domingo, 28 de junho de 2015

Ronco: apneia do sono prejudica a saúde do coração

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Para muitas pessoas desinformadas, o ronco pode parecer uma simples característica de alguém, algo banal e que pode ser até engraçado, sem trazer qualquer consequência. Isso pode ser um erro muito grande, colocando em risco a saúde e até mesmo a vida de quem ronca. É possível que o ressonar seja o sintoma de uma doença subjacente muito grave chamada apneia do sono, responsável por prejuízos à saúde, inclusive do coração.
Este distúrbio acontece com muitas pessoas sem que elas saibam, afinal, sua principal característica é a parada respiratória por alguns segundos enquanto se dorme. Para quem passa a noite sozinho, é praticamente impossível que se possa identificar a condição, a não ser por sintomas diurnos como cansaço e sono excessivo. Mas os problemas causados pela apneia do sono vão muito além disso, trazendo inúmeras dificuldades para o corpo e debilitando a saúde do seu portador aos poucos.
Durante a parada respiratória, que podem ser várias durante a noite, o coração é privado de oxigênio, sendo que quando esse ciclo acontece frequentemente é possível haver danos irreversíveis para o órgão vital. Mesmo que o cérebro faça com que a pessoa volte a respirar, a reincidência da falta de respiração afeta negativamente o organismo. Assim, outras condições médicas podem ocorrer como hipertensão arterial, diabetes e até mesmo acidente vascular cerebral (AVC).
Tratar o ronco pode ser uma forma efetiva de controlar a apneia do sono e principalmente em ajudar a identificar que a doença está presente em sua vida. Se você passa grande parte do seu dia cansado, é necessário perceber se esta doença pode ser a causa e se sim, é preciso contatar seu médico imediatamente. Acesse www.comopararderoncar.com e descubra como eliminar o ronco do seu sono e ter mais energia e qualidade de vida em sua rotina!
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Fonte: http://journals.lww.com/heartinsight/Fulltext/2007/08000/How_Sleep_Apnea_Affects_The_Cardiovascular_System.10.aspx

Apneia do sono aumenta no inverno

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De acordo com uma pesquisa desenvolvida pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, a apneia do sono se torna mais grave durante os meses de inverno. Os resultados deste estudo brasileiro foram divulgados neste mês de julho no periódico Chest. Para formular as conclusões, os pesquisadores da UFRGS acompanharam 7.500 pacientes de uma clínica de sono durante dez anos. Ao longo deste período, observou-se que nas temporadas de frio os casos de apneia do sono aumentavam, sendo que 34% das pessoas procuravam a clínica devido ao problema. Por outro lado, a taxa caiu para 28% nos meses de calor.
Os autores do trabalho também realizaram outras análises levando em conta os dados coletados. Eles observaram as dificuldades de respiração dos pacientes durante o sono. Em média, aconteciam 18 paradas respiratórias em uma hora, sendo uma incidência 20% maior do que nos dias de alta temperatura.
Segundo o estudo brasileiro, a apneia do sono se agrava nos dias frios por causa dos problemas nas vias aéreas, que são mais frequentes durante o inverno. Os sintomas do distúrbio também podem ser intensificados por causa das condições meteorológicas, como os níveis de poluição do ar e a pressão atmosférica.
Podemos indicar o especialista em disturbios do sono há mais de 14 anos, Fausto Ito para falar sobre o assunto. Ele é membro da Associação Brasileira do Sono e especialista em anatomia aplicada a cabeça pela USP / SP.

Apnéia do Sono ( SAHOS ) : Causas, Sintomas, Tratamento

O que é Apnéia do sono;

A Apnéia do Sono ou SAHOS (Síndrome da Apnéia/ Hipopnéia do Sono) é caracterizada pela ocorrência de episódios recorrentes de obstrução parcial ou total das vias aéreas durante o sono. A conseqüência destas obstruções é a redução (hipopnéia) ou interrupção completa (apnéia) do fluxo de ar apesar da manutenção do esforço inspiratório.

Figura 1: Imagem demonstrando a obstrução à livre passagem do ar (azul) que ocorre na apnéia do sono.
Passagem de ar na apnéia do sono

Causas

A SAHOS é uma doença multifatorial. Ela pode ser causada pela interação de fatores anatômicos individuais (tamanho das vias aéreas) com outros fatores como hipotonia da musculatura do palato durante o sono.

Sintomas:

O paciente com ronco ou apnéia do sono pode não perceber o problema. Muitos pacientes são conduzidos ao especialista pelo cônjuge ou por pessoas que convivem com ele e percebem o problema.
Alguns sinais e sintomas comuns são:
  • Ronco: respiração ruidosa ou barulhenta durante o sono
  • Sono não reparador ou seja, o paciente já acorda com a sensação de cansaço ou de que não dormiu suficientemente bem despertar noturno freqüente
  • Paradas momentâneas da respiração durante o sono presenciadas pelo cônjuge ou outros familiares
  • Distúrbios cognitivos como: dificuldade de memória, concentração e atenção
  • Irritabilidade
  • Fadiga
  • Nictúria ou seja, o paciente desperta várias vezes durante a noite para urinar sem que haja um problema de ordem urológica
  • Cefaléia matinal, estes pacientes muitas vezes já acordam com dor de cabeça
  • Sonolência Diurna Excessiva: é um sintoma muito importante e freqüente em pacientes com SAHOS.

Conseqüências da SAHOS não tratada

Já está bem documentado na literatura médica que a apnéia do sono pode causar vários problemas à saúde.
Entre os problemas mais bem documentados estão os listados abaixo:
  • Maior risco de acidentes de trânsito e de trabalho : Vários estudos demonstram que o número de acidentes de trânsito em pacientes com SAHOS é 2 à 3 vezes superior em relação à população normal.
  • Acidentes ocorrem com maior freqüência nestes pacientes porque eles tendem a apresentar maior tendência para "cochilos" involuntários durante o dia.
  • Hipertensão Arterial Sistêmica: A SAHOS é um fator de risco independente para o desenvolvimento de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) ou seja, pacientes com SAHOS podem desenvolver HAS mesmo que não tenham outros fatores de risco.
  • Arritmias cardíacas: Arritmias cardíacas que ocorrem exclusivamente durante o sono são comuns nos pacientes com SAHOS. Alterações como bradicardia sinusal, bloqueio atrioventricular, extrassístoles ventriculares isoladas e bigeminadas também foram descritas.
  • Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) e Acidente Vascular Cerebral (AVC) : Alguns estudos apontam para risco aumentados destas doenças em portadores de SAHOS
  • Distúrbios Cognitivos: Portadores de SAHOS podem apresentar prejuízo nas funções cognitivas como dificuldade de memória, dificuldade de concentração e déficit de Atenção.
As alterações acima podem ser reversíveis ou melhorar com o tratamento da SAHOS.

Diagnóstico: A importância da Polissonografia

O padrão-ouro para o diagnóstico da SAHOS é o exame de polissonografia.
A polissonografia vai fornecer informações fundamentais para o diagnóstico correto do problema como:
  • Confirmar ou não a hipótese clínica de SAHOS
  • Indicar a existência ou não de outros problemas associados (por exemplo, presença de apnéia central ou outros distúrbios)
  • Avaliar o índice de apnéia e hipopnéia (quantidade de ocorrências por hora)
  • Avaliar a dessaturação da oxi-hemoglobima (o quanto o oxigênio reduz no sangue durante as apnéias
  • Avaliar a presença e frequencia dos microdespertares (quantas vezes o paciente acorda durante a noite, muitas vezes sem perceber)
  • Avaliar as porcentagens dps estágios do sono
  • Avaliar o eletrocardiograma durante o sono
  • Avaliar o ronco (frequencia e intensidade)
  • Avaliar a posição corporal onde os episodios são mais frequentes

