
A principal orientação do Ministério da Saúde para evitar o contágio pelo zika vírus, transmitido pelo Aedes Aegypti,
 é o uso tópico do repelente industrial. O produto, no entanto, não é 
100% eficaz e deve ser utilizado ao lado de outras medidas preventivas, 
segundo especialistas de diferentes áreas médicas consultados pelo UOL.
 Coordenador dos testes pela vacina contra a dengue desenvolvida pelo 
Instituto Butantan, o professor de imunologia e alergia da Faculdade de 
Medicina da USP (Universidade de São Paulo) Esper Kallas é taxativo: o 
repelente industrial é o meio de combate mais adequado ao mosquito, mas 
não faz 'milagres'.
 De acordo com o pesquisador, produtos 
anti-insetos como os repelentes de tomada também auxiliam, mas têm a 
mesma eficácia, por exemplo, de ações caseiras de efeito passageiro como
 velas ou essências de citronela. "São medidas que ajudam, mas não 
eliminam o risco da picada".
 O ideal é adotar um conjunto de medidas,
 iniciado pela erradicação de focos de criadouro do mosquito em sua 
casa. Roupas compridas, mosquiteiro em berços e até tela nas janelas 
podem ajudar. 
Só alguns repelentes são eficientes contra o Aedes, diz infectologista
 Coordenadora da Sociedade Brasileira de Infectologia e professora da 
Unifesp, a infectologista Nancy Bellei aponta que nem todos os 
repelentes industriais espantam o mosquito Aedes Aegypti.
 "Os repelentes naturais agem por cerca de 20 minutos e evaporam; os 
repelentes industriais têm duração um pouco maior, mas apenas aqueles à 
base de icaridina ou picaridina funcionam realmente contra o Aedes". Os 
demais repelentes industriais, explicou a infectologista, ou são 
facilmente resistidos pelo organismo, ou têm concentrações muito baixas 
dos produtos ativos permitidos no Brasil.
Anvisa lista produtos registrados
 A Anvisa (Agência Nacional de Saúde) registra repelentes com três 
princípios ativos diferentes, o DEET (n,n-Dietil-meta-toluamida), o 
IR3535 e a Icaridina. A agência alerta que cada repelente tem duração e 
indicação diferente em relação ao número máximo de vezes que pode ser 
usado sem prejuízo, sobretudo no caso de grávidas e crianças. 
 
Gestantes do primeiro ao terceiro mês de gravidez, por exemplo, podem 
usar com segurança repelentes à base de DEET – não recomendados, por 
outro lado, para uso em crianças menores de 2 anos.
 Em crianças 
entre 2 e 12 anos, explica a agência, a concentração dever ser no máximo
 10%, e a aplicação, ser restrita a três vezes ao dia. Concentrações da 
substância acima desse percentual são permitidas para maiores de 12 
anos. Os produtos à base de DEET duram, em média, até quatro horas no 
corpo.
 Produtos feitos com as substâncias repelentes Icaridina ou picaridina, como o Exposis, têm duração prolongada: até dez horas. Repelentes com EBAAP ou IR3535 têm duração de até quatro horas.
 O registro dos produtos pode ser consultado no site da Anvisa, que disponibiliza também a lista de produtos cosméticos registrados 
Pressão popular para mais pesquisas científicas
 Para Kallas, o alarde em torno da existência de outro vírus transmitido
 pelo mesmo inseto pode ter efeito didático na população – especialmente
 na busca por voluntários às pesquisas científicas que desenvolvem 
vacinas e remédios para as doenças. 
 "É importante esse 
engajamento da sociedade - a situação está difícil demais para a gente 
ainda achar que o chá da vovó tem a resposta para as doenças, quando, na
 realidade, isso deve ser buscado por meio de respostas científicas", 
declarou.
 
 
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