terça-feira, 4 de março de 2014

Ronco: um sinal de alerta para uma doença grave

Apneia do sono pode ser fator de risco para outras doenças crônicas.

Ronco frequente e alto à noite, sonolência excessiva durante o dia, isso já pode ser sinal, em 90% dos casos, de Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), doença crônica, evolutiva e com alto grau de mortalidade.
Existem dois tipos de apneia do sono, a Central – causada por uma disfunção do sistema nervoso central, e que é mais rara – e a Obstrutiva – mais comum e que pode ter uma das causas na obesidade.
A apneia obstrutiva é marcada pelo fechamento da via aérea por alguns períodos durante o sono, em função de vários fatores (por exemplo, flacidez dos tecidos da garganta), fazendo com que a pessoa pare de respirar por um período de, no mínimo, 10 segundos.

Sintomas

Alguns sinais são típicos deste tipo de síndrome – roncos, paradas visíveis da respiração durante o sono e sonolência excessiva durante o dia. Outros sintomas podem estar presentes como:
  • acordar com sensação de sufocamento
  • despertar frequente durante a noite
  • refluxo gastroesofágico
  • boca seca ao acordar
  • sono não reparador, o que provoca a sensação de fadiga diurna
  • perda progressiva da memória e dificuldade de concentração
  • sudorese noturna
  • diminuição da libido
  • impotência sexual
  • dor de cabeça matutina
  • depressão
  • irritabilidade

Como diagnosticar?

Fique atento se pessoas que dormem ao seu lado começam a reclamar frequentemente do seu ronco; se você for obeso, isso é mais um sinal de alerta: procure logo um especialista para o diagnóstico correto.
O exame que determina a doença é chamado de polissonografia, que consiste no registro de diversos parâmetros fisiológicos durante o sono – atividades cerebral e muscular, movimentos oculares, respiração, teor de oxigênio, eletrocardiograma, registro de ronco e posição corporal, entre outros.
Estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) detectou, por meio da polissonografia, que 38% da população de São Paulo possuem este tipo de distúrbio.

Um problema de saúde pública

O que vem sendo percebido pela classe médica é que a apneia do sono já pode ser considerada um problema de saúde pública, pois é uma doença frequente e com alta taxa de mortalidade, devido ao aumento do risco de hipertensão arterial (pressão alta), acidente vascular cerebral (AVC), infarto do miocárdio, acidentes de trânsito (em razão da sonolência excessiva provocada pelas noites mal dormidas), entre outros problemas.
Segundo a Federação Internacional de Diabetes, 40% dos portadores de apneia são diabéticos. Contudo, quando a SAOS é tratada desde o início, pode diminuir a glicemia de jejum e facilitar o controle do diabetes no longo prazo.
Outra doença que pode vir associada à apneia é a obesidade, já que a qualidade do sono é fator determinante tanto para o stress quanto para a depressão, já que pessoas que não dormem bem não conseguem se exercitar. Logo, ficam obesas com mais facilidade.

Tipos de tratamento

O objetivo de tratar a apneia do sono é fazer com que as vias respiratórias sejam desobstruídas. Em muitos casos, o simples emagrecimento faz com que a doença desapareça.
"Considerado o tratamento "ouro" para a apneia grave, a utilização de uma máscara conectada a um compressor de ar (CPAP), provoca pressão positiva que força a passagem de ar por meio da via aérea superior durante à noite. Para tipos de apneia leve ou moderada, existem aparelhos intraorais (que posicionam a mandíbula mais para frente, desobstruindo a passagem do ar)", explica a neurofisiologista do Einstein, Dra. Stella Tavares.
Para pacientes que não tiveram bons resultados com o uso de CPAP ou que possuem alguma anormalidade anatômica, pode se feito um tratamento cirúrgico para remover obstáculos e corrigir esses distúrbios.

Dicas para amenizar os sintomas

  • perder peso
  • evitar bebidas alcoólicas no mínimo quatro horas antes de dormir
  • evitar dormir de costas (barriga para cima)
  • não fazer refeições pesadas antes de dormir
  • evitar bebidas cafeinadas, no mínimo quatro horas antes de dormir
  • parar de fumar
  • não comer no meio da noite
  • procurar manter um horário relativamente constante para dormir e acordar

O que é hipopnéia?

hipopnéia=Apnéia-hipopnéia obstrutiva do sono afeta uma pequena parcela da população mas é associada a altos índices de morbi-mortalidade, principalmente por doença cardiovascular. Recente artigo publicado no Lancet apresentou uma análise dos efeitos cardiovasculares a longo prazo da doença.