Tratamento

O tratamento da SAHOS deve ser planejado de acordo com as necessidades individuais de cada paciente e de acordo com o grau de apnéia.
Em geral, o tratamento da SAHOS envolve a adoção de medidas clínicas simples aliadas ao uso de dispositivos ou aparelhos que visam facilitar o fluxo do ar pela via aérea como os aparelhos intra-orais e os aparelhos de pressão positiva para via aérea superior (CPAP e BIPAP).
Medidas clínicas:
  • Suspender o consumo de álcool e cigarro e o uso de drogas como benzodiazepínicos, barbitúricos e narcóticos (sempre sob orientação médica). Entre outros fatores, estas substâncias relaxam a musculatura do palato e pioram a apnéia
  • Evitar dormir na posição em que a apnéia aparece ou piora (geralmente a pior posição é a de decúbito dorsal ou seja, de barriga para cima)
  • Emagrecer: Alguns estudos demonstraram que a perda de peso pode melhorar os índices de apnéia e hipopnéia.
  • Exercícios de fisioterapia para fortalecimento da musculatura da garganta
Se existirem problemas otorrinolaringológicos que possam estar colaborando com a piora da apnéia como hipertrofia das conchas nasais, desvios septais, alergias (rinites), deformidades, pólipos, tumores, hipertrofia adenoamigdaliana, deverão ser tratados.
Aparelho Intraoral:
Na apnéia do sono de grau leve ou no ronco, o tratamento pode ser feito com o uso de aparelhos intra-orais.
Estes aparelhos são usados apenas durante o sono e são construídos de modo a posicionar a mandíbula mais para a frente, possibilitando que a passagem do ar na garganta fique desobstruída.
As principais limitações para o uso do aparelho intraoral são:
  • a- Pessoas que têm poucos dentes, usam próteses dentárias extensas e problemas periodontais severos e sem controle. Estas pessoas têm grande dificuldade de reter o aparelho na boca.
  • b- Quando o paciente tem distúrbio da ATM (articulação têmporo-mandibular) grave, com dor ou estalos no local, o uso do aparelho pode levar a uma piora da disfunção.
  • c- Pessoas muito obesas ou com apnéia grave. Nestes casos apenas o uso do aparelho intra-oral não resolve, os resultados são melhores com o uso de outro tipo de aparelho, o CPAP, do qual falaremos logo abaixo.
  • d- Apnéia central
Se houver indicação de uso de aparelho intraoral, deve ser feita uma avaliação com dentista onde são verificados as condições da arcada dentária, tipo de mordida, etc.

Aparelhos de pressão positiva para via aérea superior (CPAP e BIPAP)

Na apnéia do sono de grau moderado ou severo, o mais recomendado é o tratamento com outro tipo de aparelho, denominado de CPAP.
O CPAP é um pequeno aparelho que vem conectado com um tubo flexível, que, por sua vez, conecta-se a um máscara nasal ou nasobucal que é ajustada à face por meio de tiras elásticas.
Este aparelho gera um fluxo de ar contínuo, aplicando uma pressão positiva sobre os tecidos da garganta, não permitindo que eles desabem e portanto, permitindo que o ar passe livremente pela faringe.
Na expiração, o gás carbônico exalado é drenado por meio de aberturas presentes na máscara.
Em cada paciente é necessário determinar individualmente o nível de pressão mais adequado para resolver a apnéia do sono. Para saber o nível de pressão adequado é necessário submeter-se a uma polissonografia para titulação pressórica de CPAP.
O nível pressórico do CPAP varia de 4 a 20 cm H20. Sempre consideramos o mínimo necessário para abolir roncos, apnéia, hipopnéias e dessaturações da oxi-hemoglobina, assim como os microdespertares.
Existe o CPAP, denominado automático ou "inteligente" que teoricamente conseguiria regular a pressão automática e instantaneamente durante a noite.
Neste aparelho (mais caro que o CPAP regulado manualmente) existem sensores que reconhecem os fenômenos respiratórios (quando há apnéia e hipopnéia) e os corrigem. Consideramos que mesmo pacientes que adquirem este tipo mais sofisticado de CPAP deveriam se submeter pelo menos a uma titulação pressória feita no laboratório de sono, para evitar problemas de ajuste pressorico.
Alguns pacientes como os portadores de doenças neuromusculares, obesidade mórbida e doenças pulmonares como DPOC podem precisar de um outro tipo de aparelho chamado BiPAP.
O BIPAP fornece pressões diferenciadas, podendo a pressão inspiratória ser regulada independentemente da expiratória.
Pressão inspiratória é maior que a pressão expiratória, proporcionando um conforto maior para aqueles pacientes que necessitam de uma pressão mais elevada.

domingo, 21 de junho de 2015

10 dicas para afastar as doenças de inverno

Atitudes simples e facilmente adequadas ao seu dia a dia podem prevenir os desconfortos típicos da estação
Por Denise Mello

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O clima seco e mudanças bruscas de temperatura colaboram para que enfermidades como gripes, resfriados, amidalite e dor de ouvido se espalhem rapidamente. Porém, para algumas pessoas, além desses vilões, é preciso enfrentar outras manifestações que se agravam durante o inverno. É o caso da asma, pneumonia, bronquite, rinite e sinusite.
Segundo o médico pneumologista Mauro Gomes, a hipersensibilidade do organismo a algumas substâncias desencadeia reações alérgicas como, por exemplo, os intermináveis espirros e coceira na região nasal. A poeira, ácaros, fungos, pelos de animais, além da fumaça de cigarro são alguns dos agentes irritantes mais comuns.
A fim de evitar esses incômodos sintomas o especialista deixa 10 dicas que podem ajudá-lo a conviver melhor com o frio e os problemas respiratórios:
1 - Mantenha as roupas de cama limpas especialmente os cobertores que costumam ser morada de ácaros;
2 - Retire o pó da mobília e limpe o chão com pano úmido, evitando o levantamento de poeira;
3 - Aproveite os dias de ensolarados para arejar a casa. O sol e o ar evitam que vírus e bactérias se proliferem;
4 - Evite o contato com a fumaça do cigarro;
5 - Use soro fisiológico nas regiões dos olhos e narinas, ele lubrifica a mucosa e evita irritação; 
6 - Evite aglomerações de pessoas em lugares fechados e pouco arejados;
7 - Lave as mãos constantemente para evitar que vírus e bactérias se alojem nessa região;
8 - Beba muito líquido, mas evite as bebidas alcoólicas. Água e sucos são importantes para controlar a circulação sanguínea, composição das células, músculos e respiração;
9 - Não use carpetes e cortinas no quarto de pessoas alérgicas, pois eles favorecem o aparecimento de ácaros;
10 - O meio mais efetivo para evitar as doenças do inverno são as vacinas. A antigripal confere imunidade por cerca de um ano e a vacina contra pneumonia pode proteger por cinco anos. No caso dos idosos, a vacina antigripal é recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e distribuída gratuitamente pelo governo federal.
Consultoria: Mauro Gomes, médico pneumologista e coordenador do ambulatório de DPOC da disciplina de Pneumologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), especialista em Pneumologia pela Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e professor instrutor de ensino da disciplina de Pneumologia da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

Doenças Respiratórias: o mal do inverno

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O inverno chega oficialmente em 21 de junho.  Nessa mesma data é comemorado o Dia Nacional da Prevenção à Asma. No frio, a baixa umidade do ar, as mudanças bruscas de temperatura e o aumento da poluição do ar são os principais motivos de preocupação, especialmente para quem já tem doenças respiratórias crônicas. A época também provoca queda da imunidade das pessoas, tornando-as mais predispostas a desenvolver a asma. A doença atinge aproximadamente 16 milhões de brasileiros, com índice de mortalidade que chega a 3 mil pessoas por ano, segundo a Organização Mundial da Saúde. Para entender melhor sobre as doenças respiratórias e como evitá-las, confira a entrevista com o médico pneumologista da Secretaria de Estado da Saúde, Roberto Hess de Souza.

Quais são as doenças respiratórias mais freqüentes no inverno?
Rinite alérgica, asma, sinusite, bronquite crônica e enfisema.

Por que no inverno?
Nessa estação do ano há fatores que estimulam a ocorrência das doenças respiratórias como baixa umidade, resfriamento do ar, o contato com ácaros de roupas guardadas. Ambientes fechados e ventilação reduzida facilitam a transmissão dos agentes como o vírus, que fica suspenso no ar até 24 horas, e os bacilos até 48 horas. Se o ambiente for úmido favorece a proliferação do fungo.

