domingo, 31 de maio de 2015

Cuidado com os perigos do ronco

O ronco é um dos distúrbios do sono mais comuns. Não há quem não conheça ou nunca tenha acompanhado o sono de alguém que ronca. Mas cuidado: se o ato de roncar faz a pessoa parar de respirar por mais de dez segundos, isso pode ser Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). “O relato da pessoa que acompanha o sono de quem ronca é sempre o mais importante”, explica o médico Daniel Inoue, especialista do sono no Hospital Santa Cruz, em São Paulo (SP).

Dormir pode ser muito barulhento para quem divide a cama com um ‘roncador’

Um dos principais sintomas da apneia, caracterizada por uma parada respiratória provocada pelo estreitamento das paredes por onde passa o ar, é o ronco. Contudo, esta não é uma regra. O que diferencia o ronco da Apneia Obstrutiva do Sono, além da pausa na respiração, é o barulho da vibração, que pode variar de intensidade, já que os mecanismos são os mesmos. “O ar deve passar de forma suave quando respiramos e, quando passa em estruturas estreitadas, gera o barulho com a vibração. A apneia já é quando ocorre a obstrução do ar, que não chega aos pulmões”, detalha Inoue.
Ou seja, clinicamente, não há como diferenciar. “Quanto mais grave, a sintomatologia é mais exuberante”, descreve o especialista. Segundo ele, outros indicativos de alerta são: cansaço, sonolência diurna, déficit de memória e irritação. No caso do ronco, o maior prejuízo é à qualidade do sono, pois, se o barulho for muito alto, o paciente se autodesperta inúmeras vezes durante a noite. “O sono fica superficial e não profundo. Como não é contínuo, não permite descansar”, avalia. 
Foi o que aconteceu com o bancário aposentado Zilmar Ferreira, 58, que por anos sentiu-se cansado e sonolento durante o dia. À noite, a roncadeira acordava a família toda. Apesar das reclamações da esposa, Seu Zico, como é chamado pelos amigos, só se conformou que realmente tinha um problema quando Dilma Krech Ferreira, 56, gravou sua sinfonia noturna com o celular. Ela conta que ele seguido parava de respirar e ela mal conseguia dormir de preocupação. Ele também não, já que o próprio ronco o acordava várias vezes à noite. 
Consciente de que algo estava errado, Zico procurou um médico especialista no assunto e, após exames, constatou-se a necessidade de usar um equipamento de ventilação noturna que evitasse as inúmeras paradas respiratórias. Na época com 164 quilos, Zico também começou uma dieta e perdeu mais de 50 quilos. O equipamento BIPAP foi adquirido em 2012 pela internet, o que, segundo ele, foi mais em conta. Desde então, as noite passaram a ser bem mais tranquilas. Zico diz que não se incomoda de dormir com a máscara, uma reclamação recorrente entre os pacientes que utilizam o sistema. Mas garante: “É ela que não me deixa dormir sem”, diz, referindo-se à esposa.
Hoje, Seu Zico confessa que engordou alguns quilos, mas segue dormindo bem. Com isso, passa os dias mais animado e ativo. Aposentado, chegou a ficar em casa por um ano, mas resolveu voltar a trabalhar como fiscal em uma loja em Santo Antônio da Patrulha (RS), onde mora com a família.  “A máquina nos deu outra qualidade de vida”, confidencia Dona Dilma.

Os riscos para o coração
A apneia pode levar o paciente a desenvolver alterações cardiovasculares, como pressão alta, arritmia cardíaca e até infarto ou morte súbita no caso de pessoas com doença coronariana. Com a idade, há maior tendência de o paciente roncar ou ter paradas respiratórias. “À medida que envelhecemos, a musculatura da região da garganta se torna mais flácida”, explica o médico Daniel Inoue. Geralmente, os sintomas surgem a partir da terceira e quarta década de vida. Os homens são mais propensos ao quadro e a obesidade também é fator de risco.
No caso do ronco, é preciso investigar as causas, que podem ser doenças alérgicas ou respiratórias. Há alternativas de tratamento cirúrgico ou com medicação antialérgica. Já a apneia pode ser resolvida, muitas vezes, com a redução de peso e controle postural, como dormir de lado. Em casos mais graves, a alternativa é a cirurgia, aparelhos ortodônticos e equipamentos de ventilação que funcionam com um compressor de ar, como o CPAP e o BIPAP.

