 
 
É comum encontrar por aí pais que entendem a queixa de dor de cabeça
 dos filhos como uma desculpa para se livrar das aulas. Mas a verdade é 
que a reclamação, na maioria das vezes, tem fundamento. Uma análise da 
Sociedade Brasileira de Cefaleia, a SBCe, concluiu que mais de 5 milhões
 de crianças e adolescentes do país sofrem com dores de cabeça. "Esse 
problema com as crianças não é de hoje, mas sempre foi menosprezado", 
lamenta o neurologista Marco Antonio Arruda, da SBCe.
Com uma incidência tão alta assim, não é de espantar que várias 
instituições tenham passado a investir em pesquisas sobre o tema. A 
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) acompanhou 60 crianças entre
 8 e 12 anos de idade durante 24 meses. Elas foram divididas em dois 
grupos. Um deles reunia quem nunca havia reclamado da chateação. No 
outro, ficaram os meninos e as meninas que sofriam de enxaqueca,
 um tipo de cefaleia que vem acompanhado de náuseas e sensibilidade à 
luz e ao barulho. "Analisamos a performance de todos na sala de aula", 
conta a neuropediatra e autora do trabalho, Thaís Rodrigues Villa. No 
segundo grupo, era preciso esperar pelo menos três dias após a última 
crise para que a pesquisadora pudesse observar a real repercussão do 
incômodo. "Descobrimos que esses pequenos, até mesmo naqueles dias sem 
dor nenhuma, apresentavam dificuldades de atenção visual, retenção de 
memória e velocidade no processamento das informações", completa Thaís.
Mais atenção!
O pai e a mãe geralmente demonstram uma preocupação maior quando o 
pequeno apresenta crises tão fortes que precisa ser levado ao hospital. 
Mas não devemos esquecer que qualquer lamento, por mínimo que seja, já é
 um sinal de encrenca.
Manter um diário de episódios ajuda a identificar o tipo de cefaleia e,
 assim, auxilia o profissional a decidir a abordagem mais apropriada. 
Para um alívio imediato durante os picos de dor na infância, é 
recomendado que a criança se deite em um ambiente silencioso, escuro e 
bem ventilado. Caso a cefaleia persista, indicam-se remédios como o 
ibuprofeno e o paracetamol, sempre com orientação médica, mas, ainda 
assim, não mais do que duas doses por semana. "O excesso medicamentoso 
diminui a produção dos nossos analgésicos naturais, também conhecidos 
como endorfina", esclarece o médico Marco Antonio Arruda. Essa prática 
torna a dor cada vez mais frequente, além de causar dependência e outros
 efeitos colaterais.
Além disso, a alimentação tem o potencial para agravar ou aliviar uma
 crise. A cafeína, substância encontrada no chocolate, estimula a 
contração dos vasos sanguíneos que nutrem a membrana do cérebro e, daí, o
 risco de sentir aquela pressão na cabeça vai às alturas. 
Agora, você já sabe: se seu filho reclamar de dor de cabeça, não 
custa levá-lo ao médico. Muito sofrimento e notas baixas podem ser 
evitados.
 
 
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