Estudo constatou que quem sofre de apneia tem um menor consumo de oxigênio durante exercícios físicos como a corrida e o ciclismo
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Resultado: A apneia do sono diminui em 16% a capacidade do organismo de consumir oxigênio durante atividades físicas aeróbicas.
A apneia do sono ocorre quando uma via respiratória é bloqueada
subitamente e interrompe a respiração durante o sono — o que pode
acontecer diversas vezes em uma noite.Resultado: A apneia do sono diminui em 16% a capacidade do organismo de consumir oxigênio durante atividades físicas aeróbicas.
“Nós acreditamos que a própria apneia do sono provoca alterações estruturais nos músculos que contribuem para que os pacientes tenham dificuldade em realizar exercícios físicos aeróbicos”, explica Jeremy Beitler, coautor do estudo e professor na Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos.
Testes — Participaram da pesquisa 140 pessoas, das quais 50 tinham apneia moderada a severa. Os estudiosos mediram a taxa de metabolismo basal e o VO2 máximo de cada participante. O primeiro índice determina a quantidade de energia que o corpo necessita para desempenhar suas funções básicas. O segundo mostra o limite de oxigênio que o organismo consome durante um exercício físico extenuante.
Os pesquisadores constataram que as pessoas que tinham apneia apresentavam um VO2 máximo 16% menor do que os que não sofriam do distúrbio. De acordo com os cientistas, os resultados podem estimular o tratamento para a apneia do sono, um distúrbio negligenciado.
Pesquisas sobre apneia do sono
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Teste cardíaco para prever risco de vida
Quem fez: Equipe de médicos da Clínica Cleveland, nos Estados Unidos, coordenada pelo pesquisador Omar Minai
A pesquisa: Os autores do estudo analisaram os
prontuários de 1.533 pacientes com apneia do sono que foram submetidos a
um teste ergométrico (ou de esforço). Esse teste mede a capacidade
cardiorrespiratória de uma pessoa, avaliando a quantidade de stress que
seu coração consegue suportar sem que desenvolva uma arritmia cardíaca
ou uma cardiopatia isquêmica (quando o fluxo sanguíneo que chega ao
músculo cardíaco é insuficiente). No exame, o paciente geralmente é
orientado a se exercitar em uma bicicleta ergométrica ou em uma esteira,
e seu coração é monitorado por eletrocardiograma. Depois, os
pesquisadores compararam o risco de vida entre os pacientes com e sem
capacidade funcional cardíaca prejudicada. Sabe-se que a apneia do sono é
um fator de risco para doenças cardíacas.
Conclusão: Pacientes com apneia do sono que
apresentavam a capacidade funcional cardíaca prejudicada apresentaram um
risco cinco vezes maior de morrer do que pessoas com apneia do sono,
mas com uma capacidade cardíaca normal. Para os autores do estudo, essas
informações são importantes por mostrarem que o teste ergométrico pode
ser fundamental para ajudar os médicos a identificar, entre pacientes
com apneia do sono, quais são aqueles que correm maior risco de vida.
Asma como fator de risco para apneia do sono
Quem fez: Pesquisadores da Universidade de Wisconsin, Estados Unidos
A pesquisa: Foram analisados os dados de um estudo
iniciado em 1998 com cerca de 1.500 pessoas. Os pesquisadores analisaram
o risco de esses indivíduos desenvolverem apneia do sono em um período
de oito anos.
Conclusão: Pessoas com asma apresentaram um risco 70%
maior de ter apneia do sono em um período de oito anos em comparação com
indivíduos que não eram asmáticos. Esse risco foi ainda maior entre
pessoas que desenvolveram asma na infância: nesse caso, a chance de ter
apneia do sono foi mais do que o dobro do que a de não asmáticos. Além
disso, a duração da asma pode interferir no risco: segundo o estudo,
para cada cinco anos em que uma pessoa sofre de asma, as chances de
desenvolver apneia do sono aumentam em 10% em um período de oito anos.
Essas conclusões foram obtidas após os pesquisadores ajustarem os dados
para outros fatores que contribuem com a apneia do sono – como índice de
massa corporal (IMC) elevado, consumo de álcool e idade. Os resultados,
no entanto, ainda não são suficientes para que o histórico de asma já
seja tratado como um forte fator de risco para a apneia do sono. Para
tanto, serão necessárias pesquisas mais amplas, segundo Paul Peppard,
coordenador do estudo.
Associação entre apneia do sono e Alzheimer
Quem fez: Equipe de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York, Estados Unidos.
A pesquisa: Os autores do estudo avaliaram 68 idosos
com uma idade média de 71 anos. Os participantes foram submetidos a duas
noites de testes de sono e também a exames que indicam a presença de
algum marcador biológico (substâncias medidas para detectar alguma
doença ou desequilíbrio no organismo) para a doença de Alzheimer.
Conclusão: De acordo com a pesquisa, participantes com
algum distúrbio respiratório do sono, como a apneia, são mais propensos
a ter algum marcador biológico que indica um estágio inicial da doença
de Alzheimer. A pesquisa não conseguiu, porém, explicar de que forma
essa relação é estabelecida: se o distúrbio do sono causa Alzheimer, ou é
o Alzheimer que desencadeia o distúrbio. "A prevalência de apneia do
sono dispara entre idosos, e esse fato não tem recebido a atenção
devida", diz Ricardo Osorio, coordenador do estudo. De acordo com ele, a
prevalência de apneia do sono na população em geral é de 10% a 20%.
Entre pessoas acima dos 65 anos, a incidência vai de 30% a 60%. "Não
sabemos por que o problema se torna tão comum entre pessoas mais velhas,
mas pode ser que seja porque esses indivíduos são mais propensos a se
encontrarem em um estágio pré-clínico (antes do surgimento dos sintomas)
do Alzheimer."
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