Foi realizado um estudo observacional para comparar a incidência de eventos cardiovasculares fatais e não fatais em pacientes que apresentavam apenas roncos (n=377), pacientes com apnéia-hipopnéia obstrutiva do sono não tratada (n=403), pacientes com apnéia-hipopnéia obstrutiva do sono tratados com pressão respiratória positiva contínua (CPAP) (n=372) e homens sadios recrutados da população (n=264). O diagnóstico de apnéia-hipopnéia foi realizado através de polissonografia e a gravidade medida por média de apnéia-hipopnéia por hora.

Os pacientes foram acompanhados por um período médio de 10,1 anos, e os desfechos finais fatais foram mortes por infarto do miocárdio ou acidente vascular cerebral, e os não fatais foram infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral, cirurgia de revascularização do miocárdio ou coronarioangioplastia.

Pacientes com doença severa não tratada apresentaram maiores incidências de eventos cardiovasculares fatais (1,06 por 100 pessoas/ano) e não fatais (2,13 por 100 pessoas/ano) do que os não tratados com doença moderada (0,55 , p=0,02 e 0,89, p< 0,0001), pacientes com apenas roncos (0,34, p=0,0006 e 0,58. p<0,0001), pacientes tratados com CPAP (0,35. p=0,0008 e 0,64, p<0,0001), e homens sadios (0,3, p=0,0012 e 0,45 p< 0,0001).

A análise multivariada ajustada para potenciais variáveis de confusão mostrou que a apnéia-hipopnéia obstrutiva do sono severa não tratada aumenta significantemente o risco de eventos cardiovasculares fatais (OR=2,87. IC 95% 1,17-7,51) e não fatais (OR=3,17, IC 95% 1,12-7,51) se comparado a homens assintomáticos. O tratamento com pressão respiratória positiva contínua (CPAP) reduz o risco cardiovascular associada a doença.

10 Coisas que Você Precisa Saber Sobre Apneia do Sono


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Para contribuir com uma noite de sono mais saudável, o site da SBEM publica as 10 coisas que você precisa saber sobre Apneia do Sono. Confira:

1.      A apneia do sono, o Síndrome da Apenia Obstrutiva do Sono (SAOS), é uma doença crônica, evolutiva caracterizado pela obstrução parcial ou total das vias, causando paradas repetidas e temporárias da respiração enquanto a pessoa dorme. A respiração cessa porque as vias aéreas colapsam, impedindo que o ar chegue até os pulmões.

2.      Entende-se por apneia a interrupção completa do fluxo de ar através do nariz ou da boca por um período de pelo menos 10 segundos nos adultos. Já a hipopneia é a redução de 30% a 50% do fluxo de ar.

3.      A apneia pode ocorrer por vários fatores: os músculos da garganta e língua relaxam mais do que o normal, as amídalas e adenóides são grandes, a pessoa está acima do peso (o excesso de tecido mole na garganta dificulta mantê-la aberta), ou o formato da cabeça e pescoço resulta em menor espaço para passagem de ar na boca e garganta.}

4.      Entre os principais sintomas da apneia estão ronco e sonolência diurna, embora muitos pacientes não os percebam. A sonolência diurna é explicada pelas interrupções do sono causadas pela falta de oxigênio.

5.      Outros sintomas da apneia são: acordar com sensação de sufocamento, ofegante, com dor no peito ou desconforto, confuso ou com dor de cabeça; sentir boca seca ou dor de garganta pela manhã; alterações na personalidade; dificuldade de concentração; impotência sexual; e irritabilidade.

 6.      A apneia do sono aumenta a probabilidade do paciente desenvolver doenças potencialmente letais. Está associada ao aumento do risco de hipertensão, insuficiência e arritmia cardíacas, derrame e diabetes.

7.      A apneia obstrutiva do sono (SAOS) acomete aproximadamente 30% da população adulta mundial. A maior parte dos pacientes, entre 85% e 90%, convive com a doença sem receber o diagnóstico e continua sem tratamento.

8.      Nem todo mundo que ronca tem apneia do sono, sendo que ele é apenas um dos sintomas da doença. O diagnóstico médico é feito por meio de um exame chamado de polissonografia, que é o monitoramento do sono por equipamentos eletrônicos. O exame clínico é indicado para que seja avaliada a condição do trato respiratório do paciente e deve ser feito por um médico com especialização na área.

9.      Mudanças nos hábitos de vida podem contribuir muito com a melhora da apneia do sono. Perder peso, evitar o consumo de bebidas alcoólicas, dormir de lado, evitar consumo de comidas pesadas antes de dormir, evitar o fumo 4 horas antes de deitar e elevar a cabeceira da cama entre 15cm e 20cm são algumas medidas simples que podem evitar problemas futuros.

10.  A apneia é um problema médico grave, com probabilidade de alterar a vida da pessoa e que pode contribuir para certos transtornos que podem colocar a vida em perigo, mas, que por sua vez, pode ser identi?cada facilmente e tratada efetivamente. Com o tratamento, a respiração adquire um ritmo regular, os roncos cessam, um sono tranquilo é estabelecido e a qualidade de vida melhora.