segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Sono, obesidade e diabetes

 

Vivemos numa cultura que tem orgulho de dormir pouco. Pessoas que dormem nove horas por dia são consideradas preguiçosas, enquanto admiramos as que em cinco ou seis já pularam da cama.
Nos cinco milhões de anos que nos precederam, nossa espécie viveu num mundo sem luz elétrica, em que a rotina de sono e vigília era organizada em conformidade com a alternância dos dias e das noites.
A claridade que chegava às células fotossensíveis da retina ao raiar do sol, estimulava as áreas cerebrais responsáveis pelo controle da divisão celular, da produção dos hormônios e das proteínas envolvidas nas reações metabólicas necessárias para enfrentar a luta diária.
Ao contrário, a chegada da noite alterava o metabolismo de forma a sintetizar novas proteínas e hormônios, neurotransmissores, melatonina e outros mediadores para nos tornar mais contemplativos, com a musculatura mais relaxada e predispostos a achar um canto na caverna para entrarmos em modo de hibernação.
Na evolução, em respeito a essa ordem natural, o conjunto das reações bioquímicas responsáveis pelo metabolismo dos animais — e também das plantas, fungos, e bactérias –, organizou-se em ciclos diários com duração aproximada de 24 horas, característica que, na década de 1950, recebeu o nome de ritmo circadiano (do latim: circa diem, cerca de um dia).
Embora os ciclos circadianos sejam controlados por mecanismos endógenos autoajustáveis, independentes da consciência, fatores externos podem interferir com sua duração. Entre eles, o mais importante é a luz do sol ou de fontes artificiais, especialmente as que emitem a banda azul do espectro luminoso.
Seres humanos mantidos em penumbra silenciosa durante 28 horas, não resistem em vigília. A interferência com a duração dos dias e das noites que subverte a alternância da exposição à claridade e à escuridão é a causa do fenômeno conhecido como jet lag.
Inquéritos epidemiológicos realizados nos últimos vinte anos avaliaram os efeitos deletérios que a privação crônica de sono exerce sobre a saúde humana. Alguns deles levantaram a suspeita de que dormir pouco encurtaria a longevidade.
Em 2010, um estudo realizado no Women’s Hospital, em Boston, revelou que homens jovens mantidos em regime de privação de sono por apenas uma semana, desenvolvem resistência à insulina, condição que leva ao aumento da concentração de glicose no sangue, característico do diabetes.
Os autores desse estudo acabam de atualizá-lo em uma publicação na revista Science Translacional Medicine.
Durante seis semanas, mantiveram 21 participantes numa das suítes que o hospital transformou em laboratório de estudo do sono. Todos foram mantidos num regime que lhes permitia dormir apenas cinco, seis horas, a cada período de 24 horas. O horário de ir para cama mudava todos os dias. Para interferir com o ritmo circadiano, os quartos não tinham janelas e os ciclos de luz e escuro foram programados para durar 28 horas, em vez das 24 habituais.
Com o objetivo de prevenir que o ritmo circadiano se reajustasse por conta própria, a iluminação era mantida em níveis equivalentes ao do entardecer. Não foi permitido acesso à TV, rádio ou internet.
Amostras de sangue colhidas em jejum acusaram concentrações mais baixas de insulina, associadas ao aumento das taxas de glicose, em todos os participantes. Em três deles, a glicemia atingiu a faixa que vai de 100 a120, rotulada de pré-diabetes.
A energia gasta em repouso (que quantifica quantas calorias consome o corpo parado) caiu em média 8%. Se esse nível de consumo energético mais econômico fosse mantido por um ano, causaria um aumento do peso corpóreo de quase seis quilos.
Depois de um período de dez dias de recuperação, em que os participantes permaneceram no laboratório, porém mantidos em ciclos de claro e escuro com duração de 24 horas, mas dormindo dez horas durante a noite, a secreção de insulina e os níveis de açúcar na circulação voltaram aos valores normais.
Para aqueles que o trabalho os obriga a passar meses ou anos em ciclos de dia e noite irregulares, essas alterações seriam igualmente reversíveis?
Você consegue, leitor, dormir e acordar todos os dias na mesma hora? Eu não.

Drauzio Varella

Distúrbios do sono


Você dorme bem? É daqueles que basta encostar a cabeça no travesseiro para pegar no sono, ou briga com ele antes de dormir? Ou ainda, o que é pior, deita e dorme maravilhosamente bem, mas duas ou três horas depois acorda e é aquele inferno: rola na cama e não consegue pegar no sono outra vez.
Embora insônia seja a queixa mais frequente dos portadores de distúrbios do sono, num primeiro momento o ronco e a apneia costumam ser notados mais pelo parceiro que divide o mesmo quarto do que pelo paciente. No entanto, grandes roncadores e apneicos podem desenvolver alguns problemas de saúde que requerem atenção e tratamento especializado.

DISTÚRBIOS DO SONO: INSÔNIA, RONCO E APNEIA
Drauzio – Do que se queixam as pessoas que têm distúrbios do sono?
Mauricio Bagnato - Insônia é a queixa mais frequente dos portadores de distúrbios do sono. Estatísticas demonstram que de 30% a 40% dos indivíduos, em alguma fase da vida, sofrerão de insônia, ou seja, experimentarão dificuldade para pegar no sono ou para voltar a dormir se acordarem no meio da madrugada.
A segunda maior queixa, a mais enfatizada pelas pesquisas, refere-se aos distúrbios respiratórios do sono especialmente ao ronco e, pesquisando-se mais a fundo, à apneia que dele decorre.
Drauzio – O que é apneia?
Mauricio Bagnato – Apneia é uma parada momentânea da respiração. É muito comum quem dorme ao lado de alguém que ronca muito relatar o fato de a pessoa, de repente, parar de respirar e acordar num sobressalto. Esse susto é a resposta do sistema nervoso central diante da falta de oxigenação do cérebro, que tenta defender o organismo dessa hipoxemia.
Nem todas as pessoas que roncam têm apneia. Existe uma síndrome intermediária que distingue a pessoa que ronca muito daquelas que, além de roncarem muito, fazem pausas respiratórias (apneias). No entanto, segundo indicam estatísticas americanas, a apneia ocorre mais frequentemente nas pessoas obesas que roncam. No Brasil, não há estudos sistemáticos a respeito do assunto. Considerando-se, porém, os dados colhidos nos Estados Unidos, parece não haver discordância de que a obesidade seja um fator de risco para a fragmentação do sono provocada pelo ronco intenso que pode evoluir para apneia.

