
No dia 15 de fevereiro de 2015, a Secretaria da Saúde da Bahia
 recebeu o alerta de que uma doença com sintomas que pareciam com os da 
dengue estava se espalhando pelo Estado. Foi a primeira notícia oficial 
no Brasil da então chamada Doença Exantemática Indeterminada. Pacientes 
chegavam às unidades de pronto-atendimento com sintomas parecidos com os
 da dengue, mas mais brandos. No final de abril, os pesquisadores da UFBA (Universidade Federal da Bahia) confirmaram que se tratava da zika.
 O desconhecimento em relação à nova doença pode ter inflado o número de casos de dengue em 2015 no Brasil –1,6 milhão ao todo.
 Segundo o infectologista e professor da UFRN (Universidade Federal do 
Rio Grande do Norte), Kleber Luz, durante meses a semelhança entre as 
doenças levou médicos a notificarem os pacientes como casos prováveis de
 dengue.
 A notificação é um sistema baseado em avaliações 
clínicas, sem avaliação laboratorial, e pode ser falha. Ano passado, a 
gente imagina que boa parte dos casos de dengue se tratavam, na verdade,
 de casos de zika
 Kleber Luz, infectologista
 O Ministério da Saúde (MS) confirmou que muitos dos casos oficiais de 
dengue podem, na verdade, se tratar de zika --já que nem todos os 
pacientes passam por exames laboratoriais. Além disso, até hoje, o país 
não tem à disposição um teste sorológico para identificar o vírus –há 
apenas um teste genético, chamado PCR, mais caro e demorado.
 Estima-se que entre 500 mil e 1,5 milhão de brasileiros foram infectados pelo vírus da zika.
Zika foi encontrada em três mortos
 A terceira morte no país de paciente com presença do vírus da zika no 
corpo teve diagnóstico para dengue. Uma jovem de 20 anos, moradora do 
Rio Grande do Norte, morreu em abril do ano passado e teve o óbito 
associado à dengue. Porém, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, o 
material coletado da paciente deu negativo para a doença e detectou a 
presença do zika. 
 "Esta confirmação é um achado importante, vai
 agregar dados à investigação do comportamento do vírus, porém ainda não
 é o momento de dizer que o vírus causou o óbito desta paciente; isso só
 poderá ser confirmado após uma investigação completa e cuidadosa. Nos 
preocupa o fato de a doença [zika] aparecer com um quadro sintomático 
leve e observarmos consequências mais sérias", disse a coordenadora de 
Promoção à Saúde, Cláudia Frederico.
 Até agora, três casos de 
morte com presença do zika foram confirmados no Rio Grande do Norte, 
Ceará e Maranhão. O RN tem outros 22 óbitos descartados para dengue e 
que estão sendo investigados para detectar a presença do vírus.
Cuidado com grávidas
 Os sintomas da dengue são febre constante por cinco a sete dias, dor 
articular, dores musculares, dor óssea e, ao final da doença, manchas 
vermelhas pelo corpo e coceira. Já a principal característica do doente 
infectado pelo vírus da zika são manchas avermelhadas, coceira intensa, 
inflamação nos olhos e febre branda (nem todos apresentam esse 
sintoma). 
 O médico destaca que é importante o diagnóstico 
correto das doenças porque a dengue é a que tem efeito mais grave, 
podendo levar a morte do paciente. No entanto, a exceção são as 
grávidas, desde que o vírus da zika foi associado à microcefalia. 
 "Quando se acha que é dengue, mas é zika não tem tanto problema porque o
 tratamento é mais severo para a primeira. Porém, o problema está no 
diagnóstico de zika sendo o paciente com dengue ou chikungunya. A doença
 pode evoluir para o caso mais grave, de dengue hemorrágica ou síndrome 
de Guillain-Barre, por não está recebendo o tratamento de maneira 
efetiva para a dengue ou chikungunya", diz Luz. 
 
 
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