A apneia do sono, também conhecida como síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), é um distúrbio provocado por frequentes obstruções parciais ou completas das vias respiratórias durante o sono, o que leva a episódios repetidos de cessação da respiração enquanto o paciente dorme.
Qualquer pessoa pode desenvolver apneia obstrutiva do sono, embora ela seja muito mais comum em indivíduos com mais de 60 anos, obesos ou fumantes.
-Se você ronca muito, acorda subitamente durante a noite com sensação de estar engasgado e sente-se muito sonolento durante o dia, existe uma grande chance de você estar sendo acometido pela síndrome da apneia obstrutiva do sono.
Neste artigo vamos explicar a apneia obstrutiva do sono, dando ênfase às causas, fatores de risco, diagnóstico, sintomas e opções de tratamento.
Se você procura informações sobre o ronco simples, aquele que ocorre sem que exista a síndrome da apneia obstrutiva do sono, acesse o seguinte artigo: COMO PARAR DE RONCAR.
O que é a apneia obstrutiva do sono
A
apneia obstrutiva do sono é um distúrbio caracterizado por interrupções
curtas e repetidas da respiração durante o sono. Ela ocorre quando os
músculos das vias respiratória alta relaxam enquanto dormimos, fazendo
com que os tecido moles na parte de trás da garganta colapsem,
bloqueando a passagem do ar em direção aos pulmões (veja a ilustração
abaixo).
O
relaxamento e o consequente colapso dos músculos da faringe podem
provocar reduções parciais ou totais da respiração, eventos que recebem,
respectivamente, os nomes de hipopneia e apneia. Os episódios de
obstrução respiratória costumam durar entre 10 e 30 segundos, mas alguns
podem persistir por mais de um minuto, provocando importantes reduções
na saturação de oxigênio no sangue.
A queda abrupta na taxa de
oxigenação do sangue alerta o cérebro, que responde provocando uma
súbita interrupção do sono para que o indivíduo possa voltar a respirar.
Esse padrão de obstrução das vias aéreas seguida de interrupção do sono
pode ocorrer centenas de vezes em uma noite.
O paciente pode
acordar subitamente, com sensação de estar sufocado ou engasgado,
contudo, em casos menos severos, a superficialização do sono pode ser
tão efêmera, que o indivíduo volta a dormir imediatamente e depois não
se recorda de ter acordado.
O resultado da apneia do sono é um padrão sono fragmentado, não restaurador, que muitas vezes resulta em um excessivo nível de sonolência durante o dia. E o mais curioso é que muitos dos pacientes nem sequer desconfiam que a causa do seu sono excessivo seja o fato de dormirem mal, já que eles não se lembram de acordar várias vezes durante a noite.
Causas da síndrome da apneia obstrutiva do sono
A síndrome apneia obstrutiva do sono é um distúrbio extremamente comum. Estima-se que cerca de 20 a 30% da população adulta masculina e 10 a 15% da população adulta feminina sofram desse mal. Apenas uma minoria desses indivíduos, porém, tem o diagnóstico corretamente estabelecido por um médico.
O relaxamento da musculatura respiratória é comum durante o sono, e na maioria das pessoas ele não é intenso o suficiente para causar obstrução ao fluxo aéreo. Para que a síndrome da apneia obstrutiva do sono ocorra, alguns outros fatores precisam estar presentes. A obesidade, a idade avançada, o tabagismo, a história familiar e alterações da anatomia das vias respiratória costumam ser os fatores de risco mais importantes. Mas eles não são os únicos.
A seguir, vamos descrever os fatores de risco mais comuns para a SAOS.
Idade → a apneia do sono é rara em crianças e vai ficando cada vez mais comum conforme envelhecemos. A partir dos 50 anos, ela se torna bastante prevalente.
- Obesidade → provavelmente o fator de risco mais importante é excesso de peso. Apenas 10% dos homens com IMC normal têm SAOS, enquanto entre os homens com IMC maior que 30 kg/m² essa taxa é superior a 60% (leia: IMC | Como calcular o índice de massa corporal).