PRINCIPAIS CAUSAS DA APNEIA
Drauzio – A ausência de respiração, melhor dizendo, a apneia do sono está sempre associada ao ronco?
Mauricio Bagnato – Geralmente, os grandes roncadores tendem a desenvolver apneia. Nem sempre, porém, isso só acontece com as pessoas obesas. Às vezes, característica anatômicas da mandíbula e do queixo podem determinar a apneia. O músculo que se localiza na parte posterior do queixo fica preso na língua. Queixos recuados puxam a base da língua para trás, o que dificulta a passagem do ar e pode causar apneia. Agora, se além de portadora dessa desarmonia craniofacial a pessoa for obesa, o risco de desenvolver apneia aumenta bastante. Mesmo assim, hoje é raro indicar cirurgia para corrigir a posição da mandíbula ou da maxila.
A apneia pode ser provocada também pela redução do calibre da faringe, quando a pessoa é obrigada a respirar pela boca, porque o nariz entope muito à noite, ou quando a faringe relaxa mais sob a ação da bebida alcoólica ingerida depois do entardecer.
É importante citar, ainda, outros fatores de risco para a manifestação da apneia, entre eles, o hipotireoidismo, certos hormônios e o refluxo gastroesofágico.

RISCOS ASSOCIADOS À APNEIA
Drauzio – A que riscos estão expostos os apneicos?
Mauricio Bagnato - Não é só o cérebro que se ressente com a falta de oxigenação. Todas as células do organismo sofrem o efeito nocivo da hipoxemia. Não seria exagero afirmar que corpo inteiro se ressente e envelhece mais depressa.
A médio prazo, porém, as implicações cardíacas representam preocupação maior. O coração é um grande consumidor de oxigênio. Se a oferta diminui, ele padece. Muitos apneicos morrem de arritmia, infarto ou acidentes vasculares cerebrais. Além disso, certas doenças que só se manifestariam na velhice, como o mal de Parkinson, por exemplo, aparecem precocemente nos apneicos.
Embora os resultados ainda não sejam conclusivos, pesquisas indicam  serem cumulativos os efeitos das noites mal dormidas e da apneia. Trabalho de campo que realizamos em São Paulo, com mil pacientes oriundos de todas as camadas sociais e regiões da cidade, revelou um fato intrigante: o número de  grandes roncadores e apneicos baixa sensivelmente na  velhice. É claro que, com a idade, a pessoa tende a ter um pouco de apneia, mas o roncador idoso desapareceu. Não dispomos de elementos, ainda, para saber se esses pacientes melhoram com o passar dos anos, ou se morrem mais cedo. Todavia, alguns estudos iniciados na Itália, há mais de 30 anos, fazem crer que o roncador, mesmo sem ser obeso nem apresentar apneia, tende a tornar-se hipertenso e a morrer mais moço.

SINAIS DE ALERTA
Drauzio – Diante dessa nova visão, o ronco passou a ser encarado como um problema sério na vida de muitas pessoas?
Mauricio Bagnato – Atualmente, sono e ronco são vistos sob ótica científica e merecem atenção especial as pessoas em que a apneia é menos evidente, não chegando sequer a ser notada pela família.
 A faringe de todos os seres humanos relaxa um pouquinho durante o sono. O pescoço mais grosso dos homens e a falta da proteção hormonal sobre o tônus muscular com que contam as mulheres antes da menopausa, acentuam essa flacidez. Por isso, enquanto moços, os homens roncam mais. Depois da menopausa, essa vantagem feminina quase desaparece. O estudo feito em São Paulo demonstrou que, até os 40 anos, ronco e apneia são queixas típicas dos homens. Depois dessa idade, o problema atinge os dois sexos quase na mesma proporção.
Drauzio – Quando as pessoas que roncam devem procurar o médico para avaliação e tratamento?
Mauricio Bagnato - Certas posições, como dormir de barriga para cima, favorecem o ressonar. O ronco, porém, é resultado da resistência das vias aéreas à passagem do ar. Nesse caso, é necessário fazer muita força para respirar à noite durante o sono. Sem mencionar os efeitos deletérios da apneia, o excesso de esforço faz com que o sono seja mais superficial e fragmentado. Por isso, no dia seguinte, as pessoas estão sonolentas, irritadas, pouco produtivas, com a memória comprometida e a área cognitiva afetada. Ressonar, portanto, todos ressonamos em algum momento e não há motivo para  preocupações. No entanto, havendo queixa de ronco forte, é indispensável pesquisar as causas para afastar os riscos a que estão expostos esses pacientes.

POSSIBILIDADE DE TRATAMENTO
Drauzio – Qual o tratamento indicado para tirar o paciente do grupo de risco?
Mauricio Bagnato - Se o problema tiver como causa a obesidade, o ideal é a pessoa emagrecer. É fácil falar “você tem de emagrecer”, virar as costas e fim-de-papo. Não raro essa pessoa precisa da orientação de um endocrinologista para conseguir perder peso.
Felizmente, existem alguns tratamentos paliativos para o ronco e a apneia que podem trazer resultados satisfatórios. Podemos ensinar, por exemplo, o paciente a dormir de lado. Como? Geralmente, mandamos costurar, na parte de trás de uma camiseta, um bolso em que caiba uma bolinha de tênis ou de isopor, alguma coisa que incomode e não machuque, mas ajude a adquirir o hábito de dormir de lado.  Podemos, também, indicar uma pequena máscara nasal cuja função é manter a faringe mais aberta para o ar fluir melhor. Restabelecida a oxigenação normal, o sono volta a ficar profundo e sem fragmentação e, consequentemente, a pessoa passa a descansar melhor.
Drauzio – Que tamanho têm essas máscaras?
Mauricio Bagnato – As máscaras nasais estão cada vez menores e mais silenciosas. Atualmente são pequenas, com um caninho na parte superior ligado a um aparelho que gera pressão positiva. Embora a proposta seja usar as máscaras por tempo determinado, apenas enquanto o paciente emagrece, muitos se sentem tão bem que relutam em abandoná-las, uma vez que dormir melhor à noite garantiu-lhes mais  disposição e melhor qualidade de vida.