As diferenças entre o CPAP e o BIPAP
O CPAP é um equipamento ligado a um tubo que, com a ajuda de uma máscara, projeta o ar para o nariz do paciente (máscara nasal) ou nariz e boca (máscara facial). O CPAP é indicado exclusivamente para casos de Apneia Obstrutuva do Sono (AOS). O BIPAP é uma máquina similar, mas que também atende a casos de fibrose pulmonar e doença pulmonar obstrutiva crônica e é usado em fisioterapia respiratória. Ambos mantêm a glote aberta durante o sono, garantindo o fluxo aéreo do paciente. Os dois equipamentos são recomendados tanto para uso durante a noite quanto nas sestas após o almoço. A principal diferença é que, enquanto o CPAP  oferece um fluxo contínuo de ar, o BIPAP permite ajuste na pressão durante o uso. No quesito ruído, o CPAP vai de 30 a 50 dba e o BIPAP de 25 a 70 dba.
Fonte Physicalcare

Equipamento de ventilação garante noites de sono mais tranquilas

Ronco aumenta durante o Inverno devido aos problemas respiratórios

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Primeiro sinal que o organismo dá de que existe alguma coisa errada com a respiração durante a noite
Com a chegada do Inverno, já é possível perceber o aparecimento mais constante de gripes, resfriados, alergias, rinites e sinusites. Nessa época, é comum o uso de agasalhos, luvas, gorros, cobertores esquecidos há meses no guarda-roupa. Mas, junto com esses adereços, vêm os problemas respiratórios característicos do Inverno, como por exemplo, o ronco.

O Ronco é o primeiro sinal que o organismo dá de que existe alguma coisa errada com a respiração durante a noite e na estação fria do ano esse problema aumenta. É causado pela vibração dos tecidos da garganta, em função da turbulência do ar à medida que as vias aéreas se estreitam. A obesidade, a respiração bucal e o uso de cigarro e álcool agravam o problema do ronco.

Se não tratado, pode evoluir para a chamada Apnéia do Sono, parada respiratória que ocorre durante o sono e que pode ocasionar sérios problemas à saúde como hipertensão, enfarte do miocárdio e AVC (derrame), e ainda outros, como o risco de sofrer acidentes automobilísticos, devido a perda da qualidade do sono, além dos transtornos sociais e psicológicos.

Segundo o Dr. Ismael Marques Novo, cirurgião-dentista, especialista em Periodontia, o ronco e a apnéia do sono podem ser tratados com aparelhos bucais, que avançam a mandíbula e impedem que a língua obstrua a passagem do ar na garganta. O ronco faz com que a pessoa durma mal e não tenha o chamado sono reparador. Por este motivo, as pessoas que roncam têm a impressão de não terem dormido direito durante à noite e, no dia seguinte, ficam sonolentas e indispostas, correndo o risco de sofrer acidentes automobilísticos, devido a perda da qualidade do sono, além dos transtornos sociais e psicológicos.

Os aparelhos orais são uma das melhores opções de tratamento, porém a avaliação odontológica do paciente é muito importante. Deve apresentar saúde periodental e articular para que o uso do aparelho seja seguro", afirma Dr. Marques.

Muitos casais já conseguiram resolver este tipo de problema; e, por incrível que pareça, em um lugar nunca antes imaginado: no consultório do dentista. Com o uso dos aparelhos orais, o paciente não ronca e não incomoda o parceiro durante o sono. E o que é melhor, ambos ficam bem dispostos no dia seguinte.

Para quem ronca e durante o Inverno o problema piora, essa é uma alternativa para evitar a cirurgia. É uma prática rápida e eficiente, confortável e com custo relativamente baixo.

Para o Dr. Ismael Marques Novo, aquele ronco que a princípio só incomodava o silêncio no meio da noite, não deve ser encarado apenas como um ruído que priva o direito de outras pessoas de dormir em paz. Cuidar desse problema é investir na Qualidade de vida!

domingo, 10 de maio de 2015

Insônia crônica pode aumentar em até três vezes o risco de morte


Pessoas com insônia crônica apresentam um risco elevado de morte, de acordo com uma pesquisa apresentada em San Antonio, no Texas, na 24ª reunião anual da Associated Professional Sleep Societies. Os resultados indicam que a taxa de risco ajustado para todas as causas de mortalidade foi três vezes maior em pessoas com insônia crônica, em comparação a pessoas que não sofrem com o problema. 

Existem quatro subtipos de insônia: insônia precoce com despertar crônico, insônia de manutenção do sono (dificuldade para voltar a dormir), insônia de início do sono e insônia que faz a pessoa despertar diversas vezes durante a noite. Os pesquisadores descobriram que o risco de morte era de dois a três vezes mais elevado, independentemente do subtipo de insônia relatado pelos pacientes. 

"O resultado mais surpreendente foi o aumento do risco elevado de mortalidade em indivíduos com insônia crônica, mesmo após o ajuste para todas as variáveis de confusão", disse o autor Laurel Finn, bioestatístico da Universidade de Wisconsin-Madison. "O outro achado importante foi a não diferenciação entre os subtipos de insônia em relação ao risco de mortalidade". 

O estudo, feito pela National Heart Lung and Blood Institute, nos EUA, envolveu 2.242 participantes que completaram questionários enviados para os anos 1989, 1994 e 2000. Os participantes que foram considerados como tendo insônia crônica relataram sintomas de insônia em pelo menos dois dos inquéritos. 

As taxas de risco estimado de mortalidade foram ajustadas para o índice de massa corporal, idade e sexo, bem como as condições médicas, como bronquite crônica, infarto, derrame, hipertensão, diabetes e depressão, relatadas a cada paciente. Durante a pesquisa, 128 participantes que tinham o problema morreram. 

Finn adicionou que os resultados enfatizam a necessidade de médicos para fornecer tratamentos eficazes para a insônia, mesmo na ausência de problemas de saúde. "A insônia é um sintoma pesado e tem um impacto negativo na qualidade do sono, o que pode levar as pessoas a procurarem tratamento", disse. "A identificação de insônia como fator de risco de mortalidade pode ter implicações clínicas e elevar o nível de prioridade para o seu tratamento."  

Um estudo anterior realizado pela American Academy of Sleep Medicine provou que dormir bem é um dos segredos para a longevidade. A partir da análise de 2.800 pessoas, os resultados mostraram que cerca de 65% das pessoas relataram que sua qualidade de sono foi boa ou muito boa e o tempo médio diário de sono foi 7,5 horas, incluindo cochilos. 

Os mais velhos, de 100 anos, e os adultos acima de 70, foram os mais prováveis de relatar boa qualidade de sono do que os participantes mais jovens, de 65 a 79, após controle de variáveis como as características demográficas, socioeconômicas e de saúde. 