- Gênero → a SAOS é 2 a 3 vezes mais comum em homens. Porém, a partir da menopausa, essa diferença reduz-se bastante.
- Anormalidades anatômicas → alterações nos ossos do crânio, principalmente uma mandíbula ou maxilar curtos, hipertrofia das amígdalas, hipertrofia das adenoides, desvio de septo, pólipos nasais ou ter um pescoço pequeno e largo são fatores que favorecem o aparecimento da apneia obstrutiva do sono.
- Congestão nasal → indivíduos que apresentam o rinite frequente também estão sob maior risco .
- Cigarro → a SAOS é 3 vezes mais comum em fumantes do que em não-fumantes (leia: DOENÇAS DO CIGARRO | Como parar de fumar).
- Álcool → O consumo de álcool aumenta o relaxamento da musculatura da faringe durante o sono, favorecendo o aparecimento da obstrução das vias aéreas.
- Dormir de barriga para cima → a posição que mais favorece a obstrução das vias áreas é a chamada posição supina, que é a posição de barriga para cima. Desta forma, além do colapso da musculatura da faringe, há também grande risco de queda da língua em direção à garganta.
Sintomas da apneia obstrutiva do sono
A
sonolência diurna é um dos sintomas mais comuns da SAOS, sendo
frequentemente o motivo pelo qual o paciente procura ajuda médica. É
importante saber distinguir a sonolência da fadiga (cansaço). A primeira
é uma incapacidade de permanecer completamente desperto ou alerta
durante o dia, enquanto a fadiga é uma queixa subjetiva de falta de
energia física ou mental.
Inicialmente, a sonolência diurna pode
passar despercebida ou ser subestimada, pois o quadro costuma evoluir
muito lentamente ao longo de meses ou anos. O paciente pode não
descrever o sintoma como sonolência, utilizando outros termos, tais como
fadiga, cansaço, desânimo ou falta de energia. Contudo, se o paciente
for questionado de forma cuidadosa, geralmente revela-se um padrão de
sonolência excessiva, com adormecimento frequente durante situações
passivas ou monótonas, como leituras, aulas, missas, assistir televisão,
ir ao cinema ou até mesmo durante a condução de um carro. O consumo
desmedido de café durante o dia também pode ser um sinal de sonolência
diurna excessiva.
Alguns pacientes queixam-se mais de insônia do
que da sonolência diurna. Geralmente isso ocorre nos indivíduos com
episódios repetidos de apneia durante o sono, o que impossibilita a
entrada do paciente no estágio de sono profundo. Este tipo de queixa é
mais comum nas mulheres.
O ronco durante o sono é a outra
característica típica da apneia obstrutiva do sono. Cabe aqui um
esclarecimento, nem todo paciente que ronca tem SAOS, porém mais de 90%
dos pacientes com
SAOS roncam. Portanto, dito de outra forma, a existência de ronco não é suficiente para fechar o diagnóstico da apneia do sono, mas a sua ausência torna a SAOS uma hipótese pouco provável.
A síndrome da apneia obstrutiva do sono não deve ser a primeira hipótese diagnóstica em indivíduos magros com ronco leve, mas é um cenário bastante provável no caso de pessoas obesas que roncam alto.
A presença do parceiro(a) ou de algum familiar que durma na mesma casa costuma ser importante durante a consulta médica, pois eles habitualmente têm um conhecimento sobre o padrão do sono melhor que o próprio paciente. Eventos associados ao sono, tais como roncos, períodos de interrupção da respiração,agitação noturna, engasgos ou episódios súbitos de despertar sobressaltado são mais facilmente constatados por quem está ao lado.
SAOS roncam. Portanto, dito de outra forma, a existência de ronco não é suficiente para fechar o diagnóstico da apneia do sono, mas a sua ausência torna a SAOS uma hipótese pouco provável.
A síndrome da apneia obstrutiva do sono não deve ser a primeira hipótese diagnóstica em indivíduos magros com ronco leve, mas é um cenário bastante provável no caso de pessoas obesas que roncam alto.