MUDANÇAS NA DINÂMICA DE VIDA
Drauzio – O homem moderno está mais sujeito aos distúrbios do sono que seus antepassados?
Mauricio Bagnato - O ser humano não foi concebido para ser obeso, ter mandíbula pequena e viver em locais poluídos. Atualmente, nosso corpo está arcando com as consequências de uma civilização, dita moderna, que valorizou comportamentos prejudiciais ao próprio homem. Os índios, por exemplo, em seu habitat natural, com pouco ou nenhum contato com os brancos, mamam mais tempo nas mães, têm adenoides e amídalas menores, não são obesos, roncam menos, apresentam menos problemas alérgicos e não se queixam de distúrbios do sono.
Já os habitantes de cidades poluídas, como São Paulo, demonstram maior predisposição a alergias, rinites e entupimento do nariz. Pode-se supor até que, se as crianças das cidades fossem amamentadas mais tempo pelas mães, o desenvolvimento da maxila, da mandíbula e da musculatura da região seria mais equilibrado e harmônico, o que teoricamente reduziria as condições de crescimento anormal das adenoides, das amídalas e da arcada superior.
Mais magros, menos expostos a alergias, amamentados pelas mães, respirando ar puro, os homens estariam menos sujeitos aos distúrbios do sono. Quando digo que certas conquistas modernas trouxeram desvantagens, cito o exemplo da energia elétrica que alterou nosso ritmo biológico. Antes dela, acompanhávamos os ciclos geofísicos de claro e escuro. A escuridão noturna era sinônimo de recolhimento, descanso e sono. A eletricidade, porém, tornou possível prolongar a luz do dia e encurtar as noites. Ficamos acordados até tarde absorvidos pelas mais diversas atividades. O resultado é que dormimos pouco e fora de hora.

ORIENTAÇÕES PARA DORMIR BEM
Drauzio – Que conselho você dá às pessoas que se deitam e dormem, mas acordam no meio da madrugada e não conseguem dormir novamente?
Mauricio Bagnato – Todos conhecemos pessoas que só dormem sob efeito de medicação e, assim mesmo, não têm um sono repousante, porque criam tolerância aos remédios. Migram de médico em médico em busca de alívio, mas pouco conseguem.
Em vista disso, nos últimos congressos, destacou-se a importância de lidar com a parte comportamental da insônia. A tendência atual é recorrer a acompanhamentos psicológicos, pois há pessoas que dormem mal, porque são ansiosas ou depressivas. Então, basta colocarem a cabeça sobre o travesseiro, para começarem a remoer os problemas para os quais não vislumbraram solução durante o dia. Com isso, sua estrutura do sono ficou danificada e a qualidade de vida, comprometida.
Além dessa possibilidade de tratamento, existem alguns hábitos que, se desenvolvidos, podem ajudar a dormir melhor.
Primeiro: a cama foi feita para dormir e para a relação sexual, que é relaxante, sem dúvida. Muita gente, no entanto, come na cama e assiste à televisão deitado. Há quem defenda, até, que ver tevê ajuda a dormir. Não ajuda. Você pode cochilar, mas não adormece profundamente. Vez ou outra desperta e procura recompor as cenas perdidas. Quando quiser assistir a um programa na tevê, fique na sala. Se o sono chegar, vá para o quarto, apague a luz, deite e durma.
Segundo: exercícios físicos vigorosos são estimulantes. Portanto, é contraindicado praticá-los à noite.
Terceiro: refeições próximas à hora de deitar podem provocar refluxos gastroesofágicos que atrapalham o sono. Procure evitá-las antes de ir para cama.
Drauzio – Café e refrigerantes também são contraindicados?
Mauricio Bagnato - Não só o café e os refrigerantes, principalmente as colas, mas o chá preto e o chá mate, que contêm cafeína também prejudicam o sono. Para se ter uma ideia, o tempo médio de permanência da cafeína no sangue é de oito horas. Brasileiro está acostumado a tomar café o dia todo. Consequentemente, os cafezinhos do fim da tarde e do começo noite deixarão resíduos no organismo que podem atrapalhar o sono na madrugada.
Drauzio – Tem gente que garante que o café não exerce efeito nenhum sobre a necessidade de sono. Como você explica isso?
Mauricio Bagnato - A sensibilidade muda muito de indivíduo para indivíduo. Nada garante, porém, que não haja prejuízos. Se não tivesse tomado café, provavelmente o sono seria mais profundo, mais consolidado, teoricamente com menos fragmentação. O mesmo ocorre com o álcool. Quantas pessoas afirmam que um drinque ajuda a induzir o sono. Apesar de alguns cientistas defenderem essa hipótese, na verdade, o álcool quebra a arquitetura normal do sono.
Recapitulando: evitar café, álcool e exercícios físicos puxados à noite e ir para a cama apenas na hora de dormir são pequenas dicas que somadas podem produzir efeitos razoáveis, desde que a pessoa não apresente problemas que exijam tratamento específico. É o caso, por exemplo, do paciente que, mal adormece, começa a roncar tão alto que desperta com o ruído do próprio ronco ou com  o esforço que faz para o ar vencer a resistência imposta pela faringe.

REFLEXOS CONJUGAIS
Drauzio – Como reage quem dorme ao lado de uma pessoa que ronca?
Mauricio Bagnato - Muita gente se gaba de conseguir dormir apesar do barulho, da claridade, ou do companheiro de cama que ronca. Se analisarmos, porém, a microestrutura do sono dessas pessoas, veremos que está alterada. É comum o marido ser roncador e a mulher insone, ou vice-versa. Brinco com esses pacientes que vou tratar dos dois pelo preço de um. No fundo, isso é verdade porque os distúrbios do sono, muitas vezes, são responsáveis pelos desencontros conjugais. O apneico pode ter uma falta de oxigenação tão importante que perde o interesse sexual. No dia seguinte, mais irritado porque dormiu mal, não consegue administrar o cotidiano, perde o emprego, fica doente. O parceiro, obrigado a transferir-se para outro quarto na esperança de uma noite de sono tranquilo, também fica insatisfeito e impaciente. É uma complexidade comportamental que deteriora o convívio. Já presenciei muitos casais esfacelados que se reestruturam quando o doente foi tratado.
Drauzio – Até pouco tempo, os barbitúricos representavam o tratamento indicado para os distúrbios do sono. O que pensam os especialistas sobre o assunto no momento?
Mauricio Bagnato - Tanto as drogas mais antigas, como os diazepínicos das décadas de 1950/ 1960, quanto as mais modernas causam dependência e tolerância. Portanto, o ideal é usá-las por um período curto. Atualmente, a conduta indicada pressupõe medidas comportamentais. O biofeedback, por exemplo, é uma técnica de relaxamento que parece ser promissora para o tratamento da insônia sem medicamentos.
No idoso que se queixa de insônia, é importante avaliar os níveis de melatonina, um hormônio cuja produção diminui com a idade. Ele pode estar dormindo menos, porque houve redução nos níveis desse hormônio em seu organismo. Nesse caso, é possível repô-lo em pequenas doses sob absoluto controle médico, ao contrário do que acontecia há três anos, quando era usado indiscriminadamente.
Sua indicação também é pertinente para regular o horário do sono, isto é, para adiantar ou atrasar a fase de sono. Imaginemos um paciente que durma muito tarde. Pode-se tentar antecipar sua hora de dormir com melatonina ou com exposição à luz visto que nosso ciclo geofísico muda conforme a latitude. Na Finlândia, como se sabe, o foto-período é menor; no Equador, é maior, o dia é mais longo. Isso pode interferir no sono e provocar depressão em algumas pessoas. Nessas situações, a melatonina pode ser um recurso útil para acertar o relógio biológico das pessoas.

