedo que a mulher. Quando a política foi lançada, a expectativa de vida ao nascer dos homens era estimada em 7,6 anos a menos que a das mulheres.
O engraçado é que os homens morrem mais cedo, mas adoecem menos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), um homem brasileiro que nascesse em 2002 teria uma uma expectativa de passar 13,0% de sua vida, ou seja, 8,5 anos com algum grau de incapacidade (que é uma forma de medir a gravidade das doenças). Já uma mulher que nascesse naquele mesmo ano teria uma expectativa de passar 9,8 anos com incapacidade, ou seja 13,6% de sua expectativa total de vida.
A maioria dos consultórios médicos recebe mulheres com muito mais frequência do que homens. Além de adoecer mais, as mulheres vão ao médico com mais facilidade que os homens, seja por motivos culturais, seja por motivos trabalhistas. Quando o agente comunitário de saúde visita uma família, é quase sempre a mulher que o atende, mesmo que o homem esteja em casa.
Pensando em ajudar todos a olhar um pouco mais para a saúde do homem, trago aqui uma análise dos 10 principais fatores de risco para a saúde do homem brasileiro. Para dar uma dimensão da importância de cada fator de risco, anotei entre parênteses a proporção da carga de doença da população masculina que é causada por aquele fator de risco.
  • Uso de álcool (15,2%) — Apesar do álcool uso moderado do álcool ter um aparente efeito protetor para a doença cardíaca isquêmica (angina, infarto cardíaco) e para a forma isquêmica da doença cerebrovascular (mais conhecida como AVC ou derrame), existem dezenas de doenças para as quais quanto mais álcool pior, mesmo se a pessoa não for alcoolista. Não é segredo que os homens bebem muito mais do que as mulheres. O resultado é que o sexo masculino sofre 6,0 vezes as consequências que o sexo feminino sofre pelo uso excessivo do álcool.
  • Tabagismo (4,2%) — Outro fator de risco tradicionalmente ligado ao gênero masculino. Mesmo com a proporção cada vez maior de mulheres entre os fumantes, a carga de doença decorrente do uso do tabaco nos homens é 2,6 vezes a carga das mulheres. Como os efeitos deletérios do tabagismo demoram a aparecer, espera-se que essa diferença diminua sensivelmente ao longo das próximas décadas. Em maio escrevi uma série de artigos sobre o assunto: 10 motivos para fumar, 10 motivos para parar de fumar, As doenças causadas pelo tabagismo passivo, e Como parar de fumar.
  • Sobrepeso e obesidade (3,5%) — Apesar de ser o terceiro fator de risco que mais contribui para a carga de doença do homem brasileiro, o excesso de peso traz ainda mais consequências para a população feminina. Dessa forma, não é pela obesidade que os homens morrem antes que as mulheres. 
  • Pressão alta (3,3%) — O ideal seria que todo o mundo tivesse a pressão menor do que 12 por 8. Acima disso, aumenta cada vez mais o risco de AVC, infarto cardíaco, amputação e várias outras doenças cardiovasculares (do coração e dos vasos sanguíneos). Como todo o mundo vai morrer um dia, o importante não é saber qual vai ser a causa de morte. Mas, quando o risco de uma doença aumenta, aumenta também o risco da pessoa ter uma morte ou incapacidade precoce, o que se traduz em menos anos de vida saudáveis. No Brasil os homens têm 20% mais carga de doença causada pela pressão arterial do que as mulheres, presumidamente pela dificuldade em fazer acompanhamento médico. 
  • Glicose alta (3,1%) — Assim como no caso da pressão arterial, quanto menor a glicemia (o nível de glicose no sangue), menor o risco da pessoa desenvolver complicações cardiovasculares nos próximos anos. Há dois meses escrevi três artigos sobre o assunto: Conheça os sintomas do diabetes mellitus, Quem tem risco de ter diabetes mellitus, e Como prevenir o diabetes mellitus. O diabetes e o pré-diabetes trazem ainda mais consequências para a saúde da população feminina do que para a da masculina, então não é por causa disso que os homens morrem mais cedo.
  • Falta de aleitamento materno (2,3%) — A alimentação do bebê deve ser completamente constituída pelo leite materno até completar 6 meses de idade; a partir daí os alimentos da família devem ser introduzidos gradualmente, mas mantendo o aleitamento materno 2 a 3 vezes ao dia até pelo menos os 2 anos de idade. A interrupção precoce do aleitamento materno implica em maior mortalidade infantil e em menores de 5 anos de idade, e a carga disso para a saúde dos homens é 1,2 vez a carga para a saúde da mulher. 
  • Sexo sem camisinha (2,2%) — Relações sexuais sem preservativo podem trazer doenças sexualmente transmissíveis e/ou Aids, mas para a mulher o risco é ainda maior. Algumas mulheres tentam abortar gravidezes indesejadas, e pela clandestinidade as tentativas de aborto podem levar ao óbito materno. 
  • Uso de drogas ilícitas (2,2%) — A maior consequência do uso problemático de cocaína (e crack), anfetaminas e opioides é a morte precoce. Os 2,2% que citei só incluem sobredose (overdose), suicídio, trauma (homicídio, acidentes de trânsito e outros) e infecção pela Aids; e não incluem o uso da maconha. A somatória desses problemas nos homens é 2,5 vezes a somatória das mulheres.
  • Colesterol alto (2,1%) — O excesso de colesterol é um dos principais fatores de risco para a doença cardíaca isquêmica, além de outras doenças do aparelho circulatório. E o problema surge uns 5 anos mais cedo para os homens, que por isso têm uma carga de doença atribuída ao colesterol cerca de 40% maior que a das mulheres. 
  • Fatores de risco ocupacionais (2,1%) — O adoecimento ou falecimento decorrente do trabalho é muito maior no sexo masculino: a carga de doença atribuída é 5,8 vez aquela do sexo feminino. Mas as consequências variam muito de um lugar para o outro, e de uma ocupação para a outra.
A carga de doença é uma forma de expressar o impacto de uma doença ou fator de risco. Esse impacto é medido em anos de vida perdidos (quando mais precoce a morte, pior), e ajustado para o grau de incapacidade das pessoas que não morrem mas têm que conviver com a doença ou uma consequência da mesma. Quanto maior o número de pessoas afetadas, maior a carga de doença. Já expliquei o conceito com mais detalhes nos artigos Os 10 maiores fatores de risco para a saúde do Brasil e Conheça os 10 maiores fatores de risco para a saúde da mulher.
Assim como nesses dois outros artigos, os números são para toda a América Latina, e não apenas para o Brasil. Segunda-feira publico um novo artigo com a lista das 10 principais doenças do homem brasileiro, desta vez com dados exclusivamente nacionais. Até lá!