A presença do parceiro(a) ou de algum familiar que durma na mesma casa costuma ser importante durante a consulta médica, pois eles habitualmente têm um conhecimento sobre o padrão do sono melhor que o próprio paciente. Eventos associados ao sono, tais como roncos, períodos de interrupção da respiração,agitação noturna, engasgos ou episódios súbitos de despertar sobressaltado são mais facilmente constatados por quem está ao lado.
Além de sonolência diurna e dos roncos, há
outros sinais e sintomas frequentemente associados à síndrome da apneia
obstrutiva do sono. São eles:
- Despertar subitamente com uma sensação de asfixia, engasgo ou sufocamento.
- Despertar frequentemente com a boca seca ou com dor na garganta.
- Períodos de interrupção da respiração durante o sono, que duram pelo menos 10 segundos.
- Mau humor ou irritabilidade frequentes.
- Falta de concentração.
- Lapsos de memória.
- Dor de cabeça matinal.
- Diminuição da libido ou impotência
- Despertar com dor no peito
- Pesadelos frequentes.
- Necessidade frequente de urinar durante a madrugada.
- Sintomas da fibromialgia
Complicações da apneia obstrutiva do sono
Pacientes com apneia obstrutiva do sono apresentam um maior risco de acidentes ou de desenvolvimento de doenças clínicas.Acidentes – Acidentes de trânsito são duas a três vezes mais comuns entre pacientes com SAOS do que na população em geral. Indivíduos com apneia do sono não devem conduzir veículos, operar máquinas pesadas nem receber responsabilidades que exijam atenta vigilância.
Doenças cardiovasculares – Pacientes com SAOS, particularmente nos casos moderados a grave, estão sob risco aumentado de desenvolverem uma ampla gama de complicações cardiovasculares, incluindo hipertensão arterial, hipertensão pulmonar, doença coronariana, arritmias cardíacas, insuficiência cardíaca e AVC.
Diabetes e síndrome metabólica – Pacientes com apneia obstrutiva do sono apresentam uma maior prevalência de pré-diabetes, diabetes e síndrome metabólica. Embora estas doenças estejam nitidamente relacionadas à obesidade, a existência da SAOS é um fator de risco adicional.
Depressão – Vários estudos têm mostrado que os pacientes com SAOS apresentam uma incidência aproximadamente duas vezes maior de depressão do que o resto da população (leia O QUE É DEPRESSÃO?)
Complicações operatórias – Pacientes com apneia obstrutiva do sono, que precisam ser operados por qualquer motivo, estão sob maior risco de complicações cirúrgicas, tais como insuficiência respiratória aguda, eventos cardíacos no pós-operatório ou necessidade de condução do pós-operatório em unidades de terapia intensiva.
Mortalidade – Pacientes com SAOS grave e não tratada têm duas a três vezes maior risco de mortalidade, por qualquer causa, quando em comparação com indivíduos sem esse distúrbio.
Diagnóstico da apneia obstrutiva do sono
Pacientes
com história clínica que levante a suspeita de apneia do sono devem ser
avaliados com um exame de polissonografia, que costuma ser realizado em
centros especializados em tratamento dos distúrbios do sono.
A
polissonografia é um exame não invasivo, no qual o paciente dorme
enquanto a equipe médica faz um registro completo da atividade do
organismo, incluindo a atividade elétrica cerebral, ritmo respiratório e
cardíaco, tônus muscular, movimentos oculares e taxa de oxigenação do
sangue.
Nos adultos, o diagnóstico da SAOS costuma ser confirmado
se pelo menos uma das duas situações a seguir existir durante a
polissonagrafia:
1- Cinco ou mais eventos respiratórios
obstrutivos, tipo apneias, hipopneias ou despertar súbito com falta de
ar, a cada hora de sono, associados a pelo menos um sintoma típico de
SAOS descrito no tópico anterior.
2- Quinze ou mais eventos respiratórios obstrutivos por hora de sono, independentemente da presença de outros sintomas de SAOS.
