Entenda como a apneia do sono grave aumenta riscos de infarto do miocárdio, AVC e Síndrome Metabólica.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), aproximadamente 40% da
população dorme mal. Entre os principais fatores está a apneia
obstrutiva do sono, eventos de pausas de sono com mais de dez segundos.
Como consequência do problema, a pessoa que sofre de SAOS (Síndrome da
Apneia Obstrutiva do Sono) tem alto grau de risco da ocorrência de infarto agudo do miocárdio
e AVC (Acidente Vascular Cerebral). Também pode favorecer o
desenvolvimento de síndrome metabólica, com o acúmulo de gordura,
alteração do açúcar no sangue e hipertensão arterial.
Pela primeira vez no Brasil, realizamos um procedimento de colocação
de eletroestimulador (marca-passo) para tratamento da apneia obstrutiva
do sono, que utiliza um dispositivo desenvolvido nos Estados Unidos, com
estudo clínico realizado na Bélgica, Itália, Alemanha, Austrália e EUA
desde 2009 e que demonstrou eficácia em 77% dos casos.
Dr. Eric Thuler, coordenador do Centro de Tecnologia em Otorrinolaringologia
do Hospital Samaritano de São Paulo, em conjunto com sua equipe e
auxiliado pelo Dr. Ofer Jacobowitz (EUA), foi o responsável pela
realização do procedimento. O especialista explica que há uma relação
direta da perda da capacidade de sustentação da musculatura da faringe e
da língua na causa da apneia obstrutiva do sono.
“Esse dispositivo, através da eletroestimulação do nervo hipogloso, que inerva esta região, é capaz de manter o tônus da musculatura. O conceito é o mesmo adotado para o tratamento de outras doenças neuromusculares como Parkinson e bexiga neurgênica”.
O dispositivo foi colocado em caráter de exceção como uso compassivo (produto importado pelo paciente, fabricado pela americana ImThera Medical e importado pela Ciclomed) e
ainda não é comercializado no Brasil, mas está disponível na Europa,
Ásia e América Latina. “É indicado em casos de falha na adaptação ao
tratamento com o CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas)”,
completa o especialista.
A realização do procedimento e o teste de ativação dão início ao
tratamento que ocorreu 30 dias após a realização para aguardar a
cicatrização dos tecidos, sendo feita durante um exame de
polissonografia. Na sequência, o eletroestimulador é acionado
diariamente pelo próprio paciente, por controle remoto, antes de dormir.
“O dispositivo não exige manutenção periódica, exceto a bateria que
deve ser trocada a cada 15 anos”, explica Dr. Thuler.
Segundo o especialista, acredita-se que o tratamento da apneia do
sono por meio da eletroestimulação seja o futuro para o controle desse
tipo de doença. “Estamos honrados em realizar a colocação do implante
pela primeira vez no Brasil. Acreditamos no benefício que ele trará aos
pacientes tanto na qualidade de vida quanto na prevenção de outras
doenças relacionadas, como infarto e AVC”.
Sobre a apneia obstrutiva do sono
A apneia obstrutiva do sono caracteriza-se pela obstrução da via
aérea na região da faringe. Ocorre durante o sono e ocasiona uma pausa
na respiração com duração superior a 10 segundos.
Cada episódio de pausa respiratória é seguido de um microdespertar,
podendo ser acompanhado de queda na oxigenação, elevação da pressão
arterial e da frequência cardíaca. Inicialmente, leva à sonolência diurna com aumento do risco de acidentes no trânsito e no trabalho.
Vários episódios podem ocorrer durante a noite, sendo considerado
grave o quadro com mais de 30 pausas por hora de sono, elevando o risco
da ocorrência de infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral
(AVC), além de favorecer o desenvolvimento de síndrome metabólica.
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