domingo, 28 de setembro de 2014

Apneia do sono pode causar pressão alta em 67% dos portadores


Caracterizada por paradas respiratórias noturnas provocadas pelo estreitamento das vias aéreas, enfermidade já atinge um terço da população mundial

 


Ronco e dificuldades respiratórias são causas conhecidas de insônia e sono de má qualidade. Mas pouca gente sabe que esses problemas podem ir muito além de uma simples sonolência diurna. Cada vez mais comuns, quadros de apneia obstrutiva do sono (AOS) são tidos como a principal causa de acidentes de trânsito nos EUA. Também afetam cada vez mais crianças, acarretando em transtornos como déficit de atenção. Além disso, hoje em dia a AOS está entre as principais causas de doenças cardiovasculares como hipertensão arterial, arritmias, infartos e insuficiência cardíaca.
"A repetição dos episódios de apneia durante o sono tem como consequência a menor oxigenação do sangue, redundando em danos ao organismo", diz Dra. Samira Kaissar Nasr Ghorayeb, cardiologista do Centro de Diagnóstico e Tratamento da ATM (CDTATM). Em conjunto com a equipe de dentistas e ortodontistas, Dra Samira ajuda a diagnosticar os casos de AOS. "Boa parte dos pacientes apresenta histórico de hipertensão arterial e arritmias cardíacas", informa a cardiologista.
No CDTATM utiliza-se o sistema ApneaLink Plus, com o qual a detecção da AOS é feita na casa do paciente, de forma simples e rápida, sem necessidade de passar uma noite inteira em centro clínico especializado. A tecnologia incorpora a oximetria, calculando e analisando, de maneira automática, o índice de apnéia-hipopnéia (IAH), as limitações do fluxo e os roncos. O sistema ApneaLink Plus gera automaticamente um relatório de fácil interpretação, que inclui um indicador de risco codificado com cores, sinais de pulso e de oximetria, informações detalhadas de saturação de oxigênio (SpO2), além de dados sob a forma de ondas.
“É um dispositivo fácil de usar, permitindo que se determine se um paciente deve ser encaminhado para outros procedimentos, como a polissonografia, que é o exame de excelência na apneia grave, e só é realizado em centros clínicos especializados”, conta Dra Samira.
Caracterizada por paradas respiratórias noturnas provocadas pelo estreitamento das vias aéreas, a apneia do sono já afeta cerca de um terço da população mundial. Segundo estudos, 67% dos portadores de apneia do sono apresentam hipertensão arterial. “Em muitos casos de hipertensão, o tratamento da apneia por si só é suficiente para redução e controle da pressão arterial”, complementa Dra. Priscila Paiva, diretora do CDTATM, que acaba de participar do Sleep Group Solution, curso nos EUA sobre distúrbios do sono.
Ela conta que o tratamento de AOS é multidisciplinar e varia de acordo com a gravidade do caso. A primeira medida é reduzir os fatores agravantes, como excesso de peso, uso de bebidas alcoólicas, calmantes, relaxantes musculares e cigarro, principalmente antes de dormir. Outros fatores que podem causar distúrbios respiratórios durante o sono são obstrução nasal, refluxo gastroesofágico e hábito de dormir de barriga para cima (decúbito dorsal). “É sempre melhor dormir de lado, o ar flui mais facilmente”, ensina Dra Priscila.
Se a redução dos fatores agravantes não for suficiente, é possível recorrer a aparelhos intraorais que facilitam a passagem do ar. Outra opção de tratamento são os chamados CPAPs, aparelhos que mantêm pressão positiva e contínua sobre as vias aéreas, evitando sua obstrução. Há situações, porém, em que cirurgias são necessárias.
Nos adultos, cinco ou mais episódios de 10 segundos da suspensão da respiração por hora de sono caracterizam quadros de apneia. Nas crianças, bastam 2 ou 3 segundos de parada respiratória para o sangue dar sinais de falta de oxigênio. Aliás, muitas crianças que apresentam disfunções respiratórias durante o sono acabam erroneamente diagnosticadas como portadoras de déficit de atenção e outros transtornos, passando a tomar remédios psiquiátricos. "Na verdade, tudo o que elas precisam é dormir bem", finaliza Dra Priscila Paiva.
Apneia obstrutiva do sono
Principais causas
* Obesidade
* Uso de álcool, tabaco, relaxantes musculares e calmantes
* Disfunção na articulação da mandíbula
* Queixo projetado para trás, causando recuo na base da língua
* Refluxo gastroesofágico
* Dormir de barriga para cima (decúbito dorsal)
* Sinergia entre esses fatores
Sintomas
Hipertensão, ronco, sono agitado, falta de disposição, sonolência durante o dia, dor de cabeça, perturbação da memória, da atenção e da concentração e tendência a depressão. 
Diagnóstico
ApneaLink Plus, e Polissonografia ajudam a mapear o distúrbio do sono fornecendo dados importantes para o diagnóstico
Tratamento
- Reduzir os fatores risco, como obesidade e uso de bebidas alcoólicas, calmantes, relaxantes musculares e cigarro antes de dormir
- Uso de aparelhos intraorais que facilitam a passagem do ar pela laringe
- Uso de CPAP, aparelhos que mantêm pressão positiva e contínua sobre as vias aéreas
- Cirurgias ou cauterizações.

 

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