O neurologista Shigueo Yonekura, do Instituto de Medicina e Sono dá dicas simples de como espantar a insônia: 

- Leia um livro: a leitura ajuda a melhorar a insônia, porém recomenda-se que sejam livros menos complexos e não tão interessantes, porque senão o efeito pode ser o inverso; 

- Escolha a trilha sonora: Escutar uma música antes de dormir pode ajudar a embalar o seu sono. "É melhor ouvir algo mais calmo, que te faça relaxar. Um ritmo mais acelerado vai te deixar agitado", diz o neurologista; 

- Prepare um chá morninho: Os chás, que não são à base de cafeína, em geral, ajudam a relaxar e por isso são bons indutores do sono; 

- Faça uma massagem: "A massagem ajuda a dormir, pois relaxa os músculos e a mente. Uma das maiores causas da insônia, hoje em dia, é o estresse e as tensões acumuladas. A massagem é benéfica porque alivia estes sintomas", explica Shigueo.  

Apneia não tem cura, mas pode ser controlada

Roncar e ter falta de ar enquanto dorme não é normal. Esses sintomas, acompanhados de sonolência excessiva durante o dia, podem indicar uma doença: a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono. Quem sofre do distúrbio geralmente acorda cansado e mal-humorado. Além disso, apresenta baixo rendimento nas atividades cotidianas e pode chegar a ficar incapacitado de participar de reuniões, assistir a filmes e dirigir por conta da sensação extrema de que precisa dormir. 

"A doença diminui a qualidade de vida da pessoa e aumenta a taxa de mortalidade, visto que pode favorecer o aparecimento de problemas cardiovasculares, diabetes e obesidade", alerta a coordenadora médica do Instituto do Sono e professora de Medicina e Biologia do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Lia Bittencourt. 

Sono é fundamental para o desenvolvimento da criança - Foto: Getty Images
Sono é fundamental para o desenvolvimento da criança
Alguns fatores de risco, de acordo com a especialista, são: ser do sexo masculino, estar acima do peso, entrar na menopausa e consumir álcool com muita frequência. As causas são diversas. Entre elas, obesidade, anormalidades endócrinas ou craniofaciais, como hipotireoidismo e hipoplasia maxilomandibular, e predisposição genética. 

Sintomas 
As pausas na respiração características desse distúrbio podem durar de dez a 30 segundos e ocorrer até cinco vezes em uma hora de sono. Na tentativa de voltar a respirar, a pessoa acorda várias vezes, o que afeta a qualidade do sono e impede o descanso adequado. Já o ronco específico de quem tem apneia segue um mesmo ritmo, vai ficando mais alto e, de repente, é interrompido por um período de silêncio. É nesse momento que a respiração para, o que parece ser uma espécie de engasgo. "Na maioria dos casos, o paciente não percebe esses eventos, mas sim o parceiro de cama", diz Lia. 

Diagnóstico 

Quando esses ou outros sintomas, como dor de cabeça, falta de atenção, perda de memória e redução da libido são notados, é importante procurar um especialista em medicina do sono para fazer o diagnóstico. A confirmação da doença é feita por meio de uma polissonografia, exame que registra diversas funções do organismo durante uma noite passada em um laboratório de sono com sensores colocados na pele e no couro cabeludo. 

Tratamentos 
A Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono raramente tem cura. "Somente em casos de emagrecimento considerável ou de cirurgias de amígdala e adenóide em crianças ocorre a cura completa", explica a médica do Instituto do Sono. Mas a doença é controlável. 

Segundo Lia, perder peso, não beber álcool antes de ir para a cama, evitar dormir de barriga para cima e tratar doenças do nariz e da garganta são atitudes essenciais para o controle da apneia.

Pode contribuir com a melhora dos sintomas o uso de um aparelho elétrico chamado CPAP (sistema de pressão positiva contínua das vias aéreas), que gera um fluxo de ar através de uma máscara no nariz, abrindo a garganta. Equipamentos intra-orais que tracionam a mandíbula para abrir passagem para o ar durante a noite também podem ajudar. 

"Operações de garganta e ossos da face são pouco utilizadas atualmente pois a chance de sucesso é pequena", afirma. Mesmo assim, podem ser uma opção. "A cirurgia ortognática reposiciona os maxilares e cria uma via aérea permeável e livre", explica o cirurgião bucomaxilofacial Octávio Cintra. 

Mãe conta a experiência de luta com o filho prematuro na UTI, em RO

Casal é de Ji-Paraná e está há três meses com o filho na UTI, na capital.
Bernardo nasceu aos 6 meses da gestação, com prematuridade extrema.


Patrícia só pôde pegar o filho no colo quando ela já tinha mais de 30 dias de nascido (Foto: Pâmela Fernandes/G1)

Patrícia só pôde pegar o filho no colo quando ela já tinha mais de 30 dias de nascido (Foto: Arquivo Pessoal)
A maternidade sempre fez parte dos sonhos de Karen Patrícia Araújo Loubak Lessa, de Ji-Paraná(RO), cidade localizada a cerca de 370 quilômetros da capital Porto Velho. Durante os sete anos de casamento com Moisés Lessa, ela teve três gestações, mas perdeu os bebês das duas primeiras, e na terceira, depois de muitas complicações, nasceu, aos seis meses da gestação, Bernardo Araújo Loubak Lessa, no dia 22 de fevereiro de 2015. Era o início de uma luta pela vida do filho do casal, que tanto sonhou com um bebê.
Bernardo nasceu com prematuridade extrema, pesando 1.015 kg e medindo 36 centímetros. O primeiro susto veio início da gravidez. Na primeira ultrassom, os médicos não conseguiram ver o embrião e nem ouvir o coração dele. "Mas para minha alegria, 12 dias depois repetimos o exame e ele apareceu. Pela primeira vez ouvi aquele 'tumtumtum' e foi maravilhoso. Era real, ele estava ali", conta Patrícia.
Até os quatro meses, tudo correu tranquilamente. No quinto mês, Patrícia descobriu uma incompetência istmo-cervical (no colo do útero curto) e precisou fazer uma cirurgia chamada cerclagem , na tentativa de evitar a prematuridade extrema do filho. Ficou em repouso absoluto, sem levantar da cama. Com 26 semanas ela sofreu um sangramento e precisou ir para Porto Velho, pois, a qualquer momento, poderia dar à luz.
A mãe estava internada há cerca de uma semana, quando os médicos decidiram fazer o parto. A cirurgia era de risco e ninguém podia acompanhar a mãe.“Não havia nada em que eu pudesse me agarrar, nada palpável em que eu pudesse esperar, somente a certeza de que o Senhor Jesus estava no controle da minha história e que para Ele nada seria impossível”, conta.
A primeira vez que Patrícia conseguiu pegar o filho no colo ele já tinha mais de 30 dias de nascido, envolto em fios e aparelhos. Ela diz que foi um momento único e maravilhoso. “Não havia aquele vidro nos separando. Foi como se aquele vínculo que estávamos construindo fosse selado naquele momento. Não havia nada entre nós, nenhuma doença, nenhum problema, nenhuma barreira, nenhuma dificuldade, somente nós dois juntos”, conta a mãe.Depois de alguns minutos, perguntou à médica se ainda faltava muito para o nascimento da criança e soube que ele já havia nascido.  “E então eu ouvi um chorinho longe, fraquinho, e em seguida eles passaram com ele já dentro da incubadora, com aquele monte de aparelhos no seu pequeno rostinho, e foi direto para UTI neonatal.  Não pude tocá-lo, não pude senti-lo, não pude sequer vê-lo, mas aquele momento tão doloroso e difícil trouxe a maior alegria que eu pude experimentar na vida: o nascimento do meu amado filho Bernardo”, conta.
Por causa da prematuridade, Bernardo teve complicações como apneia de prematuridade, infecções, displasia bronco pulmonar, hemorragia intra craniana grau 1 e, por último, apresentou o quadro de retinopatia da prematuridade, que atinge as retinas dos  olhos e pode levar à cegueira. “Houveram momentos em que saí do hospital chorando e quando voltei no dia seguinte, um milagre havia acontecido. Em outros dias me ligaram para que eu fosse até o hospital ficar com ele, pois poderia ser a última vez . E assim eu fiz. Fiquei com ele ali, segurando suas mãozinhas geladas, dizendo a ele que eu o amava, intercedendo e clamando a Deus por um milagre”, conta.
Hoje, com quase três meses de vida Bernardo continua na UTI. Já está pesando 1kg700  e, segundo a mãe, quando chegar aos 2k já poderá receber alta. A previsão é que dentro de três semanas ele possa ir para casa com os pais. 
Em tão pouco tempo, Patrícia conta que o filho a ensinou muita coisa, e quando questionada sobre o que é ser mãe, ela diz: “Ser mãe?  É acreditar quando ninguém acredita, vibrar por cada conquista, por menor que ela seja. Sonhar mesmo diante da incerteza. É amar inexplicavelmente um novo ser sem se quer termos sido apresentados. É buscar do alto forças, mesmo quando estamos fracas, para poder dizer ao seu filho que tudo vai dar certo. É abrir mão, é esquecer de si”, finaliza.