MOVIMENTO PERIÓDICO DO MEMBRO INFERIOR (PLM)
Drauzio – Há diagnóstico específico para as pessoas que mexem as pernas enquanto dormem, como se estivessem chutando um alvo imaginário?
Mauricio Bagnato – Em geral, essas pessoas são portadoras de uma doença pouco diagnosticada, mas muito mais frequente do que se imagina. Seu principal sintoma é o movimento involuntário dos membros inferiores. Os primeiros a percebê-lo, em geral, são os que dormem ao lado do paciente. “Meu marido mexe a perna a noite inteira, ciclicamente. Ele encolhe a perna, estica, volta a encolher”, observava uma mulher, outro dia, no consultório. Na verdade, cada um desses movimentos de perna pode estar atrelado a um microdespertar e, numa única noite, podem ocorrer até 800 deles. No dia seguinte, embora digam ter dormido bem, essas pessoas estão sonolentas, sem disposição, pois é impossível não sentir os efeitos de tantos microdespertares. Quando a doença está num estágio mais avançado, os sintomas aparecem também durante o dia. A pessoa está sentada, conversando, e as pernas estão inquietas, encolhendo e esticando, esticando e encolhendo.

Maurício Bagnato é médico, ex-presidente e atual secretário da Sociedade Paulista de Medicina do Sono e trabalha no Laboratório do Sono do Hospital Sírio-Libanês e do Instituto do Sono da UNIFESP, a Escola Paulista de Medicina.

Privação do sono


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Controlar o ritmo das horas é uma das maravilhas da função cerebral. Sinais que partem do tecido cerebral controlam o ritmo diário das reações metabólicas essenciais para o funcionamento harmonioso do organismo. Os neurônios responsáveis pelo controle do ritmo das reações fisiológicas fundamentais estão concentrados numa região do cérebro conhecida como núcleo supra-quiasmático.
Estudos conduzidos em ratos mostram que o ritmo básico gerado nessa área do sistema nervoso é mantido silenciosamente em ciclos de 24 horas, pela alternância de luz e escuro que o animal experimenta durante o dia e a noite. Do ponto de vista evolucionista, esse mecanismo é arcaico pode ser encontrado mesmo nas bactérias. No entanto, as vicissitudes da vida moderna podem subverter essa ordenação de funcionamento que a evolução preservou durante bilhões de anos.
Importância das horas de sono
Dormir oito horas por noite é um luxo de poucos nas grandes cidades. O telefone que toca sem cerimônia até altas horas, o filme na TV, as crianças acordadas até tarde, os programas noturnos, o trabalho que levamos para terminar em casa e os compromissos logo cedo, colaboram para que o intervalo de tempo reservado para o sono seja cada vez mais curto no mundo moderno.
Trabalhos experimentais demonstram que o sono nos mamíferos é essencial para o combate eficaz às infecções, para que o cérebro processe informações, armazene memórias e elabore estratégias essenciais à sobrevivência da espécie.
As pessoas que não dormem o suficiente sentem falta de energia para as tarefas diárias, ficam deprimidas ou irritadiças, queixam-se de dificuldade de concentração, apresentam maior frequência de doenças infecciosas, acidentes automobilísticos e envelhecem mais rapidamente.
Há evidências consistentes de que a privação de sono também aumente o risco de diabetes, hipertensão arterial, doenças cardiovasculares e obesidade. Por outro lado, os adultos que dormem mais do que sete a oito horas por dia, enfrentam problemas semelhantes aos que dormem menos do que o necessário.
O número de horas de sono ideal para reparar as energias gastas em vigília costuma ser em média de seis a oito horas por dia. Enquanto para alguns cinco horas por noite são suficientes para enfrentar as tarefas diárias, outros passam o dia cansados se não dormirem nove ou dez. Como regra, os mais velhos necessitam de menos horas de sono do que as crianças e os adolescentes.
A verdade é que os especialistas não conseguem entrar em acordo sobre quantas horas cada organismo precisa para repousar adequadamente. A maioria, entretanto, concorda com as três regras seguintes:
1) Dormir o suficiente para passar o dia inteiro sem sentir sono;
2) Dormir até acordar sem necessidade de despertador;
3) Dormir o número médio de horas que costumamos dormir depois de alguns dias de férias (levar em conta que nos primeiros dias sem compromissos podemos dormir mais do que o necessário).
Sugestões para bem dormir
A tabela abaixo reúne as sugestões clássicas para uma noite bem dormida:
1) Evite cafeína, nicotina e álcool nas últimas horas do dia;
2) Não faça refeições exageradas antes de deitar;
3) Procure deitar no mesmo horário, mesmo nos finais de semana;
4) Procure fazer exercícios físicos durante o dia, mas evite fazê-los à noite;
5) Mantenha o quarto arejado e numa temperatura agradável;
6) Use a cama apenas para dormir e fazer sexo;
7) Faça exercícios de relaxamento ou tome banho quente antes de deitar;
8) Só use pílulas para dormir em caso de absoluta necessidade e sob orientação médica;
9) Evite dormir durante o dia. Se for muito necessário, faça-o por períodos de no máximo uma hora, antes das três da tarde;
10) Se estiver deitado por mais de trinta minutos sem conseguir pegar no sono, saia da cama e vá ler um livro sob a luz de um abajur em outro cômodo;
11) Não assista à TV no quarto de dormir.
Se as sugestões acima forem inúteis, procure um especialista em sono. Há distúrbios como a apneia do sono que exigem orientação médica, tratamento clínico, aparelhos para auxiliar a respiração e até cirurgia.

Drauzio Varella

Cinco dicas para ter uma boa noite de sono

 sonho
Todos querem ter uma boa noite de sono e acordar relaxado no dia seguinte, mas para os brasileiros dormir bem é um privilégio. Segundo dados do Instituto do Sono, 63% da população adulta do País têm alguma queixa relacionada ao sono. Em São Paulo, 25% da população apresenta dificuldades para dormir, 27% acorda precocemente e 36% têm dificuldade de manter o sono.

