Uma importante glândula do organismo humano, a tireoide é responsável
pela produção de hormônios reguladores do metabolismo. Quando esta
glândula não funciona adequadamente pode levar a repercussões em todo o
corpo em graus de severidade que variam desde sintomas que muitas vezes
passam despercebidos até alterações orgânicas graves, trazendo riscos à
saúde.
Em geral, é possível encontrar diferentes alterações na tireoide. O
excesso de hormônio tireoidiano, conhecido como hipertireoidismo, e a
falta dele, o hipotireoidismo, são os principais distúrbios e é preciso
estar atento aos sintomas. No hipertireoidismo, os mais comuns são
palpitações, nervosismo, aumento da transpiração, fraqueza muscular,
perda de peso e de cabelo. E no hipotireoidismo, a lentidão, cansaço,
sensação de frio, depressão, sonolência durante o dia, mesmo após uma
noite bem dormida, ganho de peso, cabelos secos e finos, pele seca e
áspera são os sintomas mais freqüentes.
Alguns estudos evidenciam que as doenças da tireoide acometem 12% da
população geral. Aproximadamente 10% das mulheres acima de 40 anos e em
torno de 20% acima de 60 anos manifestam algum problema na tireoide.
A Dra. Denise explica que os problemas tireoidianos podem estar mais
presentes nos pacientes com diabetes do tipo 1 que é uma doença
auto-imune e pode estar associada a outras auto-imunes, como as doenças
da tireoide. “Estudos evidenciam uma chance de 25% de diabéticos do tipo
1 apresentarem os anticorpos contra a tireoide que podem estar
presentes em doenças como o hipotireoidismo e o hipertireoidismo. Por
isso, checamos a tireoide de quem tem diabetes tipo 1 uma vez por ano”,
conta a especialista, destacando que a estimativa de problemas na
tireoide é de 23,4% para pacientes com diabetes tipo 1 e 10,8% para
portadores de diabetes tipo 2.
A médica ressalta que no hipertireoidismo o aumento dos hormônios da
tireoide provoca a elevação na produção de glicose no organismo. “Em uma
pessoa que não tem diabetes essa alteração é compensada pela produção
de insulina, mas em quem tem diabetes isso pode significar piora para o
controle glicêmico, exigindo um acompanhamento mais freqüente”, diz.
No hipotireoidismo, ao contrário, os hormônios da tireoide estão
diminuídos no limite mínimo da normalidade e o hormônio da hipófise, o
TSH, encontra-se elevado. Além dos sintomas comuns, o controle da
glicemia também pode ficar difícil, com maior incidência de episódios de
hipoglicemia. E o hipotireoidismo também provoca acúmulo de gorduras no
sangue (colesterol), acarretando em risco de complicações do diabetes.
Controlando a glicemia
A Dra. Denise afirma que o tratamento da doença tireoidiana dependerá
da disfunção hormonal, ou seja, varia conforme houver excesso ou falta
de hormônio. No caso de hipertireoidismo, o especialista prescreverá uma
determinada medicação para redução da produção do hormônio. No
hipotireoidismo, o hormônio será substituído pela medicação na forma
oral, que é calculada de acordo com o peso do paciente, resultando na
dose semelhante ao índice que deveria estar produzindo.
“Em pacientes com diabetes, a monitorização da glicemia é fundamental
no tratamento, pois a pessoa poderá ter o seu controle glicêmico
alterado com o ajuste das doses da medicação e estabilização da
alteração da tireóide”, lembra a médica.
A endocrinologista enfatiza que o acompanhamento da função
da tireoide pode ser feito com dosagens hormonais de TSH, T4 livre e T3,
além do ultra-som da tireoide A avaliação do médico é importante no
seguimento do tratamento para o ajuste das doses, tanto das medicações
para tireóide quanto para o diabetes.
Prevenindo o surgimento
Nos casos de diabetes tipo 1, a Dra. Denise informa que, devido à
freqüência da associação com outras doenças auto-imunes, é necessário
investigar a possibilidade da existência da doença tireoidiana,
principalmente, quando há dificuldade em ajustar a dose da insulina ou
de manter o controle adequado. “O simples exame de TSH pode ser
suficiente para detectarmos a presença de uma doença tireoidiana
associada ao diabetes. Mesmo para aqueles que já têm hipotireoidismo ou
hipertireoidismo é possível verificar se há necessidade de ajuste na
dose da medicação do controle da tireóide e com isso auxiliar no
controle da glicemia”.
No diabetes tipo 2, a avaliação das dosagens de TSH é necessária para
afastar os quadros de doença subclínica que podem estar associados a
maior risco cardiovascular e de arritmias.
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