domingo, 10 de maio de 2015

Mãe conta a experiência de luta com o filho prematuro na UTI, em RO

Casal é de Ji-Paraná e está há três meses com o filho na UTI, na capital.
Bernardo nasceu aos 6 meses da gestação, com prematuridade extrema.


Patrícia só pôde pegar o filho no colo quando ela já tinha mais de 30 dias de nascido (Foto: Pâmela Fernandes/G1)

Patrícia só pôde pegar o filho no colo quando ela já tinha mais de 30 dias de nascido (Foto: Arquivo Pessoal)
A maternidade sempre fez parte dos sonhos de Karen Patrícia Araújo Loubak Lessa, de Ji-Paraná(RO), cidade localizada a cerca de 370 quilômetros da capital Porto Velho. Durante os sete anos de casamento com Moisés Lessa, ela teve três gestações, mas perdeu os bebês das duas primeiras, e na terceira, depois de muitas complicações, nasceu, aos seis meses da gestação, Bernardo Araújo Loubak Lessa, no dia 22 de fevereiro de 2015. Era o início de uma luta pela vida do filho do casal, que tanto sonhou com um bebê.
Bernardo nasceu com prematuridade extrema, pesando 1.015 kg e medindo 36 centímetros. O primeiro susto veio início da gravidez. Na primeira ultrassom, os médicos não conseguiram ver o embrião e nem ouvir o coração dele. "Mas para minha alegria, 12 dias depois repetimos o exame e ele apareceu. Pela primeira vez ouvi aquele 'tumtumtum' e foi maravilhoso. Era real, ele estava ali", conta Patrícia.
Até os quatro meses, tudo correu tranquilamente. No quinto mês, Patrícia descobriu uma incompetência istmo-cervical (no colo do útero curto) e precisou fazer uma cirurgia chamada cerclagem , na tentativa de evitar a prematuridade extrema do filho. Ficou em repouso absoluto, sem levantar da cama. Com 26 semanas ela sofreu um sangramento e precisou ir para Porto Velho, pois, a qualquer momento, poderia dar à luz.
A mãe estava internada há cerca de uma semana, quando os médicos decidiram fazer o parto. A cirurgia era de risco e ninguém podia acompanhar a mãe.“Não havia nada em que eu pudesse me agarrar, nada palpável em que eu pudesse esperar, somente a certeza de que o Senhor Jesus estava no controle da minha história e que para Ele nada seria impossível”, conta.
A primeira vez que Patrícia conseguiu pegar o filho no colo ele já tinha mais de 30 dias de nascido, envolto em fios e aparelhos. Ela diz que foi um momento único e maravilhoso. “Não havia aquele vidro nos separando. Foi como se aquele vínculo que estávamos construindo fosse selado naquele momento. Não havia nada entre nós, nenhuma doença, nenhum problema, nenhuma barreira, nenhuma dificuldade, somente nós dois juntos”, conta a mãe.Depois de alguns minutos, perguntou à médica se ainda faltava muito para o nascimento da criança e soube que ele já havia nascido.  “E então eu ouvi um chorinho longe, fraquinho, e em seguida eles passaram com ele já dentro da incubadora, com aquele monte de aparelhos no seu pequeno rostinho, e foi direto para UTI neonatal.  Não pude tocá-lo, não pude senti-lo, não pude sequer vê-lo, mas aquele momento tão doloroso e difícil trouxe a maior alegria que eu pude experimentar na vida: o nascimento do meu amado filho Bernardo”, conta.
Por causa da prematuridade, Bernardo teve complicações como apneia de prematuridade, infecções, displasia bronco pulmonar, hemorragia intra craniana grau 1 e, por último, apresentou o quadro de retinopatia da prematuridade, que atinge as retinas dos  olhos e pode levar à cegueira. “Houveram momentos em que saí do hospital chorando e quando voltei no dia seguinte, um milagre havia acontecido. Em outros dias me ligaram para que eu fosse até o hospital ficar com ele, pois poderia ser a última vez . E assim eu fiz. Fiquei com ele ali, segurando suas mãozinhas geladas, dizendo a ele que eu o amava, intercedendo e clamando a Deus por um milagre”, conta.
Hoje, com quase três meses de vida Bernardo continua na UTI. Já está pesando 1kg700  e, segundo a mãe, quando chegar aos 2k já poderá receber alta. A previsão é que dentro de três semanas ele possa ir para casa com os pais. 
Em tão pouco tempo, Patrícia conta que o filho a ensinou muita coisa, e quando questionada sobre o que é ser mãe, ela diz: “Ser mãe?  É acreditar quando ninguém acredita, vibrar por cada conquista, por menor que ela seja. Sonhar mesmo diante da incerteza. É amar inexplicavelmente um novo ser sem se quer termos sido apresentados. É buscar do alto forças, mesmo quando estamos fracas, para poder dizer ao seu filho que tudo vai dar certo. É abrir mão, é esquecer de si”, finaliza.

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