Quais são as doenças respiratórias mais freqüentes no inverno?
Rinite alérgica, asma, sinusite, bronquite crônica e enfisema.

Qual a causa dessas doenças?
Os responsáveis pelas infecções respiratórias agudas são os vírus (mais de 90% dos casos) e as bactérias. As reações alérgicas (rinite, por exemplo) são causadas, em sua grande maioria, pelos ácaros – microorganismos encontrados na poeira. A asma, doença genética, não tem cura, mas sim controle.

Qual a diferença entre gripe e resfriado?
A gripe é causada pelo vírus da influenza. Caracteriza-se por um quadro de infecção mais intenso. Pode apresentar febre alta, dores no corpo, dor de cabeça e calafrios. Os sintomas de coriza, tosse e faringite podem ficar em segundo plano frente às manifestações sistêmicas mais intensas. Febre, diarréia, vômitos e dor abdominal são comuns em crianças mais jovens. Uma gripe mal curada pode resultar em sinusite ou pneumonia.
 O resfriado tem os mesmos sintomas, mas aparecem de uma forma mais branda.

Qual a eficácia e a importância da vacina contra a gripe?
A vacina é eficaz e efetiva. Só para se ter uma idéia, no ano de 2009, em Santa Catarina, 149 pessoas morreram com o vírus H1N1. Destas, 31 eram grávidas. Em 2010, depois da realização da campanha da vacina contra a gripe, morreram duas pessoas, uma delas, um jovem de 18 anos que se recusou a tomar a vacina. Em 2011, até o momento, não tivemos registro de morte em função da gripe. Com a campanha tivemos uma diminuição em torno de 35% em relação às doenças respiratórias.
A vacinação deve ser obrigatória em pacientes com asma, doenças cardiopulmonares crônicas, doenças renais, doenças que necessitam de uso contínuo de aspirina ou imunodeficiência.

Quem recebeu a vacina pode ter gripe?
A vacina da gripe objetiva imunizar contra a infecção de um determinado tipo de vírus, o Influenza, infecção das vias aéreas superiores com maior repercussão clínica. No entanto, existem vários sorotipos. Só a gripe tem três tipos. Por isso, todos os anos a Organização |Mundial de Saúde descobre o vírus que está circulando e elabora a vacina para proteger a população.

Qual a população mais atingida?
Geralmente idosos e crianças. Na Terceira Idade apresenta-se a imunidade mais baixa, diabetes, doenças cardíacas, enfisema e bronquites crônicas.
As crianças são mais suscetíveis devido ao convívio em creches, onde uma contamina a outra, além do ambiente fechado.
 Dicas para prevenir doenças respiratórias
•     Sempre deixar o ambiente ventilado
•     Lavar as mãos freqüentemente durante todo o dia
•     Beber bastante água, mesmo sem sentir sede
•     Etiqueta da tosse (tossir no punho e no dorso)
•     Evitar o contato de crianças sadias com pessoas com infecção respiratória;
•     Evitar o acúmulo de poeira em casa;
•     Lavar e secar ao sol mantas, cobertores e blusas de lã guardadas por muito tempo

domingo, 14 de junho de 2015

Privação do sono

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Controlar o ritmo das horas é uma das maravilhas da função cerebral. Sinais que partem do tecido cerebral controlam o ritmo diário das reações metabólicas essenciais para o funcionamento harmonioso do organismo. Os neurônios responsáveis pelo controle do ritmo das reações fisiológicas fundamentais estão concentrados numa região do cérebro conhecida como núcleo supra-quiasmático.
Estudos conduzidos em ratos mostram que o ritmo básico gerado nessa área do sistema nervoso é mantido silenciosamente em ciclos de 24 horas, pela alternância de luz e escuro que o animal experimenta durante o dia e a noite. Do ponto de vista evolucionista, esse mecanismo é arcaico pode ser encontrado mesmo nas bactérias. No entanto, as vicissitudes da vida moderna podem subverter essa ordenação de funcionamento que a evolução preservou durante bilhões de anos.

Importância das horas de sono
Dormir oito horas por noite é um luxo de poucos nas grandes cidades. O telefone que toca sem cerimônia até altas horas, o filme na TV, as crianças acordadas até tarde, os programas noturnos, o trabalho que levamos para terminar em casa e os compromissos logo cedo, colaboram para que o intervalo de tempo reservado para o sono seja cada vez mais curto no mundo moderno.
Trabalhos experimentais demonstram que o sono nos mamíferos é essencial para o combate eficaz às infecções, para que o cérebro processe informações, armazene memórias e elabore estratégias essenciais à sobrevivência da espécie.
As pessoas que não dormem o suficiente sentem falta de energia para as tarefas diárias, ficam deprimidas ou irritadiças, queixam-se de dificuldade de concentração, apresentam maior frequência de doenças infecciosas, acidentes automobilísticos e envelhecem mais rapidamente.
Há evidências consistentes de que a privação de sono também aumente o risco de diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e obesidade. Por outro lado, os adultos que dormem mais do que sete a oito horas por dia, enfrentam problemas semelhantes aos que dormem menos do que o necessário.
O número de horas de sono ideal para reparar as energias gastas em vigília costuma ser em média de seis a oito horas por dia. Enquanto para alguns cinco horas por noite são suficientes para enfrentar as tarefas diárias, outros passam o dia cansados se não dormirem nove ou dez. Como regra, os mais velhos necessitam de menos horas de sono do que as crianças e os adolescentes.
A verdade é que os especialistas não conseguem entrar em acordo sobre quantas horas cada organismo precisa para repousar adequadamente. A maioria, entretanto, concorda com as três regras seguintes:
1) Dormir o suficiente para passar o dia inteiro sem sentir sono;
2) Dormir até acordar sem necessidade de despertador;
3) Dormir o número médio de horas que costumamos dormir depois de alguns dias de férias (levar em conta que nos primeiros dias sem compromissos podemos dormir mais do que o necessário).

Sugestões para bem dormir
A tabela abaixo reúne as sugestões clássicas para uma noite bem dormida:
1) Evite cafeína, nicotina e álcool nas últimas horas do dia;
2) Não faça refeições exageradas antes de deitar;
3) Procure deitar no mesmo horário, mesmo nos finais de semana;
4) Procure fazer exercícios físicos durante o dia, mas evite fazê-los à noite;
5) Mantenha o quarto arejado e numa temperatura agradável;
6) Use a cama apenas para dormir e fazer sexo;
7) Faça exercícios de relaxamento ou tome banho quente antes de deitar;
8) Só use pílulas para dormir em caso de absoluta necessidade e sob orientação médica;
9) Evite dormir durante o dia. Se for muito necessário, faça-o por períodos de no máximo uma hora, antes das três da tarde;
10) Se estiver deitado por mais de trinta minutos sem conseguir pegar no sono, saia da cama e vá ler um livro sob a luz de um abajur em outro cômodo;
11) Não assista à TV no quarto de dormir.
Se as sugestões acima forem inúteis, procure um especialista em sono. Há distúrbios como a apneia do sono que exigem orientação médica, tratamento clínico, aparelhos para auxiliar a respiração e até cirurgia.

Distúrbios do sono

Maurício Bagnato é médico, ex-presidente e atual secretário da Sociedade Paulista de Medicina do Sono e trabalha no Laboratório do Sono do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto do Sono da UNIFESP, a Escola Paulista de Medicina.

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Você dorme bem? É daqueles que basta encostar a cabeça no travesseiro para pegar no sono, ou briga com ele antes de dormir? Ou ainda, o que é pior, deita e dorme maravilhosamente bem, mas duas ou três horas depois acorda e é aquele inferno: rola na cama e não consegue pegar no sono outra vez.
Embora insônia seja a queixa mais frequente dos portadores de distúrbios do sono, num primeiro momento o ronco e a apneia costumam ser notados mais pelo parceiro que divide o mesmo quarto do que pelo paciente. No entanto, grandes roncadores e apneicos podem desenvolver alguns problemas de saúde que requerem atenção e tratamento especializado.

