Em entrevista ao Terra, o ginecologista falou sobre problemas que afetam a vida sexual
Fazer sexo é um dos momentos de maior conexão dos casais por unir intimidade e prazer, mas para algumas mulheres transar pode ser sinônimo de dor e problemas na vida sexual. Com o objetivo de orientar o público feminino sobre como ter mais saúde, o ginecologista José Bento lançou em junho deste ano o livro A Saúde da Mulher - manual prático de saúde física e emocional para todas as fases da vida , pela Editora Alaúde, que aborda temas como puberdade, gravidez e menopausa.
        José Bento, ginecologista, obstetra e autor do livro A Saúde da 
Mulher - manual prático de saúde física e emocional para todas as fases 
da vida 
    
Foto: Divulgação
 Em entrevista ao
 
  Terra
 
 por telefone, o médico falou sobre as doenças que afetam a prática 
sexual. “Sexo foi feito para dar prazer, e não para dar dor”, disse. 
Comum entre mulheres a partir dos 19 anos, o vaginismo começa com uma 
dor na entrada da vagina. Por sentir esse incômodo, a mulher contrai 
involuntariamente toda a musculatura perineal, impedindo a penetração. 
“Ela não sente prazer em momento nenhum, só dor, angústia, desânimo e 
frustração de não conseguir ter e nem dar prazer”, explicou.
 Ao falar sobre a doença, o obstetra lembrou do caso de uma paciente que tinha uma vida sexual ativa, mas após um
 
  parto
 
 cesárea desenvolveu a disfunção. Segundo ele, como a vagina fica muito 
seca depois da gestação, ela teve primeiro a dispareunia [entenda a 
definição abaixo] e avançou para o vaginismo. “Ela não conseguia ter 
relação, a musculatura perineal fechava a vagina de uma maneira que não 
entrava um lápis, quanto mais um pênis”.
 Em quadros como este, o tratamento mais indicado, de acordo com o Dr. 
José Bento, são sessões de fisioterapia, que podem variar de acordo com a
 gravidade, mas com 10 já é possível notar melhora. “A 
fisioterapia laceia essa musculatura através de massagens locais, 
tirando a sensibilidade excessiva. Às vezes são necessários estímulos 
elétricos, por meio de um aparelho colocado na entrada da vagina próximo
 à região da musculatura das nádegas”.
 No caso da paciente citada pelo ginecologista, a doença atingiu 
diretamente a relação dela com o companheiro, que cogitou até o 
divórcio, após eles ficarem um ano sem praticar sexo. “O marido foi na 
clínica e me disse que eu era a única esperança dele, porque ele ia se 
separar, e ela ficou olhando sem saber o que fazer”.
 Após 15 consultas com a fisioterapeuta e a conscientização da própria 
paciente, que procurou relaxar no momento de intimidade com seu 
parceiro, ela conseguiu se curar da doença. Entre risadas, o obstetra 
lembrou da última conversa que teve com o marido. “Dr., eu vim te 
agradecer, porque agora até sexo anal estou fazendo com a minha esposa”.
 Eu respondi: “me poupe dos detalhes”, contou rindo. 
  Dispareunia
 
 Ao ter uma relação sexual e sentir dor, você pensa “transar dói, é 
assim mesmo, tenho que aguentar, acontece com minhas amigas também?”. 
Cuidado, pode tratar-se de uma dispareunia, que é a dor sentida 
repetidamente durante as relações sexuais.
 “Muitas mulheres passam por disfunções sexuais e acham que é normal, 
mas não é, elas devem procurar a ajuda de um especialista”, alertou o 
Dr. José Bento.
 Segundo o médico, há dois tipos de dispareunia, a que ocorre na entrada
 da vagina, em que a mulher sente dor no início da atividade sexual, mas
 com o estímulo da penetração, ela atinge uma elasticidade e 
lubrificação maiores, e a dor desaparece. A outra é a de profundidade 
com a presença de bioma e endometriose, e pode sinalizar o aparecimento 
de alguma doença mais grave, como o vaginismo.
 Comum entre mulheres de 50 a 60 anos, que estão perto da menopausa, o 
obstetra explicou que a dificuldade ocorre pela pouca elasticidade 
vaginal. A doença tem cura por meio de tratamentos com reposição 
hormonal, que pode ser local ou sistêmica. “A mulher pode fazer 
reposição à base de cremes vaginais ou de gel. A partir da aplicação do 
produto, o hormônio é absorvido pela
 
  pele
 
 e, dessa forma, ela repõe aqueles hormônios que estão faltando no organismo”. 
  Anorgasmia
 
 Há quem diga que o sexo só é bom quando se chega ao orgasmo, mas a 
falta dele faz parte da realidade de muitas mulheres. De acordo com o 
médico, há aquelas que não têm vontade de fazer sexo, não sentem prazer e
 consequentemente não atingem o ápice. E existem as que sentem desejo, 
têm prazer com as carícias, mas também sofrem da anorgasmia, que é a 
incapacidade de chegar ao orgasmo.
 Entre 80% e 90% dos casos, o ginecologista atribuiu essa dificuldade ao
 tipo de relacionamento e a questões psicológicas, mas ele ressaltou que
 há situações em que a mulher sofre de uma disfunção hormonal por conta 
da diminuição da progesterona e da quantidade de hormônios tireoidianos.
 “Essas alterações orgânicas justificam a incapacidade de ter orgasmo”.
 Para mudar esta condição, o ginecologista recomendou a mudança de 
alguns hábitos. “O tratamento deve ser na própria mulher, de forma que 
ela cuide melhor da sua autoestima, fique menos estressada, cuide mais 
da alimentação e pratique exercícios físicos”. 
  Perda da libido
 
 Chegou a hora de ir para a cama e em vez de namorar o maridão você 
preferiu desejar boa noite e virar para o lado? Se você se comporta 
deste jeito, não está no grupo de 60% das mulheres, que declararam ter 
uma vida sexual satisfatória, de acordo com o obstetra.
 Certamente você faz parte do grupo 40%, que afirmou ter perdido a 
libido. Segundo o especialista, desse número, 20% passam por 
dificuldades ocasionadas por questões como pós-parto, menopausa, 
alterações hormonais, problemas financeiros, estresse, entre outros. “Um
 dos períodos mais críticos é após o parto, onde o interesse sexual da 
mulher fica bem comprometido. Às vezes a perda de interesse dura o tempo
 da amamentação, de seis meses a um ano”, comentou.
 Os outros 20% são por disfunções sexuais detectadas através de exames. 
Nesses casos, o tratamento deve ser feito em um trabalho conjunto com 
com ginecologista, psicoterapeuta e sexólogo. 
                             Terra
                   
 
 
 



 
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