
 Outro dia, ouvi de uma mãe que seu filho, de 5 anos, dormia 
cotidianamente com ela e o marido. Tudo teve início na amamentação. A 
mãe se deitava para alimentá-lo e acabavam dormindo juntos. Aos poucos, o
 pai encontrou um jeito de dividir o espaço com a esposa e a criança. 
Fiquei intrigada. Essa informação rebateu em todo o arcabouço de 
crenças, ideias e imagens que venho construindo, desde meu próprio 
nascimento, sobre cuidados com bebês e seu sono. Até que tive acesso ao 
artigo Mother – Infant Cosleeping, Breastfeeding and Sudden Infant 
Death Syndrome: What Biological Anthropology Has Discovered About Normal
 Infant Sleep and Pediatric Sleep Medicine*.
Com ele, aprendi que estudos antropológicos, nos últimos 20 anos, têm demonstrado diversas variações sobre arranjos conjuntos de sono entre mães e bebês. Em sociedades diversas, isso significa cuidados e garantia de um descanso contínuo e menos preocupado para a mãe. Ao mesmo tempo, sensação de proteção, além de fortalecer os vínculos afetivos dos bebês. De acordo com o texto, o contato físico prolongado com o cuidador é tema comum em várias culturas, particularmente durante a transição da vigília para dormir ao sono.
Com ele, aprendi que estudos antropológicos, nos últimos 20 anos, têm demonstrado diversas variações sobre arranjos conjuntos de sono entre mães e bebês. Em sociedades diversas, isso significa cuidados e garantia de um descanso contínuo e menos preocupado para a mãe. Ao mesmo tempo, sensação de proteção, além de fortalecer os vínculos afetivos dos bebês. De acordo com o texto, o contato físico prolongado com o cuidador é tema comum em várias culturas, particularmente durante a transição da vigília para dormir ao sono.
 Nas famílias maias, por exemplo, as crianças costumavam adormecer nos 
braços de alguém e eram levadas para a cama com os pais. Isso acontecia 
do nascimento até 2 ou 3 anos ou até a chegada do próximo irmão. O mesmo
 estudo relata que, em Bali, os bebês eram mantidos na companhia de um 
adulto dia e noite. Deixá-los sós era desaconselhável, pois eram 
considerados vulneráveis durante o sono. Entre vários outros exemplos, 
os autores do artigo contam que é costume entre os Terena, grupo 
indígena brasileiro, manter os pequenos índios na mesma cama com 
familiares e que essa prática reflete altos valores atribuídos a laços 
de família. Por fim, mais um exemplo me chamou a atenção: no Japão, a 
perspectiva inversa prevalece. Lá, a criança é vista como um ser 
separado do adulto e que, desde o início, a fim de se desenvolver, 
precisa estabelecer relações cada vez mais interdependentes com os 
outros.
 A leitura me seduziu e me fez pensar sobre a importância do contato e 
da presença física das mães e dos cuidadores para a amamentação e o sono
 de qualidade dos bebês. Os autores demonstraram como as regras 
ocidentais de manter os bebês isolados podem ser mais um fator de risco 
do que de cuidados. No entanto, o estudo evidencia também que esses 
hábitos são elementos culturais compartilhados e, só assim, podem ter 
impactos e efeitos benéficos. Adotá-los como fator de proteção, como me 
parece ser o caso da mãe e do menino citados, pode ter resultados 
perversos, no meu entender.
 Qual a possibilidade de uma criança construir outros laços fora dos 
braços maternos se não tiver condições de dormir sozinha? Fortalecer 
vínculos e prevenir acidentes mantendo o bebê na cama do casal, para 
além da iniciação à amamentação, pode se transformar em ato egoísta de 
adultos que não entendem o crescimento de um indivíduo. Que tenhamos 
nossos filhos sempre por perto, no calor do peito e nos afetos 
verdadeiros, mas que possamos dar asas a eles.
 
 
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