DISTÚRBIOS DO SONO: INSÔNIA, RONCO E APNEIA
Drauzio – Do que se queixam as pessoas que têm distúrbios do sono?
Mauricio Bagnato – Insônia é a queixa mais frequente dos portadores de distúrbios do sono. Estatísticas demonstram que de 30% a 40% dos indivíduos, em alguma fase da vida, sofrerão de insônia, ou seja, experimentarão dificuldade para pegar no sono ou para voltar a dormir se acordarem no meio da madrugada.
A segunda maior queixa, a mais enfatizada pelas pesquisas, refere-se aos distúrbios respiratórios do sono especialmente ao ronco e, pesquisando-se mais a fundo, à apneia que dele decorre.

Drauzio – O que é apneia?
Mauricio Bagnato – Apneia é uma parada momentânea da respiração. É muito comum quem dorme ao lado de alguém que ronca muito relatar o fato de a pessoa, de repente, parar de respirar e acordar num sobressalto. Esse susto é a resposta do sistema nervoso central diante da falta de oxigenação do cérebro, que tenta defender o organismo dessa hipoxemia.
Nem todas as pessoas que roncam têm apneia. Existe uma síndrome intermediária que distingue a pessoa que ronca muito daquelas que, além de roncarem muito, fazem pausas respiratórias (apneias). No entanto, segundo indicam estatísticas americanas, a apneia ocorre mais frequentemente nas pessoas obesas que roncam. No Brasil, não há estudos sistemáticos a respeito do assunto. Considerando-se, porém, os dados colhidos nos Estados Unidos, parece não haver discordância de que a obesidade seja um fator de risco para a fragmentação do sono provocada pelo ronco intenso que pode evoluir para apneia.
PRINCIPAIS CAUSAS DA APNEIA
Drauzio – A ausência de respiração, melhor dizendo, a apneia do sono está sempre associada ao ronco?
Mauricio Bagnato – Geralmente, os grandes roncadores tendem a desenvolver apneia. Nem sempre, porém, isso só acontece com as pessoas obesas. Às vezes, característica anatômicas da mandíbula e do queixo podem determinar a apneia. O músculo que se localiza na parte posterior do queixo fica preso na língua. Queixos recuados puxam a base da língua para trás, o que dificulta a passagem do ar e pode causar apneia. Agora, se além de portadora dessa desarmonia craniofacial a pessoa for obesa, o risco de desenvolver apneia aumenta bastante. Mesmo assim, hoje é raro indicar cirurgia para corrigir a posição da mandíbula ou da maxila.
A apneia pode ser provocada também pela redução do calibre da faringe, quando a pessoa é obrigada a respirar pela boca, porque o nariz entope muito à noite, ou quando a faringe relaxa mais sob a ação da bebida alcoólica ingerida depois do entardecer.
É importante citar, ainda, outros fatores de risco para a manifestação da apneia, entre eles, o hipotireoidismo, certos hormônios e o refluxo gastroesofágico.

RISCOS ASSOCIADOS À APNEIA
Drauzio – A que riscos estão expostos os apneicos?
Mauricio Bagnato – Não é só o cérebro que se ressente com a falta de oxigenação. Todas as células do organismo sofrem o efeito nocivo da hipoxemia. Não seria exagero afirmar que corpo inteiro se ressente e envelhece mais depressa.
A médio prazo, porém, as implicações cardíacas representam preocupação maior. O coração é um grande consumidor de oxigênio. Se a oferta diminui, ele padece. Muitos apneicos morrem de arritmia, infarto ou acidentes vasculares cerebrais. Além disso, certas doenças que só se manifestariam na velhice, como o mal de Parkinson, por exemplo, aparecem precocemente nos apneicos.
Embora os resultados ainda não sejam conclusivos, pesquisas indicam  serem cumulativos os efeitos das noites mal dormidas e da apneia. Trabalho de campo que realizamos em São Paulo, com mil pacientes oriundos de todas as camadas sociais e regiões da cidade, revelou um fato intrigante: o número de  grandes roncadores e apneicos baixa sensivelmente na  velhice. É claro que, com a idade, a pessoa tende a ter um pouco de apneia, mas o roncador idoso desapareceu. Não dispomos de elementos, ainda, para saber se esses pacientes melhoram com o passar dos anos, ou se morrem mais cedo. Todavia, alguns estudos iniciados na Itália, há mais de 30 anos, fazem crer que o roncador, mesmo sem ser obeso nem apresentar apneia, tende a tornar-se hipertenso e a morrer mais moço.

SINAIS DE ALERTA
Drauzio – Diante dessa nova visão, o ronco passou a ser encarado como um problema sério na vida de muitas pessoas?
Mauricio Bagnato – Atualmente, sono e ronco são vistos sob ótica científica e merecem atenção especial as pessoas em que a apneia é menos evidente, não chegando sequer a ser notada pela família.
 A faringe de todos os seres humanos relaxa um pouquinho durante o sono. O pescoço mais grosso dos homens e a falta da proteção hormonal sobre o tônus muscular com que contam as mulheres antes da menopausa, acentuam essa flacidez. Por isso, enquanto moços, os homens roncam mais. Depois da menopausa, essa vantagem feminina quase desaparece. O estudo feito em São Paulo demonstrou que, até os 40 anos, ronco e apneia são queixas típicas dos homens. Depois dessa idade, o problema atinge os dois sexos quase na mesma proporção.
Drauzio – Quando as pessoas que roncam devem procurar o médico para avaliação e tratamento?
Mauricio Bagnato – Certas posições, como dormir de barriga para cima, favorecem o ressonar. O ronco, porém, é resultado da resistência das vias aéreas à passagem do ar. Nesse caso, é necessário fazer muita força para respirar à noite durante o sono. Sem mencionar os efeitos deletérios da apneia, o excesso de esforço faz com que o sono seja mais superficial e fragmentado. Por isso, no dia seguinte, as pessoas estão sonolentas, irritadas, pouco produtivas, com a memória comprometida e a área cognitiva afetada. Ressonar, portanto, todos ressonamos em algum momento e não há motivo para  preocupações. No entanto, havendo queixa de ronco forte, é indispensável pesquisar as causas para afastar os riscos a que estão expostos esses pacientes.

POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO
Drauzio – Qual o tratamento indicado para tirar o paciente do grupo de risco?
Mauricio Bagnato – Se o problema tiver como causa a obesidade, o ideal é a pessoa emagrecer. É fácil falar “você tem de emagrecer”, virar as costas e fim-de-papo. Não raro essa pessoa precisa da orientação de um endocrinologista para conseguir perder peso.
Felizmente, existem alguns tratamentos paliativos para o ronco e a apneia que podem trazer resultados satisfatórios. Podemos ensinar, por exemplo, o paciente a dormir de lado. Como? Geralmente, mandamos costurar, na parte de trás de uma camiseta, um bolso em que caiba uma bolinha de tênis ou de isopor, alguma coisa que incomode e não machuque, mas ajude a adquirir o hábito de dormir de lado.  Podemos, também, indicar uma pequena máscara nasal cuja função é manter a faringe mais aberta para o ar fluir melhor. Restabelecida a oxigenação normal, o sono volta a ficar profundo e sem fragmentação e, consequentemente, a pessoa passa a descansar melhor.