domingo, 3 de maio de 2015

Mitos e verdades sobre a tireoide

Com tantos sintomas diferentes misturados, fica difícil mesmo reconhecer os problemas de tireoide. Saiba o que é mito e o que é verdade sobre essa glândula muito importante para o organismo

Texto: Revista VivaSaúde Especial Tireoide e Metabolismo/ Foto: Danilo Tanaka/ Adaptação: Letícia Maciel
Problemas de tireoide não prejudicam a fertilidade da mulher. Saiba mais mitos e verdades sobre a tireoide Foto: Danilo Tanaka

O hipotireoidismo causa depressão

PARCIALMENTE VERDADEIRO: Os especialistas se dividem nesse caso. Isso porque essa doença, que reduz a produção dos hormônios T3 e T4 da tireoide, afeta o sistema nervoso e tem sintomas muito semelhantes ao de uma depressão, como apatia e fadiga intensas, além de uma cognição mais lenta, por isso mesmo os dois casos podem ser confundidos. Por outro lado, pode acontecer que pacientes com hipotireoidismo apresentem esse distúrbio emocional, sim. É um ciclo vicioso: pois, a cada três pacientes com depressão, um tem a tireoide trabalhando a menos.

A reposição dos hormônios da tireoide causa diversos efeitos colaterais

FALSO: Na verdade a levotiroxina, análoga comercializada é muito semelhante ao hormônio original T4 da tireoide, o que resulta em quase nenhum efeito colateral. Mas é preciso que a ingestão do fármaco seja feita seguindo algumas regras e precauções. Por exemplo, o medicamento deve ser sempre tomado pela manhã, em jejum e com muita água, sempre esperando cerca de trinta minutos para comer depois disso, o que facilita sua absorção. Tomar sempre no mesmo horário também ajuda a regular melhor o corpo.

Hipotireoidismo é uma doença exclusiva das mulheres após a menopausa

PARCIALMENTE VERDADEIRO: Ele é mais recorrente nessa fase, devido às alterações hormonais que o corpo feminino passa; portanto as mulheres aos 40 são mais vulneráveis. Mas outros grupos também correm esse risco, como homens após os 65 anos, quem faz radioterapia na cabeça ou no pescoço, pessoas que façam tratamento lítio ou amiodarona, ou quem tem histórico familiar de doenças autoimunes. Mesmo assim, crianças e jovens enfrentam riscos, e não há distinção de raças.

Encontrar um nódulo na tireoide sempre significa um diagnóstico de câncer

FALSO: Aliás, o mais comum é que o nódulo seja benigno e não apresente nenhum sintoma, portanto, se um desses aparecer, não é preciso ficar preocupado, ensinam os especialistas. A descoberta do tipo de tumor é feita com um exame de biopsia, que determinará se o nódulo é positivo, negativo ou indeterminado. Nos dois últimos casos, é feita então uma retirada desse tumor para avaliação, que determinará se realmente se trata de um câncer. Mas essa doença não é a única forma de os nódulos causarem problemas. Eles podem, por exemplo, produzir hormônios, uma condição chamada doença de Plummer.

