O ronco é um dos distúrbios do
sono mais comuns. Não há quem não conheça ou nunca tenha acompanhado o
sono de alguém que ronca. Mas cuidado: se o ato de roncar faz a pessoa
parar de respirar por mais de dez segundos, isso pode ser Apneia
Obstrutiva do Sono (AOS). “O relato da pessoa que acompanha o sono de
quem ronca é sempre o mais importante”, explica o médico Daniel Inoue,
especialista do sono no Hospital Santa Cruz, em São Paulo (SP).
Dormir pode ser muito barulhento para quem divide a cama com um ‘roncador’
Um dos principais sintomas da apneia,
caracterizada por uma parada respiratória provocada pelo estreitamento
das paredes por onde passa o ar, é o ronco. Contudo, esta não é uma
regra. O que diferencia o ronco da Apneia Obstrutiva do Sono, além da
pausa na respiração, é o barulho da vibração, que pode variar de
intensidade, já que os mecanismos são os mesmos. “O ar deve passar de
forma suave quando respiramos e, quando passa em estruturas estreitadas,
gera o barulho com a vibração. A apneia já é quando ocorre a obstrução
do ar, que não chega aos pulmões”, detalha Inoue.
Ou seja, clinicamente, não há como diferenciar. “Quanto mais grave, a
sintomatologia é mais exuberante”, descreve o especialista. Segundo
ele, outros indicativos de alerta são: cansaço, sonolência diurna,
déficit de memória e irritação. No caso do ronco, o maior prejuízo é à
qualidade do sono, pois, se o barulho for muito alto, o paciente se
autodesperta inúmeras vezes durante a noite. “O sono fica superficial e
não profundo. Como não é contínuo, não permite descansar”, avalia.
Foi o que aconteceu com o bancário aposentado Zilmar Ferreira, 58,
que por anos sentiu-se cansado e sonolento durante o dia. À noite, a
roncadeira acordava a família toda. Apesar das reclamações da esposa,
Seu Zico, como é chamado pelos amigos, só se conformou que realmente
tinha um problema quando Dilma Krech Ferreira, 56, gravou sua sinfonia
noturna com o celular. Ela conta que ele seguido parava de respirar e
ela mal conseguia dormir de preocupação. Ele também não, já que o
próprio ronco o acordava várias vezes à noite.
Consciente de que algo estava errado, Zico procurou um médico
especialista no assunto e, após exames, constatou-se a necessidade de
usar um equipamento de ventilação noturna que evitasse as inúmeras
paradas respiratórias. Na época com 164 quilos, Zico também começou uma
dieta e perdeu mais de 50 quilos. O equipamento BIPAP foi adquirido em
2012 pela internet, o que, segundo ele, foi mais em conta. Desde então,
as noite passaram a ser bem mais tranquilas. Zico diz que não se
incomoda de dormir com a máscara, uma reclamação recorrente entre os
pacientes que utilizam o sistema. Mas garante: “É ela que não me deixa
dormir sem”, diz, referindo-se à esposa.
Hoje, Seu Zico confessa que engordou alguns quilos, mas segue
dormindo bem. Com isso, passa os dias mais animado e ativo. Aposentado,
chegou a ficar em casa por um ano, mas resolveu voltar a trabalhar como
fiscal em uma loja em Santo Antônio da Patrulha (RS), onde mora com a
família. “A máquina nos deu outra qualidade de vida”, confidencia Dona
Dilma.
Os riscos para o coração
A apneia pode levar o paciente a desenvolver alterações
cardiovasculares, como pressão alta, arritmia cardíaca e até infarto ou
morte súbita no caso de pessoas com doença coronariana. Com a idade, há
maior tendência de o paciente roncar ou ter paradas respiratórias. “À
medida que envelhecemos, a musculatura da região da garganta se torna
mais flácida”, explica o médico Daniel Inoue. Geralmente, os sintomas
surgem a partir da terceira e quarta década de vida. Os homens são mais
propensos ao quadro e a obesidade também é fator de risco.
No caso do ronco, é preciso investigar as causas, que podem ser
doenças alérgicas ou respiratórias. Há alternativas de tratamento
cirúrgico ou com medicação antialérgica. Já a apneia pode ser resolvida,
muitas vezes, com a redução de peso e controle postural, como dormir de
lado. Em casos mais graves, a alternativa é a cirurgia, aparelhos
ortodônticos e equipamentos de ventilação que funcionam com um
compressor de ar, como o CPAP e o BIPAP.
As diferenças entre o CPAP e o BIPAP
O CPAP é um equipamento ligado a um tubo que, com a ajuda de uma
máscara, projeta o ar para o nariz do paciente (máscara nasal) ou nariz e
boca (máscara facial). O CPAP é indicado exclusivamente para casos de
Apneia Obstrutuva do Sono (AOS). O BIPAP é uma máquina similar, mas que
também atende a casos de fibrose pulmonar e doença pulmonar obstrutiva
crônica e é usado em fisioterapia respiratória. Ambos mantêm a glote
aberta durante o sono, garantindo o fluxo aéreo do paciente. Os dois
equipamentos são recomendados tanto para uso durante a noite quanto nas
sestas após o almoço. A principal diferença é que, enquanto o CPAP
oferece um fluxo contínuo de ar, o BIPAP permite ajuste na pressão
durante o uso. No quesito ruído, o CPAP vai de 30 a 50 dba e o BIPAP de
25 a 70 dba.
Fonte Physicalcare
Equipamento de ventilação garante noites de sono mais tranquilas