domingo, 14 de dezembro de 2014

Apneia do sono pode dificultar a prática de atividades aeróbicas

Estudo constatou que quem sofre de apneia tem um menor consumo de oxigênio durante exercícios físicos como a corrida e o ciclismo

cansaço

Sofrer de apneia do sono pode diminuir a capacidade de realizar exercícios aeróbicos. Isso ocorre porque há um menor consumo de oxigênio durante a prática de atividades físicas extenuantes, como a corrida e o ciclismo. Essa foi a constatação de um estudo publicado na edição de novembro do periódico Journal of Clinical Sleep Medicine.
CONHEÇA A PESQUISA

Resultado: A apneia do sono diminui em 16% a capacidade do organismo de consumir oxigênio durante atividades físicas aeróbicas.
A apneia do sono ocorre quando uma via respiratória é bloqueada subitamente e interrompe a respiração durante o sono — o que pode acontecer diversas vezes em uma noite.
“Nós acreditamos que a própria apneia do sono provoca alterações estruturais nos músculos que contribuem para que os pacientes tenham dificuldade em realizar exercícios físicos aeróbicos”, explica Jeremy Beitler, coautor do estudo e professor na Faculdade de Medicina de Harvard, nos Estados Unidos.
Testes — Participaram da pesquisa 140 pessoas, das quais 50 tinham apneia moderada a severa. Os estudiosos mediram a taxa de metabolismo basal e o VO2 máximo de cada participante. O primeiro índice determina a quantidade de energia que o corpo necessita para desempenhar suas funções básicas. O segundo mostra o limite de oxigênio que o organismo consome durante um exercício físico extenuante.
Os pesquisadores constataram que as pessoas que tinham apneia apresentavam um VO2 máximo 16% menor do que os que não sofriam do distúrbio. De acordo com os cientistas, os resultados podem estimular o tratamento para a apneia do sono, um distúrbio negligenciado.

Pesquisas sobre apneia do sono

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Teste cardíaco para prever risco de vida

Quem fez: Equipe de médicos da Clínica Cleveland, nos Estados Unidos, coordenada pelo pesquisador Omar Minai
 
A pesquisa: Os autores do estudo analisaram os prontuários de 1.533 pacientes com apneia do sono que foram submetidos a um teste ergométrico (ou de esforço). Esse teste mede a capacidade cardiorrespiratória de uma pessoa, avaliando a quantidade de stress que seu coração consegue suportar sem que desenvolva uma arritmia cardíaca ou uma cardiopatia isquêmica (quando o fluxo sanguíneo que chega ao músculo cardíaco é insuficiente). No exame, o paciente geralmente é orientado a se exercitar em uma bicicleta ergométrica ou em uma esteira, e seu coração é monitorado por eletrocardiograma. Depois, os pesquisadores compararam o risco de vida entre os pacientes com e sem capacidade funcional cardíaca prejudicada. Sabe-se que a apneia do sono é um fator de risco para doenças cardíacas.
 
Conclusão: Pacientes com apneia do sono que apresentavam a capacidade funcional cardíaca prejudicada apresentaram um risco cinco vezes maior de morrer do que pessoas com apneia do sono, mas com uma capacidade cardíaca normal. Para os autores do estudo, essas informações são importantes por mostrarem que o teste ergométrico pode ser fundamental para ajudar os médicos a identificar, entre pacientes com apneia do sono, quais são aqueles que correm maior risco de vida.
 

Asma como fator de risco para apneia do sono

Quem fez: Pesquisadores da Universidade de Wisconsin, Estados Unidos
 
A pesquisa: Foram analisados os dados de um estudo iniciado em 1998 com cerca de 1.500 pessoas. Os pesquisadores analisaram o risco de esses indivíduos desenvolverem apneia do sono em um período de oito anos.
 
Conclusão: Pessoas com asma apresentaram um risco 70% maior de ter apneia do sono em um período de oito anos em comparação com indivíduos que não eram asmáticos. Esse risco foi ainda maior entre pessoas que desenvolveram asma na infância: nesse caso, a chance de ter apneia do sono foi mais do que o dobro do que a de não asmáticos. Além disso, a duração da asma pode interferir no risco: segundo o estudo, para cada cinco anos em que uma pessoa sofre de asma, as chances de desenvolver apneia do sono aumentam em 10% em um período de oito anos. Essas conclusões foram obtidas após os pesquisadores ajustarem os dados para outros fatores que contribuem com a apneia do sono – como índice de massa corporal (IMC) elevado, consumo de álcool e idade. Os resultados, no entanto, ainda não são suficientes para que o histórico de asma já seja tratado como um forte fator de risco para a apneia do sono. Para tanto, serão necessárias pesquisas mais amplas, segundo Paul Peppard, coordenador do estudo.
 

Associação entre apneia do sono e Alzheimer

Quem fez: Equipe de pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Nova York, Estados Unidos.
 
A pesquisa: Os autores do estudo avaliaram 68 idosos com uma idade média de 71 anos. Os participantes foram submetidos a duas noites de testes de sono e também a exames que indicam a presença de algum marcador biológico (substâncias medidas para detectar alguma doença ou desequilíbrio no organismo) para a doença de Alzheimer.
 
Conclusão: De acordo com a pesquisa, participantes com algum distúrbio respiratório do sono, como a apneia, são mais propensos a ter algum marcador biológico que indica um estágio inicial da doença de Alzheimer. A pesquisa não conseguiu, porém, explicar de que forma essa relação é estabelecida: se o distúrbio do sono causa Alzheimer, ou é o Alzheimer que desencadeia o distúrbio. "A prevalência de apneia do sono dispara entre idosos, e esse fato não tem recebido a atenção devida", diz Ricardo Osorio, coordenador do estudo. De acordo com ele, a prevalência de apneia do sono na população em geral é de 10% a 20%. Entre pessoas acima dos 65 anos, a incidência vai de 30% a 60%. "Não sabemos por que o problema se torna tão comum entre pessoas mais velhas, mas pode ser que seja porque esses indivíduos são mais propensos a se encontrarem em um estágio pré-clínico (antes do surgimento dos sintomas) do Alzheimer."
 
 

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