Drauzio – Que tamanho têm essas máscaras?
Mauricio Bagnato – As máscaras nasais estão cada vez menores e mais silenciosas. Atualmente são pequenas, com um caninho na parte superior ligado a um aparelho que gera pressão positiva. Embora a proposta seja usar as máscaras por tempo determinado, apenas enquanto o paciente emagrece, muitos se sentem tão bem que relutam em abandoná-las, uma vez que dormir melhor à noite garantiu-lhes mais  disposição e melhor qualidade de vida.
 MUDANÇAS NA DINÂMICA DE VIDA
Drauzio – O homem moderno está mais sujeito aos distúrbios do sono que seus antepassados?
Mauricio Bagnato – O ser humano não foi concebido para ser obeso, ter mandíbula pequena e viver em locais poluídos. Atualmente, nosso corpo está arcando com as consequências de uma civilização, dita moderna, que valorizou comportamentos prejudiciais ao próprio homem. Os índios, por exemplo, em seu habitat natural, com pouco ou nenhum contato com os brancos, mamam mais tempo nas mães, têm adenoides e amídalas menores, não são obesos, roncam menos, apresentam menos problemas alérgicos e não se queixam de distúrbios do sono.
Já os habitantes de cidades poluídas, como São Paulo, demonstram maior predisposição a alergias, rinites e entupimento do nariz. Pode-se supor até que, se as crianças das cidades fossem amamentadas mais tempo pelas mães, o desenvolvimento da maxila, da mandíbula e da musculatura da região seria mais equilibrado e harmônico, o que teoricamente reduziria as condições de crescimento anormal das adenoides, das amídalas e da arcada superior.
Mais magros, menos expostos a alergias, amamentados pelas mães, respirando ar puro, os homens estariam menos sujeitos aos distúrbios do sono. Quando digo que certas conquistas modernas trouxeram desvantagens, cito o exemplo da energia elétrica que alterou nosso ritmo biológico. Antes dela, acompanhávamos os ciclos geofísicos de claro e escuro. A escuridão noturna era sinônimo de recolhimento, descanso e sono. A eletricidade, porém, tornou possível prolongar a luz do dia e encurtar as noites. Ficamos acordados até tarde absorvidos pelas mais diversas atividades. O resultado é que dormimos pouco e fora de hora.

ORIENTAÇÕES PARA DORMIR BEM

Drauzio – Que conselho você dá às pessoas que se deitam e dormem, mas acordam no meio da madrugada e não conseguem dormir novamente?
Mauricio Bagnato – Todos conhecemos pessoas que só dormem sob efeito de medicação e, assim mesmo, não têm um sono repousante, porque criam tolerância aos remédios. Migram de médico em médico em busca de alívio, mas pouco conseguem.
Em vista disso, nos últimos congressos, destacou-se a importância de lidar com a parte comportamental da insônia. A tendência atual é recorrer a acompanhamentos psicológicos, pois há pessoas que dormem mal, porque são ansiosas ou depressivas. Então, basta colocarem a cabeça sobre o travesseiro, para começarem a remoer os problemas para os quais não vislumbraram solução durante o dia. Com isso, sua estrutura do sono ficou danificada e a qualidade de vida, comprometida.
Além dessa possibilidade de tratamento, existem alguns hábitos que, se desenvolvidos, podem ajudar a dormir melhor.
Primeiro: a cama foi feita para dormir e para a relação sexual, que é relaxante, sem dúvida. Muita gente, no entanto, come na cama e assiste à televisão deitado. Há quem defenda, até, que ver tevê ajuda a dormir. Não ajuda. Você pode cochilar, mas não adormece profundamente. Vez ou outra desperta e procura recompor as cenas perdidas. Quando quiser assistir a um programa na tevê, fique na sala. Se o sono chegar, vá para o quarto, apague a luz, deite e durma.
Segundo: exercícios físicos vigorosos são estimulantes. Portanto, é contraindicado praticá-los à noite.
Terceiro: refeições próximas à hora de deitar podem provocar refluxos gastroesofágicos que atrapalham o sono. Procure evitá-las antes de ir para cama.

Drauzio – Café e refrigerantes também são contraindicados?
Mauricio Bagnato – Não só o café e os refrigerantes, principalmente as colas, mas o chá preto e o chá mate, que contêm cafeína também prejudicam o sono. Para se ter uma ideia, o tempo médio de permanência da cafeína no sangue é de oito horas. Brasileiro está acostumado a tomar café o dia todo. Consequentemente, os cafezinhos do fim da tarde e do começo noite deixarão resíduos no organismo que podem atrapalhar o sono na madrugada.

Drauzio – Tem gente que garante que o café não exerce efeito nenhum sobre a necessidade de sono. Como você explica isso?
Mauricio Bagnato – A sensibilidade muda muito de indivíduo para indivíduo. Nada garante, porém, que não haja prejuízos. Se não tivesse tomado café, provavelmente o sono seria mais profundo, mais consolidado, teoricamente com menos fragmentação. O mesmo ocorre com o álcool. Quantas pessoas afirmam que um drinque ajuda a induzir o sono. Apesar de alguns cientistas defenderem essa hipótese, na verdade, o álcool quebra a arquitetura normal do sono.
Recapitulando: evitar café, álcool e exercícios físicos puxados à noite e ir para a cama apenas na hora de dormir são pequenas dicas que somadas podem produzir efeitos razoáveis, desde que a pessoa não apresente problemas que exijam tratamento específico. É o caso, por exemplo, do paciente que, mal adormece, começa a roncar tão alto que desperta com o ruído do próprio ronco ou com  o esforço que faz para o ar vencer a resistência imposta pela faringe.

REFLEXOS CONJUGAIS

Drauzio – Como reage quem dorme ao lado de uma pessoa que ronca?
Mauricio Bagnato – Muita gente se gaba de conseguir dormir apesar do barulho, da claridade, ou do companheiro de cama que ronca. Se analisarmos, porém, a microestrutura do sono dessas pessoas, veremos que está alterada. É comum o marido ser roncador e a mulher insone, ou vice-versa. Brinco com esses pacientes que vou tratar dos dois pelo preço de um. No fundo, isso é verdade porque os distúrbios do sono, muitas vezes, são responsáveis pelos desencontros conjugais. O apneico pode ter uma falta de oxigenação tão importante que perde o interesse sexual. No dia seguinte, mais irritado porque dormiu mal, não consegue administrar o cotidiano, perde o emprego, fica doente. O parceiro, obrigado a transferir-se para outro quarto na esperança de uma noite de sono tranquilo, também fica insatisfeito e impaciente. É uma complexidade comportamental que deteriora o convívio. Já presenciei muitos casais esfacelados que se reestruturam quando o doente foi tratado.

Drauzio – Até pouco tempo, os barbitúricos representavam o tratamento indicado para os distúrbios do sono. O que pensam os especialistas sobre o assunto no momento?
Mauricio Bagnato – Tanto as drogas mais antigas, como os diazepínicos das décadas de 1950/ 1960, quanto as mais modernas causam dependência e tolerância. Portanto, o ideal é usá-las por um período curto. Atualmente, a conduta indicada pressupõe medidas comportamentais. O biofeedback, por exemplo, é uma técnica de relaxamento que parece ser promissora para o tratamento da insônia sem medicamentos.
No idoso que se queixa de insônia, é importante avaliar os níveis de melatonina, um hormônio cuja produção diminui com a idade. Ele pode estar dormindo menos, porque houve redução nos níveis desse hormônio em seu organismo. Nesse caso, é possível repô-lo em pequenas doses sob absoluto controle médico, ao contrário do que acontecia há três anos, quando era usado indiscriminadamente.
Sua indicação também é pertinente para regular o horário do sono, isto é, para adiantar ou atrasar a fase de sono. Imaginemos um paciente que durma muito tarde. Pode-se tentar antecipar sua hora de dormir com melatonina ou com exposição à luz visto que nosso ciclo geofísico muda conforme a latitude. Na Finlândia, como se sabe, o foto-período é menor; no Equador, é maior, o dia é mais longo. Isso pode interferir no sono e provocar depressão em algumas pessoas. Nessas situações, a melatonina pode ser um recurso útil para acertar o relógio biológico das pessoas.

MOVIMENTO PERIÓDICO DO MEMBRO INFERIOR (PLM)
Drauzio – Há diagnóstico específico para as pessoas que mexem as pernas enquanto dormem, como se estivessem chutando um alvo imaginário?
Mauricio Bagnato – Em geral, essas pessoas são portadoras de uma doença pouco diagnosticada, mas muito mais frequente do que se imagina. Seu principal sintoma é o movimento involuntário dos membros inferiores. Os primeiros a percebê-lo, em geral, são os que dormem ao lado do paciente. “Meu marido mexe a perna a noite inteira, ciclicamente. Ele encolhe a perna, estica, volta a encolher”, observava uma mulher, outro dia, no consultório. Na verdade, cada um desses movimentos de perna pode estar atrelado a um microdespertar e, numa única noite, podem ocorrer até 800 deles. No dia seguinte, embora digam ter dormido bem, essas pessoas estão sonolentas, sem disposição, pois é impossível não sentir os efeitos de tantos microdespertares. Quando a doença está num estágio mais avançado, os sintomas aparecem também durante o dia. A pessoa está sentada, conversando, e as pernas estão inquietas, encolhendo e esticando, esticando e encolhendo.