As causas mais importantes de dificuldade para conciliar o sono estão relacionadas com o estresse provocado pelo dia a dia agitado e com a produção inadequada de serotonina, neurotransmissor que regula o ritmo do sono.
Apesar de existirem medicamentos que ajudam a dormir, a automedicação deve ser evitada. O ideal é adotar algumas medidas para ter um sono mais saudável, o que é possível com simples mudanças no estilo de vida. O pneumologista dr. Carlos Carvalho, do HCor (Hospital do Coração) de São Paulo, dá cinco dicas para se ter uma boa noite de sono:

1) Pelo menos quatro horas antes de ir dormir, evite ingerir álcool e bebidas e alimentos com cafeína, como café, chás e chocolates. A cafeína tem efeito estimulante e acaba atrapalhando o sono. Já as bebidas alcoólicas irritam o estômago, o que pode causar desconforto gástrico durante a noite, sem contar que aumentam a diurese, provocando despertares durante a noite para urinar.
2) Procure ir para a cama sempre no mesmo horário. O metabolismo demora alguns dias para se acostumar com oscilações no horário do sono, por isso tente manter uma rotina todos os dias, inclusive nos fins de semana.
3) Durante a noite, geralmente na fase mais profunda do sono, a temperatura do corpo diminui, por isso o clima dentro do ambiente deve estar agradável. Temperaturas acima de 26 e abaixo de 18 graus Celsius não são confortáveis para o corpo, e o frio ou calor excessivos acabam fazendo com que se acorde no meio da madrugada.
4) Procure se alimentar três horas antes de deitar para que a digestão seja feita completamente antes de dormir. Coma alimentos mais leves e fáceis de ser digeridos, pois durante o sono o metabolismo desacelera. Alimentos de difícil absorção fazem o fluxo sanguíneo no estômago aumentar, enquanto o resto do corpo está mais relaxado, podendo causar refluxo.
5) Se não conseguir pegar no sono em 30 minutos, não fique deitado na cama, pois isso acaba estressando ainda mais. Levante-se e procure realizar uma atividade relaxante, como ouvir música suave ou ler, para ajudar a dormir.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Confira 10 dicas para dormir bem no calor

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No verão, cumprir a meta de dormir oito horas por noite é uma tarefa mais difícil. Além do desconforto provocado pelas altas temperaturas, os dias longos aumentam o período de exposição à luz solar - o que prejudica a secreção de melatonina, o hormônio que promove sonolência e é produzido apenas na escuridão. O prejuízo é ainda maior porque a estação coincide com as férias.
"Nesse período, as pessoas costumam dormir e acordar mais tarde que o normal, confundindo o relógio biológico", diz especialista. "Para não sofrer com a mudança de ritmo, é preciso sincronizar novamente o relógio biológico, criando uma rotina com horários regulares um pouco antes do retorno ao trabalho." Conheça as orientações para garantir a qualidade do sono durante o verão.

Ventilar o quarto
Uma ventilação inadequada no quarto aumenta a sensação de calor e o incômodo durante a noite. Deixar a janela aberta, ligar o ventilador ou acionar o ar-condicionado é fundamental. Especialistas recomendam que a temperatura no quarto esteja amena o suficiente para a pessoa se sentir confortável ao se cobrir com um lençol.

Usar lençol de algodão
No calor, tecidos que absorvem o suor, como o algodão e o linho, são boas opções para lençóis, capas de travesseiros e pijamas, ao contrário da maioria dos materiais sintéticos. Antes de colocar o pijama, tomar um banho com água morna – e não gelado – também ajuda a enfrentar o calor intenso. "Nenhuma temperatura extrema é boa para dormir. Só não sentimos tanto desconforto no frio quanto no calor porque resolvemos o problema de maneira mais fácil, dormindo com vários cobertores”, afirma especialista.

Umidificar o ar
O verão costuma ter temperatura alta e ar úmido. Mas na estação também há dias sem chuva, que deixam o ar seco. Além disso, o ar-condicionado desumidifica o ambiente — quanto menor a temperatura, mais seco o ar. Se a umidade estiver baixa, é indicado usar umidificadores de ar ou espalhar bacias com água e toalhas úmidas no quarto.

Dormir de lado
A posição de dormir influencia a qualidade do sono. Segundo especialista, dormir de bruços é a pior forma possível. "Essa posição prejudica a respiração, pois o colchão comprime o peito e atrapalha a movimentação do pulmão", diz. Além disso, causa problemas relacionados à postura e à coluna. "O melhor jeito é de lado, com a cabeça reta e uma almofada entre as pernas. Assim não há prejuízo à coluna ou à respiração."

Maneirar no álcool
O álcool é um falso aliado do sono. Se por um lado provoca a sensação de sonolência, por outro prejudica a qualidade e a duração do descanso. "O álcool deprime o sistema nervoso central, deixando a pessoa sonolenta. Mas é um sono sem qualidade e com despertar precoce", explica a neurologista Dalva Poyares, coordenadora do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Além disso, a substância induz o ronco."

Beber água durante o dia
Hidratar-se é importante o ano todo, mas no verão ainda mais – o corpo precisa repor o líquido perdido com a transpiração. Cerca de 1,5 litro de água por dia costuma ser suficiente. “É melhor tomar a água durante a manhã e a tarde", diz especialista. "Se beber à noite, você terá vontade de ir ao banheiro enquanto dorme, o que vai prejudicar o sono."

Fazer refeições leves antes de dormir
Especialistas recomendam comer comidas leves, de preferência até duas horas antes de se deitar. "O metabolismo à noite é mais lento e a posição horizontal desfavorace a digestão", diz a neurologista Dalva Poyares. A médica sugere o consumo de frutas, iogurtes, alimentos integrais e carnes magras, como salmão e frango, sempre em pequenas porções.

Criar uma rotina
Dormir e acordar no mesmo horário ajuda o relógio biológico a entender quando é hora de ativar e desativar o metabolismo. "Nós não temos uma chave de ligar e desligar", diz especialista. "Por isso temos de diariamente fazer um ritual do sono — assim, o corpo sabe que deve descansar naquele horário."

Evitar atividades estimulantes
Cerca de uma hora antes de ir dormir, é recomendável desligar o telefone celular, a televisão e o computador. A luz vinda desses aparelhos impede a produção de melatonina, hormônio responsável por induzir a sensação de sono. "Ler pode ser uma boa ideia, de preferência um texto curto de uma revista”, afirma especialista. "Um livro com um enredo interessante pode surtir o efeito contrário ao desejado: você fica acordado até mais tarde para continuar lendo."

Escurecer o quarto
A melatonina, hormônio responsável por promover a sensação de sono no organismo, só é produzida quando há ausência de luz. Por isso, o quarto deve estar totalmente escuro, com as luzes apagadas e janelas fechadas. "Mesmo pouca quantidade de luz, como a de um rádio relógio, pode atrapalhar o sono", afirma especialista.