Os 10 maiores fatores de risco para a saúde do Brasil

 
Semana passada publiquei um artigo sobre os 10 maiores fatores de risco para a saúde das mulheres brasileiras, levando em consideração não apenas o risco individual das pessoas afetadas, mas também o número de mulheres afetadas. Pois bem, dessa vez trago a vocês uma lista semelhante, mas com os principais fatores de risco para a saúde de toda a população brasileira, não apenas das mulheres. 
  • Uso de álcool: Enquanto o alcoolismo (dependência do álcool) atinge 9% da população adulta brasileira, o conjunto de pessoas usando álcool em excesso, ou em situações impróprias, é imenso. As principais consequências são os transtornos mentais (inclusive depressão), os acidentes de trânsito e a violência. Isso sem mencionar derrame cerebral, infarto e outros problemas circulatórios, e, é claro, a cirrose hepática.
  • Sobrepeso e obesidade: Individualmente, é pior ser obeso do que ter sobrepeso, mas o número de pessoas com sobrepeso é maior, então no total as consequências do sobrepeso são ainda maiores que as da obesidade. 
  • Glicose alta: A pré-diabetes e a diabetes têm como consequência não apenas infarto e derrame, que podem matar na hora, mas também sequelas como amputação, cegueira e necessidade de hemodiálise. 
  • Pressão alta: Quanto mais alta a pressão arterial, pior. Pressão arterial menor que 12 por 8 não é baixa, é ótima. Assim como no caso da obesidade, as pessoas com pressão arterial menor que 14 por 9 (ponto de corte para o uso de medicamentos) respondem por mais da metade da carga de doença decorrente da pressão alta.
  • Uso do tabaco: As principais consequências do tabagismo (ativo ou passivo) são o câncer (de pulmão e vários outros), o enfisema (associado à bronquite crônica) e doenças circulatórias como o infarto cardíaco. Fazer o paciente parar de fumar é uma das intervenções médicas mais eficientes para preservar a vida saudável do paciente, mesmo levando em consideração que a maioria não consegue parar. 
  • Sexo não seguro: Transar sem camisinha é um dos maiores problemas de saúde pública do Brasil e do mundo. Essa é a principal causa do aumento progessivo dos casos de AIDS no Brasil, que começou entre homossexuais e usuários de drogras injetáveis, mas que hoje é principalmente transmitida por relação sexual entre homem e mulher. Vale lembrar que hoje em dia nem os idosos estão imunes. 
  • Falta de atividade física: O sedentarismo propicia o surgimento de várias doenças, entre as quais o infarto, o derrame cerebral, a diabete, o câncer de intestino grosso e o câncer de mama. Além disso, a atividade física é capaz de evitar algumas doenças específicas da velhice.
  • Falta de aleitamento materno: O aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de idade é capaz de prevenir não apenas infecções respiratórias, diarreia, e alergias, mas também pressão alta, glicose alta, colesterol alto e sobrepeso/obesidade. 
  • Falta de água tratada, esgoto e higiene: Existem inúmeras doenças transmissíveis que poderiam ser eliminadas ou muito diminuídas (dependendo da doença) simplesmente melhorando esse item tão básico. 
  • Colesterol alto: Apesar de existir colesterol bom e colesterol ruim, a maioria das pesquisas que mostram o impacto do colesterol na saúde das populações usa apenas o valor total. E o colesterol total é como a pressão, quanto maior, pior. E, mais uma vez, mais da metade do estrago do colesterol acontece em quem não tem ele tão alto assim.
As informações são da Organização Mundial de Saúde, em sua última publicação sobre os principais responsáveis pela carga de doença mundial. Essa carga de doença é calculada pela perda de anos de vida saudáveis, levando em consideração o número de pessoas afetadas, a precocidade da morte, e o grau de incapacidade (no caso dos que não morrem da doença). Um problema desse estudo é que a relevância dos fatores de risco foi estimada para grupos de países, não países isolados. Dessa formam os dados que apresento acima não são exatamente brasileiros, mas sim da América Latina. Quando eu publicar a lista das principais doenças, os dados serão exclusivos para o Brasil.
É interessante observar que os fatores de risco estão intimamente associados entre si. A falta de frutas, verduras e legumes na dieta não figura entre os 10 maiores fatores de risco, mas esses alimentos são capazes de combater sobrepeso/obesidade e vários outros fatores listados acima. (Leia também, do vizinho ConsCiência no Dia-a-Dia: Estudo revela quais são as maiores estrelas da dieta mediterrânea.)