Cinco dicas para ter uma boa noite de sono

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Todos querem ter uma boa noite de sono e acordar relaxado no dia seguinte, mas para os brasileiros dormir bem é um privilégio. Segundo dados do Instituto do Sono, 63% da população adulta do País têm alguma queixa relacionada ao sono. Em São Paulo, 25% da população apresenta dificuldades para dormir, 27% acorda precocemente e 36% têm dificuldade de manter o sono.

As causas mais importantes de dificuldade para conciliar o sono estão relacionadas com o estresse provocado pelo dia a dia agitado e com a produção inadequada de serotonina, neurotransmissor que regula o ritmo do sono.
Apesar de existirem medicamentos que ajudam a dormir, a automedicação deve ser evitada. O ideal é adotar algumas medidas para ter um sono mais saudável, o que é possível com simples mudanças no estilo de vida. O pneumologista dr. Carlos Carvalho, do HCor (Hospital do Coração) de São Paulo, dá cinco dicas para se ter uma boa noite de sono:
1) Pelo menos quatro horas antes de ir dormir, evite ingerir álcool e bebidas e alimentos com cafeína, como café, chás e chocolates. A cafeína tem efeito estimulante e acaba atrapalhando o sono. Já as bebidas alcoólicas irritam o estômago, o que pode causar desconforto gástrico durante a noite, sem contar que aumentam a diurese, provocando despertares durante a noite para urinar.
2) Procure ir para a cama sempre no mesmo horário. O metabolismo demora alguns dias para se acostumar com oscilações no horário do sono, por isso tente manter uma rotina todos os dias, inclusive nos fins de semana.
3) Durante a noite, geralmente na fase mais profunda do sono, a temperatura do corpo diminui, por isso o clima dentro do ambiente deve estar agradável. Temperaturas acima de 26 e abaixo de 18 graus Celsius não são confortáveis para o corpo, e o frio ou calor excessivos acabam fazendo com que se acorde no meio da madrugada.
4) Procure se alimentar três horas antes de deitar para que a digestão seja feita completamente antes de dormir. Coma alimentos mais leves e fáceis de ser digeridos, pois durante o sono o metabolismo desacelera. Alimentos de difícil absorção fazem o fluxo sanguíneo no estômago aumentar, enquanto o resto do corpo está mais relaxado, podendo causar refluxo.
5) Se não conseguir pegar no sono em 30 minutos, não fique deitado na cama, pois isso acaba estressando ainda mais. Levante-se e procure realizar uma atividade relaxante, como ouvir música suave ou ler, para ajudar a dormir.

domingo, 7 de junho de 2015

13 respostas para ficar livre do RONCO

 Se você ronca ou conhece alguém que não deixa ninguém dormir direito por causa do barulho, procure um especialista. O sintoma precisa ser tratado, pois pode desencadear um grave problema de saúde

Fabio Mangabeira 

Ninguém se preocupa com o ronco como deveria. Todos os especialistas ouvidos pela VivaSaúde são categóricos ao afirmar que o ronco é banalizado pela população. Claro, o ruído incomoda quem vive com o roncador e, às vezes, até acorda a pessoa que tem, mas as pessoas não encaram esse transtorno como uma doença. Se antigamente o ronco era sinal de sono profundo, agora ganhou status de alerta. Pode até parecer exagero, mas não é. Como você vai ver nas próximas páginas, o ronco poder ser sinal de um problema mais grave, como a apneia do sono, causar problemas de formação da mandíbula e até provocar distúrbios do sono no companheiro da pessoa que tem o problema.
Os médicos estimam que pelo menos 50% da população brasileira ronque eventualmente, e 20% tornam-se roncadores habituais após os 40 anos de idade. Muitos especialistas dizem que é um problema de saúde pública. “Não é uma doença nova e não é encarada com a seriedade necessária. Ela se mantém por muito tempo e, quando não tratada, leva a outras doenças piores. Toda pessoa que ronca precisa se consultar com um médico”, afirma José Antonio Pinto, otorrinolaringologista do departamento de Medicina do Sono da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia e chefe dessa área no Hospital São Camilo (SP). Se você conhece alguém nessas condições ou se é você quem ronca, não perca mais tempo, marque uma consulta já. Aproveite para saber o que o ronco pode provocar e como se livrar dele, pelo bem da sua saúde e da do seu companheiro também.

1 Por que algumas pessoas roncam?
É um sinal de que existe uma dificuldade na passagem do ar pelas vias aéreas. Os motivos são vários, como flacidez na musculatura do nariz à garganta, malformação congênita (como queixo para trás), idade avançada (é mais comum a partir dos 40 anos), desvio do septo nasal, rinites, hipotireoidismo (aumenta o volume da língua e, assim, reduz o espaço da passagem do ar), etc. Acontece mais durante a inspiração do que na expiração. Quando há obstrução, os músculos da região torácica relaxam, e aí abrimos a boca para respirar. Ali o ar tem muita dificuldade para passar - ele tem pela frente a língua, a úvula e as amídalas. E aí há vibração e... o ronco. O grau de estreitamento da passagem do ar influencia a musculatura da região. Quanto mais flácida, mais alto pode ficar.

2 Pode causar problemas de sono?
Em geral, quem ronca regularmente não tem um bom sono. A pessoa sofre de mau humor matinal, sente cansaço o dia todo e aquela tremenda vontade de descansar. Pode afetar também o rendimento no trabalho. Você já não ouviu falar de alguém que parece estar sempre esgotado? Essa pessoa pode sofrer com o problema. Se você sente esses sintomas e mora sozinho (e nunca acordou com o próprio ronco) procure um otorrinolaringologista para fazer uma avaliação mais detalhada.

3 Qual a melhor posição na hora de dormir?
De lado, exceto os bebês, que, segundo as orientações da Sociedade Brasileira de Pediatria, devem dormir de barriga para cima. Para os adultos a regra é outra. Quando descansamos de barriga para cima, nossa língua relaxa, cede para baixo e obstrui parcialmente a passagem do ar, e aí o ronco aparece. Uma solução é colocar a cabeceira da cama para cima, literalmente, e não apenas usando mais um travesseiro ou uma almofada antirronco, vendida em lojas especializadas.

4 Crianças podem ter o problema?
Podem sim, mas não é tão comum como em adultos. A via aérea dos pequenos pode ser mais estreita porque os tecidos da garganta aumentam muito de volume. Quando ela está com uma infecção, como gripe, esses tecidos ficam maiores para proteger o organismo. Nesses casos, é indicado tratar com descongestionantes. Outro diagnóstico comum é adenoide e amídalas grandes. Às vezes a solução é a cirurgia, um procedimento simples. A criança fica apenas algumas horas no hospital e volta para casa no mesmo dia. “Quando não tratada, há alterações no crescimento da face, o que favorece o aparecimento da apneia”, afirma Fernando Tochine, otorrinolaringologista responsável por esse setor no Hospital São Luiz (SP).

5 O ronco pode provocar uma doença grave?
Pode sim. A mais conhecida é a Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (Saos). É uma doença crônica, em que a pessoa para de respirar por alguns instantes e, depois, acorda, como se estivesse assustada. Essa reação é causada pelo nosso cérebro, que alerta para a falta de oxigênio. A apneia está relacionada a outras complicações, como hipertensão, infarto, alterações cardiovasculares, déficit de atenção e até perda de libido. “Ela reduz o tempo de vida das pessoas”, diz Pedro Luiz Mangabeira Albernaz, otorrinolaringologista do Hospital Albert Einstein (SP) e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Se a parada respiratória for maior de 10 segundos, pode trazer consequências graves. Em alguns casos elas alcançam ou ultrapassam 60 segundos, e aí pode ser fatal. Nem todos que roncam vão ter apneia. Acontece com mais frequência em obesos e pessoas de meia-idade.

