
Recente estudo publicado no jornal The 
Obstetrician & Gynaecologist revela a importância de se realizar 
exame de tireoide quando a paciente está enfrentando dificuldade para 
engravidar ou vem passando por abortos prematuros. Isto porque 2,3% das 
mulheres que apresentam infertilidade têm hipertireoidismo, contra 1,5% 
da população em geral.
Essa condição também está associada à irregularidade menstrual. De 
acordo com Amanda Jeffreys, pesquisadora do SouthMed Hospital em 
Bristol, Inglaterra, quando o funcionamento da tireoide apresenta 
anormalidades pode interferir na saúde reprodutiva feminina – resultando
 em menores taxas de concepção, risco aumentado de hemorragias e 
problemas durante a gravidez e o parto.
Embora o estudo não tenha apresentado provas de causa-efeito, um 
expert norte-americano, Dr. Tomer Singer, afirma não estar surpreso com 
as descobertas, já que por décadas vem detectando uma relação 
significativa entre hiper e hipotireoidismo com a infertilidade.
Atuando no Lenox Hill Hospital, em Nova York, o médico afirma que já 
incluiu o diagnóstico de doenças da tireoide para pacientes em busca de 
tratamento para engravidar.
Na opinião de Assumpto Iaconelli Junior, especialista em Medicina 
Reprodutiva e diretor do Fertility Medical Group, tanto o hiper quanto o
 hipotireoidismo podem desencadear problemas de fertilidade, embora seja
 possível engravidar mesmo tendo essas doenças. Uma vez tratadas, a 
fertilidade se restabelece rapidamente.
“O problema é que o hipotireoidismo costuma surgir durante a idade 
reprodutiva da mulher e, quando não tratado, pode causar infertilidade e
 abortamentos. Outra causa de infertilidade em pacientes com doença da 
tireoide é a falência ovariana, embora menos comum. Assim com a Doença 
de Graves e de Hashimoto, essa é uma doença autoimune causada pelas 
proteínas e células brancas no sangue que atacam outras proteínas no 
ovário da paciente. Nesse sentido, há uma diminuição relevante do 
tamanho dos ovários, problemas de ovulação, menopausa prematura e 
infertilidade”.
Com relação ao fluxo menstrual, o especialista diz que ele é maior no
 hipotireoidismo e menor no hipertireoidismo. “Os efeitos dos hormônios 
da tireoide no período menstrual, na função ovariana e no sistema 
endócrino em geral são complicados. Diante da variação dos hormônios da 
tireoide, uma variedade de efeitos no sistema reprodutivo pode ocorrer. 
Adolescentes que ficam doentes com hiper ou hipotireoidismo durante a 
puberdade costumam parar de menstruar, por exemplo. Isso requer 
tratamento imediato”, alerta Iaconelli. 
Vale ressaltar que disfunções da tireoide são muito comuns na 
população e afetam vários órgãos. Como acabam afetando os ovários e os 
testículos, acabam interferindo na fisiologia reprodutiva, reduzindo as 
chances de uma gravidez e interferindo na gestação e no parto.
“Embora as irregularidades na menstruação sejam comuns, a ovulação e a
 concepção ainda assim podem ocorrer quando se tem hipotireoidismo – em 
que o tratamento com tiroxina restaura o padrão menstrual e administra 
as mudanças hormonais. Em resumo, ter conhecimento do status da tireoide
 no casal infértil é fundamental, justamente por ser um problema 
importante e ainda assim reversível. Apesar disso, ainda há muito a ser 
investigado pela Ciência quanto ao impacto das doenças tireoidianas na 
infertilidade”, diz o médico.
Abortamento de repetição em pacientes com disfunção da tireoide
Distúrbios da tireoide também são comuns em mulheres durante o 
período reprodutivo. Além de interferir na fisiologia da reprodução 
humana, esse tipo de disfunção pode afetar adversamente a evolução da 
gravidez.
“Depois da implantação, a manutenção da gravidez depende de múltiplos
 eventos do sistema endócrino que eventualmente contribuirão com o 
sucesso do crescimento e do desenvolvimento do feto. Entre 8% e 12% de 
todos os abortos espontâneos resultam de fatores endócrinos”, diz 
Iaconelli.
A doença da tireoide está presente em 4% das jovens e até 15% estão 
em risco, já que têm anticorpos positivos de tireoide. Sabe-se que há 
uma correlação importante entre imunidade da tireoide, por um lado, e 
infertilidade, aborto espontâneo e problemas durante e depois do parto.
Até mesmo um hipotireoidismo discreto pode aumentar as taxas de 
abortamentos e perda fetal. Em resumo, mulheres grávidas com 
hipotireoidismo não tratado têm risco aumentado para complicações 
durante a gravidez, especialmente pré-eclâmpsia, mortalidade perinatal e
 abortamento.
De acordo com o especialista, exames de imagem para detectar 
anormalidades na tireoide não costumam ser indicados com frequência, mas
 a função da tireoide deve ser avaliada nas pacientes que já tiveram 
perda fetal ou distúrbios menstruais.
 
 
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