Como deixei transparecer em alguns comentários acima, para melhorar os níveis de saúde da população brasileira não basta abordar as pessoas de alto risco, como os obesos ou hipertensos (pessoas com pressão alta). Todas as pessoas podem se beneficiar através da melhoria de quaisquer fatores de risco que tenham, mesmo que estejam em valores intermediários. É aí que entram as propagandas, os impostos sobre álcool e tabaco, a construção de locais públicos para a prática de exercício físico, e por aí em diante.

sábado, 7 de maio de 2016

¿Dormir perto do celular é ruim?

Se você não quiser desligar o celular durante a noite, pelo menos desconecte-o da internet e mantenha-o a um metro da cama.


¿Dormir perto do celular é ruim?


No mundo em que vivemos, é cada vez mais imprescindível o uso do celular. Tanto é que não o deixamos para nada, faça sombra ou faça sol. O levamos em cada lugar em que vamos e se o esquecemos nos sentimos nus. Não o desligamos em nenhum momento do dia e dormimos com ele grudado na cabeceira. Mas, esse hábito pode ser prejudicial para a saúde. ¿Gostaria de saber se é ruim dormir perto do celular? Conheça a resposta neste artigo.
Se você é uma das muitas pessoas que dormem com o celular do lado da cama, isso poderia estar causando muitos problemas (imperceptíveis inicialmente) em sua saúde. As radiações presentes nos smarthphones são realmente perigosas e nada aconselháveis. E isso é assim em qualquer hora do dia, porém, quando estamos dormindo pode influenciar em pesadelos, insônia, e no ato de acordarmos várias vezes durante a noite, dentre outras consequências.
¿E porque isso acontece? Por uma alteração no sistema de auto-regulação de certos processos como, por exemplo, o do relógio biológico ou dos ritmos circadianos.
A Organização Mundial de Saúde indicou que os aparelhos eletrônico em geral (não apenas os celulares) são ruins para o organismo e podem aumentar as possibilidades de desenvolvermos câncer. Por sua vez, têm efeitos tóxicos reconhecidos por muitos pesquisadores. Além disso, é preciso ter conhecimento de que os celulares se baseiam em radiações ionizantes e longitudes de onda.
Uma pesquisa desenvolvida na Austrália demonstrou que há uma relação importante entre o uso dos smartphones e a esterilidade nos homens, bem como na redução da qualidade do esperma. E em ambos os sexos ocorre um aumento dos quadros de estresse.
Mais além de ter o relógio do despertador ativado no celular, é preciso desligá-lo durante a noite, porque por mais que não o usemos ele igualmente utiliza radio-bases ou radiofreqüências. Isto quer dizer que os celulares estão continuamente radiando ondas eletromagnéticas ao seu redor, e não apenas quando os utilizamos. Colocá-lo perto da cabeça ao dormir é uma forma de nos “contagiarmos” com essas ondas que não nos fazem nada bem.

