Especialistas alertam que uso de boias pode passar falsa impressão de segurança
Por volta dos seis meses de vida, o bebê já pode ser estimulado na piscina e aproveitar muitos benefícios. Um estudo recentemente divulgado por pesquisadores do Griffith Institute for Educational Research, na Austrália, aponta que quanto mais cedo a criança aprende a nadar melhor é o seu desenvolvimento intelectual. No entanto, pais e responsáveis precisam ter muito cuidado para evitar acidentes. Segundo o Ministério da Saúde, em 2010, 1184 crianças e adolescentes de até 14 anos morreram vítimas de afogamento no Brasil, o que representa quase três óbitos por dia. Para acertar nas medidas protetoras e garantir um verão divertido e seguro para o pequeno, confira os maiores cuidados que os especialistas recomendam.
Uso de boias
A necessidade de usar boias vai depender muito
de quanto a criança está acostumada a nadar. Um profissional
especializado em natação infantil poderá ajudar a determinar isso. "Nas
aulas de natação, fazemos uma ambientação aquática de modo que a criança
tenha segurança e capacidade de nadar sem a boia, mas isso só acontece
com o tempo", conta a professora e especialista em natação infantil Mari
Ferreira, da Escola Mundo Azul, em São Paulo.
Usando ou não as boias, é fundamental que os pais fiquem sempre
atentos quando as crianças estiverem na praia ou na piscina. "As
crianças devem ser supervisionadas a cada segundo e sempre por um adulto
que não tenha medo da água e que saiba como proceder em casos de
emergências", afirma a fisioterapeuta Paula Olinquevitch, especialista
em estimulação pré-natal e infantil do Instituto Little Genius de
Pesquisa e Estimulação. Há o risco, por exemplo, de a criança com boias
nos braços se desequilibrar e ficar com o rosto na água, podendo se
afogar.
Piscinas com grande profundidade
Não sustente a falsa impressão de que não há
problemas quando a criança consegue ficar de pé - há risco de afogamento
em qualquer área da piscina, mesmo na parte mais rasa. Mas é verdade
também que nadar em piscinas de maior profundidade exige uma atenção
ainda maior dos pais. "Preferimos fazer com que a criança se adapte
primeiro ao ambiente aquático com auxílio dos pais até que consiga se
descolocar sozinha para só então ir a uma piscina mais profunda", conta a
professora Mari Ferreira. Para crianças que já sabem nadar bem, o
cuidado é o mesmo do que o uso de boias: os pais devem estar por perto e
sempre a postos para entrar na água a qualquer momento.
Pais e responsáveis precisam entrar na piscina?
Bebês com até dos dois anos sempre devem estar acompanhados, mesmo que estejam em uma piscina de 10 centímetros de profundidade. "Esse cuidado deve ser redobrado quando outras crianças estão compartilhando a piscina, já que podem afundar o bebê sem querer ou formar ondas na água que cubram o rosto dele", alerta a fisioterapeuta Paula.Já as crianças mais velhas e acostumadas com a água podem ter a supervisão de fora - sempre com cuidado. Na praia, por exemplo, não adianta ficar sentado embaixo do guarda-sol observando a criança distante nadando no mar. "Fique atento para não cochilar, não dar as costas para a criança, evitar atender telefonemas que possam distraí-lo ou sair para buscar algo e deixá-la sem supervisão, mesmo que por alguns minutos", acrescenta Paula.
Brincadeiras na borda da piscina
Na escola que Mari Ferreira dá aula, são feitas algumas brincadeiras para conscientizar as crianças sobre o perigo que brincar na beira da piscina representa. "Pedimos, por exemplo, que elas tragam uma camiseta para sentirem como é difícil nadar de roupa e aprenderem a tirá-la se algum dia acontecer o acidente de caírem na piscina", conta a especialista.Para os pais que não têm filhos matriculados em escolas de natação, vale a pena investir em uma conversa cuidadosa para que eles entendam quais são as regras ao usar a piscina. O cuidado é o mesmo para brincadeiras dentro da água: abraçar, afundar o amiguinho e outras atitudes não devem ser aceitas.
Deixar boias e pranchas espalhadas é mais seguro?
Na verdade, a principal forma de segurança é a atenção constante dos pais ou responsável. "Boias podem dar a falsa impressão de que a criança está segura e não precisa de supervisão, o que não é verdade", conta a professora Mari Ferreira. Se a criança engolir muita água e se afogar por conta de uma brincadeira ou um desequilíbrio, dificilmente conseguirá chegar até uma boia para se segurar.Cloro da piscina
Apesar de a natação e as atividades aquáticas serem recomendadas para o desenvolvimento da criança, a água da piscina precisa ser adequadamente higienizada para preservar a saúde dela. "O cloro irrita a pele e as mucosas do nariz e dos olhos, podendo desencadear crises de asma, rinite alérgica e dermatite", explica a fisioterapeuta Paula. Bebês são ainda mais sensíveis ao cloro. Por isso, o ideal é procurar uma academia de natação ou uma piscina que tenha um tratamento menos agressivo, como:- A radiação ultravioleta, que é capaz de inativar microrganismos;
- O uso de ozônio (gás natural) que combate bactérias, algas, fungos e vírus e é considerado o mais eficaz e seguro método de tratamento de água para crianças;
- Uma associação de vários métodos, com a aplicação mínima de cloro.
Brincadeiras com baldes e bacias
Essa é para os bebês: parece que não há perigo
algum deixar a criança pequena brincando com um balde de água, mas
muitos dos afogamentos nessas situações podem acontecer durante os
poucos segundos que os pais se distraem para atender um telefonema. A
ONG Criança Segura, que tem o objetivo de orientar os pais dos maiores
acidentes dentro de casa com a criança, indica que a maioria desses
acidentes ocorre por descuidos, como: deixar o portão da piscina
destrancado, sair para atender a porta da frente ou pegar a toalha
enquanto o bebê está sozinho brincando com baldes ou na piscina, deixar a
porta do banheiro aberta e a tampa da privada destampada (na faixa
etária até dois anos, até vasos sanitários podem ser perigosos), entre
outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário