Pesquisa revela como privação de sono pode desencadear diabetes
O estudo descobriu que proteína que regula o relógio biológico em mamíferos está relacionada à síntese de glicose no fígado

Pesquisadores americanos descobriram que uma proteína que regula o
relógio biológico de mamíferos também está relacionada à síntese de
glicose no fígado durante períodos de jejum prolongado. A descoberta,
publicada na revista Nature Medicine, ajuda a entender a relação entre
privação de sono e distúrbios metabólicos, como obesidade e diabete,
abrindo caminho para novas estratégias terapêuticas.
Quando ficamos muito tempo sem alimento, o organismo mantém a taxa de
glicose no sangue estável e garante energia aos órgãos graças a um
processo chamado gluconeogênese (síntese de glicose a partir de gordura
ou das proteínas dos músculos). Os cientistas descobriram agora que esse
mecanismo é regulado por uma proteína chamada criptocromo. Em
experiências com ratos, foi possível reduzir a glicemia dos animais ao
controlar os níveis de criptocromo no fígado.
“Acredito que estamos descobrindo novas formas de tratar o diabete tipo
2. Mas ainda estamos em um estágio muito inicial”, afirmou ao jornal O
Estado de S. Paulo Steve Kay, diretor do Departamento de Ciências
Biológicas da Universidade da Califórnia e coordenador do estudo. “Serão
necessários pelo menos dez anos até se tornarem viáveis os testes
clínicos.” Para Kay, o aumento na incidência de doenças como obesidade e
diabete está intimamente relacionado ao estilo de vida moderno, que
impede um padrão regular de sono.
O criptocromo foi inicialmente conhecido pelos cientistas como
substância-chave na regulação do relógio biológico das plantas. Depois,
descobriu-se que tem a mesma função nos mamíferos. Mas seu papel na
regulação da produção de glicose no fígado foi uma surpresa para a
equipe de pesquisadores.
Sono irregular
Diversos estudos mostram que pessoas que sofrem privação de sono tendem a
se tornar mais obesas e diabéticas ao longo dos anos, mas ninguém sabia
como a alteração no relógio biológico prejudicava o metabolismo, afirma
Dalva Poyares, pesquisadora do Instituto do Sono e professora da
Universidade Federal de São Paulo. “Essa proteína parece ser o link, mas
é precoce afirmar que não há outros mecanismos envolvidos.” As
informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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