Controlar o ritmo das horas é uma das
maravilhas da função cerebral. Sinais que partem do tecido cerebral
controlam o ritmo diário das reações metabólicas essenciais para o
funcionamento harmonioso do organismo. Os neurônios responsáveis pelo
controle do ritmo das reações fisiológicas fundamentais estão
concentrados numa região do cérebro conhecida como núcleo
supra-quiasmático.
Estudos conduzidos em ratos mostram que o ritmo
básico gerado nessa área do sistema nervoso é mantido silenciosamente
em ciclos de 24 horas, pela alternância de luz e escuro que o animal
experimenta durante o dia e a noite. Do ponto de vista evolucionista,
esse mecanismo é arcaico pode ser encontrado mesmo nas bactérias. No
entanto, as vicissitudes da vida moderna podem subverter essa ordenação
de funcionamento que a evolução preservou durante bilhões de anos.
Importância das horas de sono
Dormir
oito horas por noite é um luxo de poucos nas grandes cidades. O
telefone que toca sem cerimônia até altas horas, o filme na TV, as
crianças acordadas até tarde, os programas noturnos, o trabalho que
levamos para terminar em casa e os compromissos logo cedo, colaboram
para que o intervalo de tempo reservado para o sono seja cada vez mais
curto no mundo moderno.
Trabalhos experimentais demonstram que o
sono nos mamíferos é essencial para o combate eficaz às infecções, para
que o cérebro processe informações, armazene memórias e elabore
estratégias essenciais à sobrevivência da espécie.
As pessoas que
não dormem o suficiente sentem falta de energia para as tarefas diárias,
ficam deprimidas ou irritadiças, queixam-se de dificuldade de
concentração, apresentam maior frequência de doenças infecciosas,
acidentes automobilísticos e envelhecem mais rapidamente.
Há
evidências consistentes de que a privação de sono também aumente o risco
de diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e
obesidade. Por outro lado, os adultos que dormem mais do que sete a oito
horas por dia, enfrentam problemas semelhantes aos que dormem menos do
que o necessário.
O número de horas de sono ideal para reparar as
energias gastas em vigília costuma ser em média de seis a oito horas por
dia. Enquanto para alguns cinco horas por noite são suficientes para
enfrentar as tarefas diárias, outros passam o dia cansados se não
dormirem nove ou dez. Como regra, os mais velhos necessitam de menos
horas de sono do que as crianças e os adolescentes.
A verdade é
que os especialistas não conseguem entrar em acordo sobre quantas horas
cada organismo precisa para repousar adequadamente. A maioria,
entretanto, concorda com as três regras seguintes:
1) Dormir o suficiente para passar o dia inteiro sem sentir sono;
2) Dormir até acordar sem necessidade de despertador;
3)
Dormir o número médio de horas que costumamos dormir depois de alguns
dias de férias (levar em conta que nos primeiros dias sem compromissos
podemos dormir mais do que o necessário).
Sugestões para bem dormir
A tabela abaixo reúne as sugestões clássicas para uma noite bem dormida:
1) Evite cafeína, nicotina e álcool nas últimas horas do dia;
2) Não faça refeições exageradas antes de deitar;
3) Procure deitar no mesmo horário, mesmo nos finais de semana;
4) Procure fazer exercícios físicos durante o dia, mas evite fazê-los à noite;
5) Mantenha o quarto arejado e numa temperatura agradável;
6) Use a cama apenas para dormir e fazer sexo;
7) Faça exercícios de relaxamento ou tome banho quente antes de deitar;
8) Só use pílulas para dormir em caso de absoluta necessidade e sob orientação médica;
9) Evite dormir durante o dia. Se for muito necessário, faça-o por períodos de no máximo uma hora, antes das três da tarde;
10)
Se estiver deitado por mais de trinta minutos sem conseguir pegar no
sono, saia da cama e vá ler um livro sob a luz de um abajur em outro
cômodo;
11) Não assista à TV no quarto de dormir.
Se as
sugestões acima forem inúteis, procure um especialista em sono. Há
distúrbios como a apneia do sono que exigem orientação médica,
tratamento clínico, aparelhos para auxiliar a respiração e até cirurgia.
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