Dormir

¿Como e onde deixar o telefone ao dormir?

Há duas opções: a primeira é desligar o celular e deixá-lo no lugar de sempre (no criado mudo ou qualquer outro lugar), sempre considerando que o despertador esteja igualmente programado. A segunda é deixá-lo ligado porém longe, em outro cômodo, seja na cozinha ou na sala. Essa alternativa é menos recomendável.
Se você não se sente confortável desligando o celular porque precisa se comunicar com alguém em caráter de urgência durante a madrugada, você pode pelo menos desligar a conexão com a internet, que é algo mais perigoso do que as radiofreqüências quando está ligado.
Especialistas indicam que o celular deve estar a pelo menos um metro de distância do nosso corpo enquanto dormimos. Podemos deixá-lo, por exemplo, em cima do sofá ou de uma cadeira.
Outra questão a considerar, e que muitos fazem, é que não se pode deixar o celular carregando durante a noite enquanto o deixamos debaixo do travesseiro. São muitos os casos de pessoas que queimam o rosto ou as mãos devido a sobrecargas e posterior incêndio de seus dispositivos.
Os travesseiros são fabricados com um material que entra em combustão muito rápido e isso nos coloca em risco enquanto dormimos, já que nesse momento não somos conscientes do que acontece ao nosso redor.
Outro risco de deixar o celular na mesa de cabeceira a noite é que isso aumenta nossos níveis de ansiedade, ficamos vigilantes e na expectativa do que acontece a cada instante, acordamos no meio da noite para checar nosso email ou as redes sociais cada vez que chega uma notificação, etc.
Essa é uma mudança na conduta e nos hábitos a longo prazo que traz como conseqüências estresse, insônia, falta de concentração, problemas cognitivos, carência de produtividade, irritabilidade, pesadelos, dores de cabeça, etc.
Outros hábitos “mais saudáveis” na hora de usar o celular são:
  • Preferir as chamadas curtas e caso se estendam muito, mudar de orelha após alguns minutos.
  • Se possível, realizar chamadas no viva-voz para que não tenha que manter o celular próximo à cabeça.
  • Evitar que as crianças usem o celular, para nada, nem para jogar.
  • Não falar com o Smartphone em uma região com pouco sinal de recepção, já que o aparelho terá que emitir radiofrequências mais potentes.
  • Não levar o celular junto ao corpo (principalmente no caso dos homens, que colocam no bolso do paletó) e nem em contato com a pele.
  • Afastá-lo, mesmo que seja meio metro, em nosso ambiente de trabalho ou na mesa.
É preciso deixar o celular descansar um pouco, e devemos aproveitar para descansar também. Durante a noite, devemos nos concentrar em dormir e relaxar para recarregar as energias que perdemos durante todo o dia. Assim, é melhor que o telefone fique desligado até a hora de levantarmos ou até a hora de sairmos de casa para trabalhar.

tecnologias

Dessa forma estaremos evitando desequilíbrios no plano neural, na qualidade do sono e nos níveis de estresse. Os resultados dos estudos a respeito do uso do celular ainda não estão totalmente claros, porém, o que já se sabe a respeito é o suficiente para nos alarmarmos.
E não se esqueça que os demais eletrodomésticos na casa também podem ser nocivos para a saúde. O melhor é não manter televisores ou computadores em seu quarto, mas se você já tiver opte por desligá-los antes de dormir, por exemplo. Desligue o roteador quando for deitar e tente não usar o celular até o último instante antes de fechar os olhos.

Dormir melhor: 4 bebidas naturais que podem ajudar

A banana é uma grande aliada para as pessoas com insônia, já que seu teor de triptofano nos ajuda a relaxar e a dormir melhor.

Dormir melhor: 4 bebidas naturais que podem ajudar 

Dormir melhor é algo que todos desejamos, porque um bom descanso é sinônimo de saúde e bem-estar. Mas…como conseguir isso de forma natural e sem ter que recorrer a medicamentos?
Não é uma surpresa saber que o problema da insônia é um dos mais comuns entre a população. Às vezes fatores como a dor articular, o estresse, e até mesmo o excesso das novas tecnologias pode, sem dúvida, levar a um descanso inadequado.
Melhorar nosso sono e adotar hábitos adequados na hora de ir dormir pode ser de grande ajuda.