6 Com qual médico devo me tratar?
Assim que a suspeita aparecer, procure um otorrinolaringologista - encare esse problema como se fosse um machucado muito grave ou uma doença que precisa ser tratada com urgência. A dona de casa Aparecida Alvez Tecchini, 62 anos, não via o ronco como algo grave, até o médico dizer que ela poderia sofrer de parada respiratória. Aí ela não perdeu mais tempo. “Toda a família sabia quando estava dormindo. Tinha trauma de dormir na causa de alguém por medo de roncar e acordar todo mundo. Hoje estou bem melhor, mais disposta”, diz. Na consulta, o médico vai avaliar suas vias respiratórias e preencher um questionário, o Epworth, para levantar dados sobre seus hábitos e verificar se há evidências de que você tenha algum distúrbio do sono. Você vai ouvir perguntas como: “Acorda cansado?”, “Dorme no cinema?”, “Já cochilou enquanto dirigia?”. Cada questão tem um determinado valor numérico. Se a soma total dos pontos for superior a dez, há uma suspeita muito forte de que você tenha dificuldades para dormir e relaxar durante o sono. Aí podem ser pedidos exames mais específicos.

7 Quais tipos de exames são pedidos?
Vai depender de cada caso. Não há uma regra. O especialista pode pedir uma endoscopia das vias aéreas superiores para verificar a existência de alguma obstrução. Outro teste pedido é a polissonografia, aquele exame em que você dorme no laboratório por um dia. É feita uma espécie de mapeamento do seu sono. Ela mede, dentre outras coisas, a atividade respiratória, se há ou não paradas enquanto você dorme (a chamada apneia) e a intensidade do ronco para fazer o diagnóstico final. Eletrodos colocados na sua cabeça passam essas informações para um computador, onde os dados são avaliados. Em alguns casos, pode ser indicada uma cirurgia. Mas fique tranquilo, pois os tratamentos cirúrgicos evoluíram muito e o paciente volta para casa rapidinho.

8 Dormir de boca aberta é um sinal ruim?
Sim, pois o ronco pode aparecer. Além disso, ficar de boca aberta durante o sono prejudica a formação da mandíbula e o lábio inferior fica caído. A face fica mais alongada e muda a dinâmica da respiração. É preciso investigar o porquê da condição - que pode ser desde uma rinite alérgica até o desvio de septo — e tratar o quanto antes. Ter um acompanhamento com um fonoaudiólogo ajuda a mudar o hábito. O profissional pode indicar exercícios com a língua, dentre outros.

Fabio Mangabeira

 9 Obesidade atrapalha?
Você deve saber de cor pelo menos cinco malefícios provocados pelo excesso de peso. Agora vai conhecer mais um. A obesidade pode causar ronco - e 50% da população brasileira, divulgou recentemente o Ministério da Saúde, sofre com os quilos a mais. A deposição de gordura na região da garganta favorece o seu estreitamento. Nos homens é mais comum que nas mulheres. Como o ronco interfere na qualidade do sono, e a pessoa se sente naturalmente mais indisposta, ela não tem vontade (nem ânimo) de praticar alguma atividade física. E aí o ciclo se mantém.

10 Qual é a influência da idade?
A partir dos 40 anos a musculatura da garganta fica mais flácida e o problema aparece. A aposentada Danunzia Victoria, 84 anos, procurou um especialista muito tarde, depois dos 65, porque não acreditava que roncava. Ela tem uma obstrução nas vias superiores, mas, devido à idade avançada, a cirurgia foi descartada. Como o ronco é muito alto, toda vez que viaja com a família precisa ficar em um quarto só para ela. Outro problema comum que afeta as mulheres é a chegada da menopausa. Não, ela não provoca ronco. Mas quando a mulher entra nessa fase, deixa de produzir estrogênio na mesma quantidade que não permitia que a musculatura cedesse.

11 É capaz de atrapalhar as relações sociais?
Em alguns casos, dizem os especialistas, há casais que contam que já não dividem o mesmo quarto. “O ideal é que o companheiro do paciente seja entrevistado também durante a consulta. Ele sabe tudo, até se a pessoa tem apneia ou não”, diz Carlos Alberto de Barros, chefe do serviço de Pneumologia da Casa de Saúde São José (RJ). O ronco atrapalha o sono do companheiro e pode até provocar distúrbios do sono na outra pessoa, já que ela não consegue descansar.

12 Bebidas alcoólicas e fumo provocam ronco?
Acredite: isso acontece, sim. O álcool sabidamente é capaz de relaxar o corpo, e o mesmo efeito se estende para a musculatura da garganta. O resultado você conhece... Com o fumo a história é bem parecida. Uma pesquisa australiana de 2008 com 110 pessoas, homens e mulheres de 45 a 80 anos, que eram fumantes e tinham colesterol alterado, mostrou que o estreitamento arterial era maior nos que roncavam mais intensamente. Apesar de ser um estudo inicial, os pesquisadores disseram que há um indício forte de que esse grupo teria mais chances de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC).

13 Existe algum aparelho que reduza o ruído?
Sim. Os mais simples são os ortodônticos. São placas usadas na boca durante o sono. Elas são reguladas para que a parte da frente empurre a mandíbula e, assim, amplia a passagem da via aérea. Outro se chama CPAP e é um modelo eletrônico. Ele não permite que o pulmão esvazie por completo, o que acontece quando dormimos, e assim evita o ronco. Você pode comprar ou alugar, desde que haja indicação médica. Geralmente é indicado para roncadores extremos. São vários os modelos - quanto menor, em geral, mais caro é. Para quem viaja bastante, por exemplo, o pequeno é o indicado.
Fabio Mangabeira

Doença da Tireóide

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Doenças da tireóide são bastante comuns no nosso meio. Estão relacionadas com fatores genéticos (familiares), geográficos (ocorrem mais no interior do continente, longe do mar, por falta de iodo) e dietéticos (principalmente a quantidade de iodo, que é adicionado ao sal de cozinha).

Tipos de alterações da tireóide:
As alterações da tireóide podem ser da sua morfologia (da forma da glândula) ou da sua função (problemas na produção dos hormônios tireoidianos). Não é obrigatório que ambos os tipos de alteração ocorram ao mesmo tempo – isto é, o paciente pode apresentar nódulos e ter hormônios normais, ou ter alteração dos hormônios com a glândula de aspecto normal ou levemente alterado.
As alterações da forma podem ser difusas, isto é, toda a glândula apresenta-se com aspecto anormal, ou podem existir nódulos. Os nódulos podem ser sólidos (como um caroço de abacate), císticos (como uma bolha, contendo líquido) ou mistos (sólido com partes líquidas no meio). Em ambos os casos, a tireóide pode crescer, com aparecimento de um bócio (papo), ou apresentar-se com tamanho reduzido.
As alterações do funcionamento da tireóide são o aumento ou a redução da quantidade de hormônios no sangue – hipertireoidismo ou hipotireoidismo, respectivamente.

Diagnóstico das doenças da tireóide:
Para o diagnóstico das doenças da tireóide são realizados basicamente exames de sangue, que verificam o funcionamento da glândula e a presença de anticorpos anti-tireoidianos, e a ultra-sonografia da tireóide, para avaliação do tamanho e da presença de nódulos ou outras alterações.
Os resultados destes exames dependem muito da qualidade dos equipamentos utilizados e da experiência dos profissionais que os realizam, sendo muito importante que o seu médico conheça e confie no laboratório onde você vai fazer os exames. Sempre pergunte para o seu médico se ele confia no laboratório onde você vai fazer os exames. Como estas doenças necessitam de acompanhamento, com a realização de exames periódicos para controle da sua evolução, é bom fazer os exames sempre no mesmo lugar, se possível com o mesmo examinador e no mesmo aparelho. Guarde todos os seus exames e sempre os leve quando for fazer exames de controle, para comparação.
Conforme explicado anteriormente, é necessária a avaliação dos resultados de todos os exames, em conjunto, para um diagnóstico correto e a escolha do melhor tratamento para cada caso.