Pesquisa revela como privação de sono pode desencadear diabetes

O estudo descobriu que proteína que regula o relógio biológico em mamíferos está relacionada à síntese de glicose no fígado

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Pesquisadores americanos descobriram que uma proteína que regula o relógio biológico de mamíferos também está relacionada à síntese de glicose no fígado durante períodos de jejum prolongado. A descoberta, publicada na revista Nature Medicine, ajuda a entender a relação entre privação de sono e distúrbios metabólicos, como obesidade e diabete, abrindo caminho para novas estratégias terapêuticas.

Quando ficamos muito tempo sem alimento, o organismo mantém a taxa de glicose no sangue estável e garante energia aos órgãos graças a um processo chamado gluconeogênese (síntese de glicose a partir de gordura ou das proteínas dos músculos). Os cientistas descobriram agora que esse mecanismo é regulado por uma proteína chamada criptocromo. Em experiências com ratos, foi possível reduzir a glicemia dos animais ao controlar os níveis de criptocromo no fígado.

“Acredito que estamos descobrindo novas formas de tratar o diabete tipo 2. Mas ainda estamos em um estágio muito inicial”, afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo Steve Kay, diretor do Departamento de Ciências Biológicas da Universidade da Califórnia e coordenador do estudo. “Serão necessários pelo menos dez anos até se tornarem viáveis os testes clínicos.” Para Kay, o aumento na incidência de doenças como obesidade e diabete está intimamente relacionado ao estilo de vida moderno, que impede um padrão regular de sono.

O criptocromo foi inicialmente conhecido pelos cientistas como substância-chave na regulação do relógio biológico das plantas. Depois, descobriu-se que tem a mesma função nos mamíferos. Mas seu papel na regulação da produção de glicose no fígado foi uma surpresa para a equipe de pesquisadores.

Sono irregular
Diversos estudos mostram que pessoas que sofrem privação de sono tendem a se tornar mais obesas e diabéticas ao longo dos anos, mas ninguém sabia como a alteração no relógio biológico prejudicava o metabolismo, afirma Dalva Poyares, pesquisadora do Instituto do Sono e professora da Universidade Federal de São Paulo. “Essa proteína parece ser o link, mas é precoce afirmar que não há outros mecanismos envolvidos.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os três inimigos do homem

Ronco, barriga de chope e disfunção erétil andam juntos. Saiba como quebrar este círculo vicioso


pneia do sono aumenta o risco de impotência

Quem ronca geralmente não sabe o risco que está correndo. Não se trata apenas de quebrar o silêncio da noite e perturbar aqueles que compartilham do mesmo espaço. Roncar é sintoma de problemas que muito provavelmente vão causar disfunção erétil.
O homem que ronca tem três vezes mais chances de falhar na hora do sexo. E esse risco aumenta para quatro vezes após os 50 anos. Isso acontece porque o sono do roncador é prejudicado e, sem completar os ciclos necessários de descanso, o organismo sofre alterações metabólicas perigosas.
O foco das atenções está sempre no ronco devido ao desconforto sonoro que ele causa. Mas o grande vilão da história é outro. Roncar é sintoma de apneia do sono, doença na qual a respiração chega a ser interrompida por alguns segundo.
“Essa interrupção torna o sono fragmentado e mais superficial”, explica Geraldo Rizzo, neurologista e especialista em sono do Hospital Moinhos de Vento. Ele esclarece que tal fragmentação impede o homem de atingir os estágios mais profundos do descanso, os quais são necessário para a produção de testosterona, hormônio do crescimento e óxido nítrico.
Principal hormônio masculino, a testosterona está diretamente ligada à libido e à vitalidade do homem. Quando há queda na produção dela, a pessoa passa a ter menos desejo sexual. “Já o óxido nítrico é um neurotransmissor responsável pela ereção. Ele mantém a irrigação dos corpos cavernosos (anatomia interna do pênis)”, afirma o dentista Fausto Ito, membro da Associação Brasileira do Sono.
O hormônio do crescimento não tem uma ligação tão forte com o desempenho sexual, mas há uma relação indireta. Quando o homem sofre uma redução na produção deste hormônio, ele se torna mais cansado e mais vulnerável a doenças. Isso pode interferir em sua vida sexual e até mesmo em sua aparência.

E a barriga de chope?
A gordura visceral, também chamada de barriga de chope, agrava toda a situação. Ela intensifica de algumas formas a relação entre apneia do sono e disfunção erétil. O próprio peso da barriga já é um problema. “Ele pode comprometer o movimento respiratório”, alerta Rizzo.
Isso acontece porque a gordura abdominal se concentra na mesma região do diafragma, músculo que está logo abaixo das costelas. Ele é responsável por viabilizar os movimentos da respiração e, quando há muito peso em cima, a força para tal movimento precisa ser maior.
Além do peso, a barriga de chope traz consigo outro problema: o chope. O consumo regular de qualquer bebida alcoólica interfere no sistema nervoso central e causa relaxamento muscular por todo o corpo. “Isso faz a pessoa roncar mais e mais alto. Também aumenta a quantidade e o tempo de apneia”, afirma Fauto Ito. Assim, o homem terá mais interrupções e interrupções mais longas da respiração durante sono, o que vai aumentar a chance de impotência.
Não bastasse tudo isso, a barriga de chope é sinal também de que o homem está acima do peso e provavelmente acumula gordura na região do pescoço. Isso prejudica a passagem do ar durante o sono e pode causar ou agravar a apneia.

Ainda pode piorar
Ter disfunção erétil não é a única consequência grave da combinação ronco e barriga de chope, há risco de variações na pressão arterial perigosas para quem sofre de hipertensão ou tem problemas cardíacos. “Quando a respiração do apneico é interrompida, o coração bate lentamente e a pressão arterial diminui. Mas quando o homem volta a respirar, acontece um pico de pressão arterial”, alerta Luciano Ribeiro, neurologista do Instituto do Sono.

Há também risco aumentado para diabetes, infarto, acidente vascular cerebral (AVC) e para todas as doenças da síndrome metabólica. "Dormir mal aumenta a produção de grelina e reduz a de leptina", aponta Fausto Ito. A leptina é um hormônio ligado a saciedade, enquanto a grelina está ligada ao apetite. "A pessoa terá menos saciedade e mais vontade de comer, especialmente alimentos mais gordurosos", afirma.
O combate ao problema requer estratégias individualizadas. “É preciso identificar a causa da apneia”, aponta Ito.
A respiração pode ser interrompida por outros fatores anatômicos, como mandíbula inferior muito retraída, língua grande ou palato muito baixo. Estresse, ansiedade, consumo elevado de café ou energéticos, ingestão de bebidas alcoólicas, tudo pode contribuir para a combinação de problemas.
“Uma avaliação clínica ajuda a identificá-los e depois traçamos uma estratégia para melhorar a higiene do sono, para que o homem consiga dormir bem e com tranqüilidade”, explica o dentista.

domingo, 4 de janeiro de 2015

Proteja-se do Câncer de Tireoide

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Apesar de pouco comum, é preciso estar atento ao câncer de tireoide. Diagnosticado a partir de um tumor maligno de crescimento dentro da glândula da tireoide, possui excelentes perspectivas de tratamento. Assim como o câncer de mama, atinge na sua maioria mulheres acima de 35 anos. Porém, atinge também homens e mulheres entre 25 e 65 anos, principalmente, sendo três vezes mais frequente em mulheres.