Além disso, estas bebidas naturais que apresentamos a seguir podem ser boas medidas para nos ajudar a relaxar. Convidamos você a tomar nota.

1. Leite de amêndoas e mel

Em nosso site, falamos frequentemente sobre os benefícios de uma colher de mel para conseguir um descanso mais profundo e reparador.
  • Um recurso natural que todos nós provamos ao menos uma vez é um copo de leite morno com um pouco de mel. Mas como nem todo mundo tolera bem os laticínios, podemos substituir o leite de vaca pelo de soja ou de amêndoas.
  • As amêndoas são muito ricas em triptofano e magnésio, duas substâncias que, combinadas com o mel, favorecem o descanso.
  • O mel, por sua vez, consegue aumentar os níveis de insulina no sangue, estimulando assim a produção de triptofano no cérebro. Dessa forma, também nos proporciona uma boa dose de serotonina, para que possamos relaxar e ter um descanso mais profundo.

Ingredientes

  • 1 colher de mel
  • 1 copo de leite de amêndoas

Modo de preparo:

  • A primeira coisa que faremos será esquentar o leite. Ele deve estar morno, não excessivamente quente. Temos que nos lembrar de que bebidas muito quentes não fazem bem ao nosso fígado.
  • Adicione a colher de mel e beba cerca de meia hora antes de ir para a cama. Essa tradicional receita permitirá que você durma melhor.

2. Leite de aveia e banana




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Se escolhermos uma banana que não esteja muito madura e batermos a fruta no liquidificador juntamente com o copo de leite de aveia, descobriremos o quanto nos fará bem e favorecerá nosso descanso.
A banana é rica em triptofano e, assim como o mel, faz com que o corpo libere uma maior quantidade de serotonina. Já a aveia, quando bebida morna, é uma excelente mediadora para o descanso.
Vale a pena experimentar.

Ingredientes

  • 1 banana que não esteja muito madura
  • 1 copo de leite de aveia (200 ml)

Modo de preparo:

  • É muito fácil. Basta esquentar o copo de leite de aveia e levá-lo ao liquidificador juntamente com a banana.
  • Neste caso, é recomendável beber uma hora antes de ir deitar.

3. Suco de cereja

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Delicioso, cheio de vitaminas e relaxante. O suco de cereja é um remédio medicinal para dormir melhor e lutar contra a insônia.
  • Neste caso, seu segredo está não no triptofano, mas na melatonina, uma substância secretada pela glândula pineal que nos permite regular muitos de nossos ciclos, como, por exemplo, o descanso.
  • Especialistas na saúde do sono recomendam tomar dois copos diários de suco de cereja. Um à tarde e o último duas horas antes de nos deitar. O efeito é cumulativo e, além disso, obteremos um elevado nível de antioxidantes para cuidar de nossa saúde cardíaca e hepática.
  • A cereja não é uma fruta muito comum no Brasil, sendo difícil encontrá-la em sua forma natural, mas quando for possível, prepare o suco de cereja em casa misturando cerca de 10 unidades da fruta com um copo de água no liquidificador.

4. Chá de valeriana, passiflora e melissa

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  • É possível encontrar esta combinação maravilhosa em qualquer loja de produtos naturais ou especializada em ervas. A valeriana é uma das plantas mais poderosas quanto a propriedades sedativas e ansiolíticas.
  • Combinar a valeriana, a passiflora e a melissa vai facilitar nosso descanso e vai impedir, por exemplo, que acordemos com frequência durante a noite.
  • Essas plantas têm propriedades relaxantes para nossos músculos, ao evitarem as contrações produzidas pela tensão.

Modo de preparo:

  • ½ colher de chá de valeriana em pó (3 g)
  • ¼ de colher de chá de melissa desidratada (1,2 g)
  • ¼ de colher de chá de passiflora desidratada (1,2 g)
  • 1 copo de água (200 ml)

Modo de preparo:

  • Este chá fica pronto em pouco mais de 15 minutos. Basta levar a água ao fogo para ferver e adicionar as plantas, deixando a infusão ferver por alguns minutos.
  • Deixe repousar por 10 minutos, coe e sirva em sua xícara favorita.
  • Para que este remédio seja eficaz, devemos ser constantes e beber uma xícara todas as noites.
Para concluir, entre todos os remédios aqui descritos, basta escolher aquele que faz você se sentir melhor.

Também devemos nos deitar todos os dias no mesmo horário, e nos desconectar de nossos aparelhos eletrônicos cerca de duas horas antes de ir para a cama.