Doenças da tireoide afetam a vida sexual e o sistema reprodutor

VERDADEIRO: Os órgãos especializados na reprodução podem, sim, ser afetados pela glândula quando está desregulada. Normalmente, quando a tireoide trabalha além ou aquém do necessário, a falta ou excesso de seus hormônios traz consequências como irregularidades menstruais nas mulheres, e impotência e diminuição na quantidade de espermatozoides nos homens. No caso da libido, porém, o efeito varia com a quantidade de T3 e T4; quanto mais dessas substâncias circulando pelo corpo, maior o desejo sexual; agora, quando sua quantidade cai, a libido cai também.

Problemas de tireoide podem influenciar no ganho ou perda de peso

FALSO: Esta é uma forma de as pessoas acharem uma desculpa para seu sobrepeso. É verdade que desordens da tireoide realmente afetam o metabolismo basal, e, sim, ele está diretamente relacionado com a energia que gastamos ao longo do dia... Mas a alteração é discreta, portanto um caso de hipotireoidismo  não vai tornar um indivíduo com peso normal em obeso, nem causar uma obesidade mórbida. Ocorre também uma retenção de líquidos, que realmente joga mais para cima os ponteiros da balança. Além disso, começar um tratamento para casos em que a glândula está trabalhando aquém do que deveria ajuda justamente a manter o peso regulado.

Olhos saltados são sempre uma consequência do hipertireoidismo

VERDADEIRO : Os olhos saltados são, sim, um dos sintomas do hipertireoidismo, no caso quando a culpa pelo problema é da doença de Graves, um tipo de mal autoimune, em que os anticorpos do corpo se voltam contra a tireoide, mas, no lugar de atacá-la, estimulam e aumentam sua produção hormonal. Esse sintoma é chamado de oftalmopatia, e, além de gerar uma redução nos tecidos das órbitas, o que projeta os olhos para afrente, pode causar dores, ressecamento e inflamação nos globos oculares, além de ocasionar problemas de visão. Mas não é todo paciente  com hipertireoidismo que desenvolve esse quadro.

Exame de ultrassom anual é importante para um diagnóstico precoce de câncer de tireoide

FALSO: O exame acaba sendo sensível até demais, e localiza inclusive nódulos que podem ser benignos, e não causa sintoma nenhum na glândula tireoide. Porém, só de lidar com a possibilidade de ser um câncer, por mais que as chances sejam bem pequenas, o paciente pode se desgastar emocionalmente com isso. Os endocrinologistas e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabolismo (SBEM) apontam que o melhor método de se diagnosticar problemas na glândula é a medição do TSH, sigla inglesa para hormônio estimulante da tireoide. Quando essa substância está em alta ou baixa no organismo, significa que o trabalho da tireoide não está sendo bem feito, e a hipófise está mandando que ela produza mais ou menos hormônios do que o normal.

Mulheres com problemas de tireoide não podem engravidar

FALSO:Problemas de tireoide não prejudicam a fertilidade da mulher, portanto ela não perde a capacidade de gerar uma criança. O único problema é que a gravidez de uma mulher com hipotireoidismo é muito mais arriscada e pede um acompanhamento de perto por parte do obstetra e do  endocrinologista, que vai orientar a medicação correta, de forma que só beneficie a mãe e o feto. Quando a disfunção da glândula é causada pela Tireoidite de Hashimoto, por exemplo, pode haver uma maior incidência de abortos espontâneos. Além disso, estudos relacionam que, dependendo do grau da doença da mãe, a criança pode ter um quociente de inteligência menor, por isso que a reposição hormonal correta é muito importante, evitando que esse tipo de problema de as caras.

