"Marca-passo" para a língua ajuda a controlar problema ligado ao ronco.
Tecnologia pode ser opção para quem não se adaptar a outros métodos.
 Os novos "marca-passos" para musculatura da língua, destinados a 
combater a apneia do sono, se juntam a uma série de outros tratamentos 
que vem sendo usados para solucionar o problema. Para o pneumologista 
Geraldo Lorenzi, a nova tecnologia pode se tornar uma opção para quem 
não consegue se adaptar a outros métodos para prevenir o problema. Veja 
vídeo acima.
 O implante de um “marca-passo” sob a mandíbula funciona por meio de 
pequenos choques elétricos, impedindo a musculatura da língua e da 
faringe de relaxar e consequentemente obstruir a passagem de ar.
 A apneia obstrutiva do sono – caracterizada por interrupções de pelo 
menos 10 segundos no fluxo de ar durante a noite – pode aumentar o risco
 de vários problemas de saúde, como hipertensão, acidente vascular 
cerebral (AVC) e infarto. O paciente também pode ter sonolência 
excessiva durante o dia, cansaço e dor de cabeça.
 O tratamento de eletroestimulação seria uma alternativa às duas 
principais técnicas contra a doença utilizadas hoje. Uma delas é o CPAP,
 sigla em inglês para pressão positiva contínua do ar, em que o paciente
 usa uma máscara conectada a um aparelho que “empurra” o ar para as vias
 respiratórias. A outra é a cirurgia para correção de características 
anatômicas do aparelho respiratório que possam estar levando às 
obstruções no fluxo de ar.
 O procedimento cirúrgico para implante do "marca-passo" contra apneia 
já foi feito com sucesso uma vez no Brasil, pelo Hospital Samaritano, em
 São Paulo. O paciente obteve uma autorização especial da Anvisa para 
receber o equipamento por uso compassivo, concedido nos casos em que o 
produto ainda não obteve registro na agência, mas já foi aprovado em 
outros países e se mostra promissor para o tratamento de determinada 
doença.
 Atualmente, está em curso uma avaliação por parte da agência para 
concessão de registro para o eletroestimulador da marca ImThera. Existe 
ainda um eletroestimulador com a mesma finalidade produzido pela empresa
 Inspire Medical Systems.
 
 
Eletroestimulador
 para tratamento de apneia (esq.) e controle remoto (dir.): equipamento 
passa por análise da Anvisa para obtenção de registro (Foto: 
ImThera/Divulgação)
Como funciona?
O médico Eric Thuler, que coordenou o primeiro implante do marca-passo no Brasil, afirma que, nos últimos anos, estudos têm demonstrado que a causa mais comum de apneia é o relaxamento da musculatura da língua e da faringe durante o sono. A ocorrência de anormalidades anatômicas do aparelho respiratório que justificariam a parada de respiração no meio da noite é menos frequente.
O médico Eric Thuler, que coordenou o primeiro implante do marca-passo no Brasil, afirma que, nos últimos anos, estudos têm demonstrado que a causa mais comum de apneia é o relaxamento da musculatura da língua e da faringe durante o sono. A ocorrência de anormalidades anatômicas do aparelho respiratório que justificariam a parada de respiração no meio da noite é menos frequente.
 A ideia do equipamento é justamente impedir esse relaxamento ao aplicar
 pequenos choques elétricos, de intensidade muito baixa, de forma que os
 músculos da língua e faringe permaneçam como se a pessoa estivesse 
acordada.O dispositivo é implantado perto do nervo hipoglosso, que 
inerva os músculos da língua e da faringe e fica sob a mandíbula. “São 
choquinhos de miliamperes, imperceptíveis ao paciente, que conseguem 
simular uma situação similar a quando o paciente está acordado”, diz o 
especialista.
 O implante é feito por uma cirurgia simples, que dura cerca de 40 
minutos, e o equipamento é ligado um mês depois do procedimento. Com um 
controle remoto, o paciente liga o "marca-passo" somente quando vai 
dormir. "Nas primeiras semanas, o paciente refere que sente como e 
estivesse com um formigamento na região. Depois, se torna 
imperceptível."
Quem poderia ser beneficiado?
Caso a técnica seja aprovada no Brasil, ela deve ser usada em pessoas que já tentaram outros tratamentos, mas não se adaptaram.
Caso a técnica seja aprovada no Brasil, ela deve ser usada em pessoas que já tentaram outros tratamentos, mas não se adaptaram.
 Segundo Thuler, a primeira opção para tratar a apneia continua sendo o 
CPAP, que é a técnica menos invasiva. Estudos mostram, porém, que cerca 
de 40% dos pacientes não conseguem se adaptar ao equipamento. Nesses 
casos, exames específicos devem revelar se o paciente possui alguma 
obstrução mecânica ao fluxo de ar que possa ser corrigida com cirurgia.
 Se isso não for identificado e a causa da apneia for o relaxamento 
muscular da língua e da faringe, aí sim o tratamento de 
eletroestimulação seria indicado.
Paciente brasileiro
A primeira pessoa a se submeter ao tratamento de eletroestimulação para apneia no Brasil foi o médico oftalmologista Murilo Valladares Domingues, de 48 anos. Ele descobriu a doença há cerca de um ano, depois de fazer um exame para descobrir a causa de seus roncos. Domingues considerou o uso do CPAP desconfortável e soube que existia uma alternativa fora do Brasil. Depois de obter o aval da Anvisa, ele passou pela cirurgia do implante em julho.
A primeira pessoa a se submeter ao tratamento de eletroestimulação para apneia no Brasil foi o médico oftalmologista Murilo Valladares Domingues, de 48 anos. Ele descobriu a doença há cerca de um ano, depois de fazer um exame para descobrir a causa de seus roncos. Domingues considerou o uso do CPAP desconfortável e soube que existia uma alternativa fora do Brasil. Depois de obter o aval da Anvisa, ele passou pela cirurgia do implante em julho.
 “Foi mais para prevenir. Se não tratar, posso ter diabetes, pressão 
alta, AVC”, diz. Ele conta que os choquinhos não provocam dor e que ele 
tem precisado de menos horas de sono desde que ativou o dispositivo.
 O brasileiro Marcelo Lima, presidente da empresa ImThera, com sede nos 
Estados Unidos, conta que cerca de 100 pacientes já receberam o implante
 no mundo. O equipamento já foi aprovado na Europa, onde já está sendo 
comercializado, e aguarda autorização nos Estados Unidos pelo FDA (Food 
and Drug Administration) e no Brasil pela Anvisa.
 Lima esclarece que o objetivo do dispositivo é tratar a apneia e que 
ele só terá o efeito de inibir o ronco caso ele tenha como causa a 
obstrução das vias aéreas durante o sono.
 A apneia do sono é um fator de risco relevante na incidência de 
hipertensão. Veja abaixo em vídeo comentário do cardiologista Roberto 
Kalil sobre esse problema, que liga a apneia a uma maior probabilidade 
de males cardiovasculares.
 
 
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