Alterações mais comuns da tireóide:
1- Nódulos:
Trabalhos científicos mostram que após os 40 anos até 50% da população apresenta nódulos na tireóide, mesmo sem ter doença clínica, isto é, sem sintomas ou alterações nos exames de sangue. Eles ocorrem mais em mulheres do que em homens. Estes nódulos geralmente são descobertos pela ultra-sonografia da tireóide, pois são pequenos.
De todos os nódulos da tireóide, 5% são malignos (câncer), por isso existem critérios para a indicação da realização de uma biópsia dos nódulos suspeitos. A biópsia é realizada através de uma punção (PAAF), isto é, com uma agulha fina de injeção e uma seringa, o médico, guiado pelo exame de ultra-som, vai espetar o nódulo e recolher material para exame microscópico das células (citologia), a fim de verificar a presença de células potencialmente malignas. A ultra-sonografia serve para ajudar o médico a achar o nódulo e confirmar que o material foi coletado do seu interior, pois permite a visualização da ponta da agulha. Este exame é bastante incômodo e desagradável, mais do que doloroso, porém é rápido e geralmente não deixa marcas, podendo o paciente retornar às suas atividades normais.

2- Tireoidite:
A tireoidite é uma inflamação crônica da glândula, que ao longo de vários anos leva a uma parada lenta e progressiva do seu funcionamento e ao hipotireoidismo. Esta doença tem grande incidência familiar e poucos sintomas, geralmente sendo feito o diagnóstico após os 50 anos, quando as alterações causadas pelo hipotireidismo já estão bem instaladas – obesidade, queda de cabelos, unhas e cabelos fracos e secos, pele seca e enrugada, falta de disposição geral, depressão, mau humor. As primeiras alterações já podem ser diagnosticadas na adolescência, e o acompanhamento é importante para se determinar quando o tratamento medicamentoso deve ser iniciado – antes da instalação dos sintomas do hipotireoidismo. Ainda não existe um tratamento que cure esta doença, que impeça a progressão da inflamação, e o medicamento é uma reposição dos hormônios que a tireóide deixou de produzir, a fim de proporcionar uma melhor qualidade de vida ao paciente.
Caso você note alguma alteração no pescoço (na frente, abaixo do gogó), ou haja algum caso de doença da tireóide na sua família, não deixe de comentar o seu médico.

Hipotireoidismo: oito dúvidas sobre a doença da tireoide

Ela não tem cura, mas tratamento garante qualidade de vida do paciente

A tireoide é uma glândula endócrina que existe para harmonizar o funcionamento do organismo. Localizada no pescoço, é responsável pela produção de dois hormônios o T3 (tri-iodotironina) e o T4 (tiroxina), que estimulam o metabolismo e interferem no desempenho de órgãos como coração e rins, chegando a alterar o ciclo menstrual.  De acordo com o IBGE, as doenças endócrinas, como diabetes, obesidade e disfunções na tireoide respondem pela segunda causa que mais mata mulheres no país (7,8%), atrás apenas das doenças cardiovasculares.

Por toda essa importância, a glândula tireoide precisa estar em perfeita ordem. Quando isso não acontece, o próprio corpo dá o alerta. Os tipos mais comuns de disfunção da tireoide são:

1. hipertireoidismo (liberação de hormônios em excesso, que aceleram muito o metabolismo);

2. hipotireoidismo (a glândula libera o T3 e o T4 em menor quantidade do que o necessário). No segundo caso e mais comum, o hipotireoidismo, os sintomas mais frequentes são desânimo, cansaço, sonolência, pele seca, inchaço dos olhos, lentidão física e mental. A doença costuma atingir vários membros de uma mesma família. Porém, o diagnóstico nem sempre é fácil, pois os sintomas podem ser atribuídos a outras doenças que se manifestam de forma semelhante, como depressão e anemia. A seguir, a endocrinologista Laura Ward, da Unicamp, esclarece oito dúvidas mais comuns sobre o hipotireoidismo. 

1.Os sintomas podem ser identificados com clareza?

Cansaço - Foto: Getty Images
Cansaço
Os sintomas, infelizmente, são pouco específicos e se instalam lentamente, o que pode confundir as pessoas. Além disso, podem atingir vários órgãos, pois a tireoide é importante para regular o funcionamento de alguns sistemas do corpo, como cardiovascular, gástrico e nervoso. São: sentir frio, mesmo quando a temperatura não está baixa; desânimo; falta de interesse de todos os tipos, incluindo interesse para atividades corriqueiras ou prazerosas; lentidão de fala, de pensamento e de batimentos cardíacos; problemas no intestino (constipação, prisão de ventre), lentidão de reflexos; pele ressecada; cabelos e unhas quebradiços.  
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2.Por que o hipotireoidismo ocorre mais em mulheres e se manifesta predominantemente a partir de certa idade?

Não se sabe com exatidão por que o distúrbio afeta mais mulheres, mas acredita-se que um dos fatores seja a maior incidência, na fase da menopausa, da doença de Hashimoto ou tireoidite crônica, doença autoimune da tireoide em que o corpo produz anticorpos que atacam a tireoide, fazendo deste distúrbio a principal causa do hipotireoidismo. Durante o climatério, período em que as doenças autoimunes são mais frequentes, é possível que o metabolismo de hormônios, como estrógeno, esteja produzindo fatores desencadeantes para doenças autoimunes, entre as quais a doença de Hashimoto. 

3.Como saber se estou no grupo de risco da doença?

São fatores de risco para o hipotireoidismo: a existência de outras doenças autoimunes (lúpus, artrite reumatoide, vitiligo, diabetes de tipo 1), a presença de bócio (aumento de volume da tireoide) e a existência de doença de tireoide na família. 

4.Quais exames costumam ser feitos para o diagnóstico?

Pescoço - Foto: Getty Images
Pescoço
Eles devem ser feitos periodicamente? O exame mais comum para identificar os níveis dos hormônios da tireoide chama-se dosagem de TSH sérico. Recomenda-se que todas as pessoas acima de 60 anos realizem uma dosagem de TSH anual e que mulheres, particularmente aquelas que apresentam fatores de risco, dosem o TSH a partir dos 30 anos. Além disso, gestantes também devem realizar o exame periodicamente.  

5.O hipotireoidismo tem cura?

Não existe uma cura definitiva para a doença, mas o controle pode fazer com que o paciente leve uma vida normal. O tratamento mais comum é feito com reposição hormonal, geralmente com hormônio sintético da tireoide, em geral, na forma de comprimido, que deve ser tomado diariamente pelo resto da vida. Mas vale o alerta: se estiver com falta ou excesso de medicação, podem aparecer os sintomas opostos, de hipertireoidismo. Os mais comuns são: agitação física e mental, insônia, irritação e perda de peso. 

6.Quais são as possíveis consequências mais graves, se não houver tratamento?

A falta do hormônio tireoidiano pode levar ao coma mixedematoso, que é quando o paciente tem queda da temperatura corporal e ocorre a lentidão de todas as funções do organismo. Isso acarreta uma fragilização do sistema imune, facilitando a instalação de outras doenças, como pneumonia e infecções. O hipotireoidismo também pode afetar de forma importante o coração e os ossos, por isso é importante seguir o tratamento prescrito pelo médico.  

7.O hipotireoidismo provoca aumento de peso?

Existe uma relação complexa entre as doenças da tireoide, o peso corporal e o metabolismo. Os hormônios tireoidianos também regulam o metabolismo, e a taxa metabólica basal também pode diminuir na maioria dos pacientes com hipotireoidismo, devido à baixa nos hormônios. No entanto, esse ganho de peso é menor e menos dramático do que o ocorre nos pacientes com hipertireoidismo.  

8.O que é essencial para controlar o hipotireoidismo?

Se o paciente estiver com a medicação ajustada adequadamente, sua rotina não será muito afetada. A recomendação é a mesma válida para pessoas sem a doença, que é seguir hábitos de vida saudáveis. É fundamental manter uma alimentação equilibrada, rica em vegetais e frutas. Também é essencial praticar exercícios físicos regulares para a manutenção do peso para afastar a obesidade e seus efeitos negativos, como hipertensão, diabetes, aumento do colesterol e problemas cardiorrespiratórios. Não há grandes restrições em relação às atividades físicas, mas antes de começar a se exercitar o paciente deve sempre consultar seu médico.