Geralmente, o câncer de tireoide é descoberto pelo próprio paciente através do autoexame, que pode ser realizado a qualquer hora do dia, em qualquer lugar. Desse modo, no caso de encontrar alguma alteração (uma protuberância ou nódulo) na base do pescoço, é importante que consulte imediatamente um endocrinologista. Concluído o exame físico, pelo autoexame e pelo exame realizado pelo médico, ele solicitará novos exames para um diagnóstico conclusivo.

Algumas vezes, o câncer de tireoide pode reaparecer, após seu tratamento, ou se espalhar por outras partes do corpo. Por este motivo, os médicos recomendam um acompanhamento por meio de exames periódicos.

Algumas evidências científicas mostram que a exposição à radioatividade (a irradiação) externa, na cabeça ou no pescoço, pode provocar o câncer de tireoide. Pessoas expostas à radiação (terapias com Raios-X) entre as décadas de 20 e 60 (para o tratamento de acnes, amigdalite ou adenoides, por exemplo) têm maior risco de desenvolver o carcinoma de tireoide.

Os Números do Câncer

O câncer de tireoide ou carcinoma primário de tireoide (carcinoma tireoideano) é uma forma relativamente comum de doença maligna. Os nódulos tireoideanos são encontrados em 10% da população adulta, sendo benignos em mais de 90% dos casos. A maioria dos doentes apresentam uma excelente sobrevida a longo prazo.

A incidência da doença aumentou 10% na última década, mas o número de mortes relacionadas ao carcinoma tireoideano diminuiu. Cerca de 85% dos pacientes com doença diagnosticada e tratada em estágio inicial se mantém vivos e ativos.

De 65 a 80% destes cânceres são diagnosticados como câncer de tireoide papilar; 10 a 15%, como folicular; 5 a 10%, como medular e 3 a 5%, como anaplásico. Muitos médicos acreditam que os exames realizados dos primeiros 5 a 10 anos após a cirurgia de extração do tumor na tireoide são críticos.

Tipos de Câncer de Tireoide

Carcinoma papilifero – é o tipo mais comum. Pode aparecer em pacientes de qualquer idade, porém predomina entre os 30 e 50 anos. Devido à longa expectativa de vida, estima-se que uma entre mil pessoas tem ou teve este tipo de câncer. A taxa de cura é muito alta, chegando a se aproximar de 100%.

Carcinoma folicular – Tende a ocorrer em pacientes com mais de 40 anos. É considerado mais agressivo do que o papilifero. Em dois terços dos casos, não tem tendência à disseminação. Um tipo de carcinoma folicular mais agressivo é o Hurthle, que atinge pessoas com mais de 60 anos.

Carcinoma medular – Afeta as células parafoliculares, responsáveis pela produção da calcitonia, hormônio que contribui na regulação do nível sanguíneo de cálcio. Esse tipo de câncer costuma se apresentar de moderadamente a muito agressivo, sendo de difícil tratamento.

Carcinoma anaplásico ou inmedular – É muito raro. Porém é o tipo mais agressivo e tem o tratamento mais difícil, sendo responsável por dois terços dos óbitos de câncer da tireoide.

Tirando Dúvidas Sobre Tireoide e Gestação

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Veja abaixo o esclarecimento das principais dúvidas sobre a relação entre os problemas da tireoide e a fertilidade feminina ou a gestação. As questões foram feitas pelos internautas e respondidas pela equipe do Departamento de Tireoide. Caso tenha alguma dúvida além das aqui esclarecidas, entre em contato com a Redação Online da SBEM.

Hipertireoidismo

1. Qual a relação da gravidez com o hipertireoidismo?

Resposta: O hipertireoidismo não tratado pode impedir a ovulação, causar alterações no feto ou mesmo o abortamento. As pacientes hipertireoideas grávidas devem ter o acompanhamento de um endocrinologista.

2. Tenho hipertireoidismo e gostaria de saber se passando para hipotireoidismo, corre risco de não ter filhos?

Resposta: A disfunção da tireoide deve ser tratada. Com a normalização da função tireoidiana não haverá problemas para engravidar.

3. Qual o tratamento indicado para hipertireoidismo antes e durante a gravidez?

Resposta: O ideal seria que o hipertireoidismo estivesse resolvido antes que a gravidez fosse desejada. Entretanto, se isto não for possível, ou se a gravidez acontecer, a gestante deverá usar o mínimo de drogas antitireodianas possível, devido à passagem placentária das mesmas. A gestante deverá ter um acompanhamento frequente com o endocrinologista.

4. É verdade que mães com hipertireoidismo não tratado durante a gestação, podem ter filhos com problemas mentais? Por que isso acontece?

Resposta: Não existem evidências que o hipertireodismo materno afete o desenvolvimento mental de seus filhos. O mesmo não se pode dizer quanto ao hipotireoidismo materno, pois existe uma série de estudos que apontam que filhos de mães hipotireoidianas podem ter problemas cognitivos e até redução de QI.


Hipotireoidismo

1. De que maneira o hipotireoidismo afeta a fertilidade da mulher?

Resposta: Existe uma interação importante entre os hormônios tireoidianos (HT) e os ovários. Assim, receptores tireoidianos, que são estruturas através das quais os HT atuam, são expressos nos oócitos e células da granulosa do ovário. Os HT sinergizam com FSH (hormônio hipofisário que estimula o ovário) para exercer efeitos estimulatórios diretos nas células da granulosa incluindo diferenciação morfológica. Estudos experimentais mostram que o T4 (hormônio da tireoide) é necessário para taxas máximas de fertilizações e desenvolvimento do óvulo fecundado.

2. Quais os cuidados necessários durante a gravidez, nos casos de mãe com hipotireoidismo?

Resposta: Durante a gravidez, as mulheres portadoras de hipotireoidismo devem ter a sua dose diária de T4 aumentada. Não é bom para o desenvolvimento do bebê se o T4 estiver baixo. Além disto, as mulheres com hipotireoidismo podem ter dificuldade de engravidar e tem maior risco de abortamento.

