segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Novos estudos ligam apneia do sono à asma e ao Alzheimer


Três estudos que serão apresentados durante a Conferência Internacional da Sociedade Americana Torácica, que acontece na Filadélfia, Estados Unidos, lançam luz sobre causas e complicações da apneia do sono. As novas pesquisas, feitas em instituições americanas, revelam, por exemplo, que a asma pode ser considerada como um fator de risco para o surgimento do problema. Além disso, um dos trabalhos descobriu que testes que avaliam a capacidade cardíaca podem ajudar os médicos a identificar quais pacientes com apneia do sono correm maior risco de vida (é conhecida a relação entre apneia e doenças do coração). Um terceiro estudo identificou uma possível ligação entre o distúrbio do sono e a doença de Alzheimer.
A apneia é a forma mais comum dos distúrbios respiratórios do sono, e acontece quando a respiração é bloqueada, deixando a pessoa sem ar e provocando ronco e a interrupção do sono. O problema é associado à obesidade, diabetes, pressão alta, ataques cardíacos e derrames. Pesquisas anteriores já associaram esse tipo de desordem também a doenças cardiovasculares, depressão e câncer. A apneia obstrutiva do sono é a forma mais comum do distúrbio, e ocorre quando há uma obstrução na garganta ou nas vias respiratórias superiores.
Conheça as três pesquisas que serão apresentadas na conferência, que vai até quarta-feira:

1 - Teste cardíaco para prever risco de vida


Quem fez:Equipe de médicos da Clínica Cleveland, nos Estados Unidos, coordenada pelo pesquisador Omar Minai

A pesquisa: Os autores do estudo analisaram os prontuários de 1.533 pacientes com apneia do sono que foram submetidos a um teste ergométrico (ou de esforço). Esse teste mede a capacidade cardiorrespiratória de uma pessoa, avaliando a quantidade de stress que seu coração consegue suportar sem que desenvolva uma arritmia cardíaca ou uma cardiopatia isquêmica (quando o fluxo sanguíneo que chega ao músculo cardíaco é insuficiente). No exame, o paciente geralmente é orientado a se exercitar em uma bicicleta ergométrica ou em uma esteira, e seu coração é monitorado por eletrocardiograma. Depois, os pesquisadores compararam o risco de vida entre os pacientes com e sem capacidade funcional cardíaca prejudicada. Sabe-se que a apneia do sono é um fator de risco para doenças cardíacas.

Conclusão: Pacientes com apneia do sono que apresentavam a capacidade funcional cardíaca prejudicada apresentaram um risco cinco vezes maior de morrer do que pessoas com apneia do sono, mas com uma capacidade cardíaca normal. Para os autores do estudo, essas informações são importantes por mostrarem que o teste ergométrico pode ser fundamental para ajudar os médicos a identificar, entre pacientes com apneia do sono, quais são aqueles que correm maior risco de vida.






2 - Asma como fator de risco para apneia do sono

 Quem fez: Pesquisadores da Universidade de Wisconsin, Estados Unidos

A pesquisa: Foram analisados os dados de um estudo iniciado em 1998 com cerca de 1.500 pessoas. Os pesquisadores analisaram o risco de esses indivíduos desenvolverem apneia do sono em um período de oito anos.
Conclusão: Pessoas com asma apresentaram um risco 70% maior de ter apneia do sono em um período de oito anos em comparação com indivíduos que não eram asmáticos. Esse risco foi ainda maior entre pessoas que desenvolveram asma na infância: nesse caso, a chance de ter apneia do sono foi mais do que o dobro do que a de não asmáticos. Além disso, a duração da asma pode interferir no risco: segundo o estudo, para cada cinco anos em que uma pessoa sofre de asma, as chances de desenvolver apneia do sono aumentam em 10% em um período de oito anos. Essas conclusões foram obtidas após os pesquisadores ajustarem os dados para outros fatores que contribuem com a apneia do sono – como índice de massa corporal (IMC) elevado, consumo de álcool e idade. Os resultados, no entanto, ainda não são suficientes para que o histórico de asma já seja tratado como um forte fator de risco para a apneia do sono. Para tanto, serão necessárias pesquisas mais amplas, segundo Paul Peppard, coordenador do estudo.

3 - Associação entre apneia do sono e Alzheimer


Quem fez: Equipe de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York, Estados Unidos.
A pesquisa: Os autores do estudo avaliaram 68 idosos com uma idade média de 71 anos. Os participantes foram submetidos a duas noites de testes de sono e também a exames que indicam a presença de algum marcador biológico (substâncias medidas para detectar alguma doença ou desequilíbrio no organismo) para a doença de Alzheimer.
Conclusão: De acordo com a pesquisa, participantes com algum distúrbio respiratório do sono, como a apneia, são mais propensos a ter algum marcador biológico que indica um estágio inicial da doença de Alzheimer. A pesquisa não conseguiu, porém, explicar de que forma essa relação é estabelecida: se o distúrbio do sono causa Alzheimer, ou é o Alzheimer que desencadeia o distúrbio. "A prevalência de apneia do sono dispara entre idosos, e esse fato não tem recebido a atenção devida", diz Ricardo Osorio, coordenador do estudo. De acordo com ele, a prevalência de apneia do sono na população em geral é de 10% a 20%. Entre pessoas acima dos 65 anos, a incidência vai de 30% a 60%. "Não sabemos por que o problema se torna tão comum entre pessoas mais velhas, mas pode ser que seja porque esses indivíduos são mais propensos a se encontrarem em um estágio pré-clínico (antes do surgimento dos sintomas) do Alzheimer."

Fonte: veja.abril.com.br

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