Como as disfunções na tireoide afetam o corpo

Acompanhe o que a deficiência (hipotireoidismo) ou o excesso (hipertireoidismo) de hormônios tireoidianos pode provocar em todo o organismo:

 Texto: Françoise Gregório/ Infografia: Helton Gomes/ Adaptação: Letícia Maciel

O excesso e deficiência de hormônios podem
causar doenças e até o aumento de peso
Infográfico: Helton Gomes
1-Sistema Cardiovascular

Como os hormônios agem: interferem nos batimentos cardíacos e agem no mecanismo conhecido como débito cardíaco (quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto).

Deficiência: diminuição da frequência cardíaca, da força e velocidade de contração do coração e do débito cardíaco.
 
Excesso: taquicardia e arritmias.

2- Sistema gastrointestinal

Como os hormônios agem: colaboram com a ação das catecolaminas (hormônios produzidos pelas glândulas adrenais, que podem agir como neurotransmissores), interferindo no funcionamento do intestino. Os rins também são influenciados.
 
Deficiência: o intestino fica mais lento e a pessoa sofre com prisão de ventre. Os rins passam a filtrar os líquidos lentamente e o indivíduo urina menos.
 
Excesso: o funcionamento do intestino se acelera, provocando um número maior de evacuações. Aumenta o fluxo da urina.

3- Sistema nervoso

Como os hormônios agem: são essenciais para o desenvolvimento e a manutenção do sistema nervoso central. Também potencializam a ação das catecolaminas.

Deficiência: segundo estudos divulgados pela Sbem, o hipotireoidismo frequentemente leva a depressão, assim como o tratamento dessa condição fica prejudicado na presença da doença. “Entretanto, esta associação ainda não está clara e os dados sobre variações na função tireoidiana em pacientes deprimidos e desordens de humor são inconsistentes”, comenta Gisah.

Excesso: irritabilidade, nervosismo, ansiedade, agitação, insônia, aumento da velocidade e amplitude dos movimentos e tremores.

4- Pele, unhas e cabelos

Como os hormônios agem: da mesma forma que no sistema muscular-esquelético, as proteínas são essenciais para estas estruturas.

Deficiência: a pele resseca, o cabelo pode cair e as unhas ficam quebradiças.
Excesso: os hormônios queimam proteínas em excesso, causando os mesmos sintomas do hipotireoidismo.

5- Sistema muscular-esquelético

Como os hormônios agem: controlam a síntese de proteínas, essencial para o crescimento e desenvolvimento dos músculos.
Deficiência: pode desencadear fraqueza, dores musculares, câimbras e diminuição da massa óssea.
Excesso: os hormônios queimam proteínas em excesso, causando os mesmos sintomas do hipotireoidismo.

6- Sistema reprodutor

Como os hormônios agem: o T3 e o T4 interagem com os hormônios da hipófise e do aparelho reprodutor, ajudando a manter as funções reprodutivas em ordem.

Deficiência: “A disfunção leva a um aumento nos níveis de prolactina, hormônio que, em excesso, diminui a capacidade de concepção”, explica a endocrinologista Adriana Menades. Também ocasiona irregularidade na menstruação e diminuição da libido.
Excesso: causa irregularidade na menstruação e infertilidade, mas provoca o aumento da libido.

7- Peso corporal

Como os hormônios agem: regulam a transformação dos nutrientes em energia para manter as funções vitais e para a atividade física.
Deficiência: o metabolismo energético trabalha devagar, ocasionando um menor gasto de energia e o aumento de peso. Mas a pessoa engorda principalmente por causa do acúmulo de mucopolissacarídeos (cadeias de açúcar usadas na construção de tecidos), que associados à retenção de água produzem inchaço.
Excesso: acelera o metabolismo, levando a um maior gasto de energia e perda de peso, apesar do aumento de apetite.