3. Em mulheres que engravidam durante o tratamento de hipotireoidismo a dosagem do hormônio pode prejudicar o bebê?

Resposta: O ideal é que a mulher hipotireoidiana tenha a gravidez planejada e engravidem com concentrações normais de T4 no sangue. Entretanto, assim que souberem da gravidez devem procurar o seu endocrinologista, o qual, possivelmente, terá que ajustar a dose da medicação. O hipotireoidismo bem controlado não trará qualquer prejuízo ao feto.

4. A mulher que está amamentando pode continuar fazendo sua reposição de hormônios da tireoide sem causar danos ao bebê? Existe algum medicamento específico neste caso?

Resposta: A mulher hipotireoidiana poderá amamentar o bebê sem qualquer problema, mas deverá ajustar a dosagem da medicação, de acordo com as recomendações médicas.



Hipertireoidismo Congênito (no Recém-Nascido)


1. O que a mulher hipertireoidiana pode fazer durante a gravidez para evitar o hipertireoidismo no recém-nascido?

Resposta: O hipertireoidismo no recém-nascido não é comum, documentando-se incidência menor que 1% nas crianças nascidas de mães hipertireoidianas. É causado pela transferência pela mãe de anticorpos estimuladores da tireoide. Quando a mãe é tratada com drogas antitireoidianas, o feto se beneficia do tratamento materno e permanece eutireoidiano durante a gestação. Entretanto, o efeito protetor da droga é perdido após o parto e o hipertireoidismo clínico poderá se desenvolver poucos dias após o parto, podendo requerer tratamento com drogas antitireoidianas. Altos títulos de anticorpos estimuladores identificados no terceiro trimestre da gestação são preditores de hipertireoidismo neonatal.

2. Existe algum risco de uma mulher sem problemas na tireoide ter um filho com hipertireoidismo?

Resposta: Existe o hipertireodismo congênito decorrente de alterações no gene que expressa o receptor de TSH (hormônio que estimula a tireoide), mas é uma condição clínica muito rara.

Nódulo Tireoideano

1. “Durante a gestação eu tive um aumento de peso em torno de 40 kg, e no final dela foi descoberto um nódulo no meu pescoço. Cheguei a fazer a biopsia, mas só agora vou começar a fazer o tratamento, pois estava amamentando e eu estou com a doença de Plummer. Eu gostaria de saber se esse aumento de peso pode ter sido decorrente do desarranjo hormonal ou não teria nenhuma ligação?"

Resposta: A doença de Plummer é um nódulo tireoidiano único e hiperfuncionante, que geralmente causa hipertireoidismo. O hipertireoidismo causa perda de peso e não ganho. Assim, creio que o seu ganho de peso não esteja relacionado ao desenvolvimento da doença tireoidiana.

Fonte: Respostas do Departamento de Tireoide

Alimentação e Tireoide

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Alimentar-se de forma equilibrada é importante para a manutenção de peso ideal e da saúde plena. O mesmo se aplica para as pessoas com algum distúrbio na tireoide, seja ele hipotireoidismo ou hipertireoidismo. De acordo com a Dra. Laura Ward, presidente do Departamento de Tireoide da SBEM (Gestão 2011-2012), embora certos alimentos, quando ingeridos em excesso e por longos períodos, possam interferir com o metabolismo da tireoide, sua proibição não é usual para quem tem problemas com a glândula. “Apenas em situações especiais, como antes da realização de alguns exames ou tratamentos específicos, é que uma dieta direcionada é orientada. No geral, o ideal é que se mantenha uma alimentação saudável e balanceada em todos os nutrientes”, afirma.
Segundo a especialista, quem tem problemas na glândula deve ficar atento a excessos de determinados tipos de alimentos. “O ideal é que o paciente não coma sal em grande quantidade, já que o sal é iodado e o excesso de iodo pode piorar um distúrbio de tireoide latente (não manifestado clinicamente ainda) ou já em tratamento. Isso desregula totalmente o metabolismo do indivíduo”, alerta.
A endocrinologista chama atenção ainda para os alimentos que podem causar bócio, os chamados bociogênicos, ou que contenham isoflavonas em grande quantidade. “Alimentos como repolho, nabo, soja e couve podem ser consumidos uma ou duas vezes por semana, mas não todos os dias”, alerta Dra. Laura.
Atenção para a Soja
De acordo com Dra. Tânia Bachega, presidente da Comissão Nacional dos Desreguladores Endócrinos da SBEM, a partir da aprovação da rotulagem de alimentos com soja como protetores para doença coronariana pelo Food and Drug Administration (FDA), em 1999, o consumo destes produtos vem aumentando a cada dia. “Com o aumento no consumo de soja, cresceram as preocupações se este alimento poderia afetar o equilíbrio da função tireoidiana. Estudos in vitro demonstraram que os fitoestrógenos presentes na soja, além de diminuírem a ação periférica dos hormônios tireoidianos, também afetam a sua síntese por inibição da tireoperoxidase, uma enzima chave na síntese dos hormônios tireoidianos. Eles induzem ainda a proliferação dos tireócitos, predispondo ao hipotireoidismo e bócio”, explica. “É muito discutida a hipótese de que a ingestão da soja por indivíduos predispostos ao desenvolvimento de doença tireoidiana poderia desencadear ou acelerar a evolução para franco hipotireoidismo”, alerta.
Segundo dados de uma pesquisa, comentados pela especialista, em uma análise de mulheres com hipotireoidismo subclínico, observou-se que o consumo diário de 16 mg/dia de isoflavona, equivalente ao ingerido pelos vegetarianos, aumentou em três vezes o risco para o desenvolvimento de hipotireoidismo franco. “Este hipotireoidismo não foi reversível com a suspensão da ingestão de soja, sugerindo que as isoflavonas também possam atuar através da modulação do processo autoimune”, explica. “Outro aspecto importante que merece ser enfatizado é que os fitoestrógenos podem diminuir a absorção tanto do hormônio tireoidiano como do iodo, havendo a necessidade de um fino ajuste da dose da terapia com levotiroxina, especialmente nos portadores hipotireoidismo congênito”, reitera.

Em relação ao consumo ideal de soja, Dra. Tânia explica que não é possível determinar qual seria a dose isenta de efeitos nocivos: “Baseando-se no mecanismo de ação dos desreguladores endócrinos, doses pequenas podem alterar o funcionamento da tireoide, especialmente nos indivíduos de maior suscetibilidade: fetos, lactentes e adolescentes”, explica. Os fitoestrógenos podem também ser encontrados em outros alimentos como cevada, centeio, ervilha e algas.