Gravidade da apneia do sono
Os
pacientes que satisfazem os critérios para o diagnóstico de SAOS são
tradicionalmente classificados como portadores de doença leve, moderada
ou grave, com base nos seus sintomas e nos resultados da
polissonografia.
Apneia obstrutiva do sono leve –
Pacientes com 5 a 15 eventos respiratórios por hora de sono. Esses
pacientes costumam ter poucos sintomas e a sonolência diurna é branda,
não sendo capaz de afetar a qualidade de vida. Complicações
cardiovasculares não costumam ocorrer.
Apneia obstrutiva do sono moderada –
Pacientes 15 a 30 eventos respiratórios por hora de sono. Esses
pacientes costumam notar relevante sonolência diurna, que é capaz de
interferir nas atividades diárias. Neste grupo, já há um aumento da
incidência de acidentes automobilísticos, e complicações, como a
hipertensão arterial, já podem existir.
Apneia obstrutiva do sono grave –
Pacientes com mais de 30 eventos respiratórios por hora de sono ou que
apresentam à polissonografia quedas importantes na taxa de saturação de
oxigênio no sangue (oximetria abaixo de 90%) em pelo menos 1/5 do tempo
do exame. Esses pacientes têm grande sonolência diurna e tendem a cair
no sono muitas vezes durante o dia, mesmo sentados. Pacientes com SAOS
grave têm um risco aumentado de mortalidade por complicações
cardiovasculares ou acidentes.
Tratamento da Apneia obstrutiva do sono
O
tratamento da SAOS visa acabar ou amenizar os episódios de apneia ou
hipopneia e melhorar a saturação de sanguínea de oxigênio no sangue
durante o sono. Nos casos leves, medidas simples podem ser efetivas. Na
formas mais graves, aparelhos respiratórios podem ser necessários.
1- Mudanças de estilo de vida
A
atitude mais importante é emagrecer, caso o paciente tenha uma IMC
acima de 25 kg/m². A prática de exercício físico regularmente também
ajuda. Diminuir o consumo de bebidas alcoólicas e suspender o cigarro
são essenciais.
Evitar dormir de barriga para cima pode ajudar a reduzir o número de eventos respiratórios durante o sono.
Medicamentos
para dormir, como os ansiolíticos, não devem ser usados sem orientação
médica, pois estes podem aumentar o risco de apneia do sono.
2- CPAP
O CPAP é uma sigla em inglês que significa Continuous Positive Airway Pressure (pressão positiva contínua nas vias aéreas). É um método bastante eficaz para as formas moderadas e graves da apneia do sono.
O
CPAP é um tratamento que consiste no uso de uma máquina ventilatória
que fornece ar sob pressão através de uma máscara que deve ser acoplada
ao paciente antes de dormir. O CPAP reduz o número de eventos
respiratórios à noite, reduz a sonolência diurna e melhora a qualidade
de vida do paciente.
Embora o CPAP seja o método mais bem sucedido
e mais comumente utilizado para o tratamento de apneia obstrutiva do
sono, algumas pessoas acham que a máscara é desconfortável ou máquina
barulhenta. As máquinas mais recentes, no entanto, são menores e
produzem bem menos ruídos que máquinas mais antiga.
3- Aparelhos orais
Para
os pacientes com SAOS leve ou moderada que não toleram ou não querem
tratamento com CPAP, um aparelho oral que acerta o posicionamento da
mandíbula e da língua é uma alternativa possível. A pressão positiva de
vias aéreas é geralmente mais eficaz, mas a maioria dos pacientes acabam
se adaptando melhor aparelho oral. Como a adesão ao tratamento é um
aspecto essencial de sucesso, o uso de aparelhos orais acaba sendo uma
alternativa aceitável.
Nos casos de SAOS grave, porém, somente o CPAP é uma opção eficaz.
4- Cirurgia
Se
nenhum dos tratamentos funcionar, a cirurgia para correção de
alterações anatômicas pode ser a solução. A cirurgia, porém, fica
reservada para casos específicos e só é indicada após cuidadosa
avaliação médica.