
Casos de dengue, chikungunya e zika, todos vírus transmitidos pelo mosquito Aedes aegypti, aumentam no país a cada ano, apesar das inúmeras campanhas de conscientização e mutirões de combate a focos. Em 2015, mais de 1,5 milhão de pessoas foram infectadas com um dos três vírus no Brasil.
Por que isso acontece? Por uma série de fatores, cujo culpado está 
longe de ser o mosquito. O acúmulo de água parada em recipientes e no 
lixo somados ao clima tropical favorável fazem o problema ser tanto do 
governo, que precisa investir em políticas públicas de combate, quanto 
da população, que deve estar atenta ao acúmulo de água parada em casa.
Por que é tão difícil combater o mosquito?
O Aedes aegypti é um mosquito urbano,
 que vive no interior das residências ou a poucos metros das casas. Isso
 porque as fêmeas, únicas transmissoras de doença, precisam do sangue 
humano para fabricar seus ovos.
"É um mosquito oportunista, vai 
acompanhar o homem sempre. Quanto maior o número de criadouros e de 
pessoas para picar, mais ele vai viver", diz a bióloga Denise Valle, 
pesquisadora da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
Para sua 
proliferação, basta ter água limpa parada, como a água da chuva 
acumulada dentro de vasilhas. "O Brasil tem áreas de grande densidade 
populacional onde há muito resíduo espalhado, muito lixo com garrafas 
pet, sacos plásticos, copos descartáveis", explica Érico Arruda, 
presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia.
O que é feito para eliminar o mosquito?
A maior parte dos criadouros são encontrados em residências. Por isso, 
campanhas de conscientização da população costumam ser feitas em 
períodos de chuva. Além disso, agentes sanitários visitam imóveis para 
encontrar focos de larvas do inseto e exterminá-las com larvicidas e 
inseticidas mais potentes do que os vendidos no mercado.
Entrar 
em imóveis particulares é um complicador, segundo o 
infectologista Kleber Luz, professor do Instituto de Medicina Tropical 
do Rio Grande do Norte. Muitos moradores não permitem a entrada dos 
funcionários públicos com medo de serem falsos agentes prontos para um 
assalto.
Outra forma comum de combater o mosquito é dispersar 
uma nuvem de inseticida – técnica popularmente conhecida como "fumacê". 
Essa maneira, no entanto, não é muito eficiente, pois o componente 
químico tem de entrar em um espiráculo localizado embaixo da asa. 
Portanto, o inseto precisa estar voando, algo difícil tratando-se de uma
 espécie que fica na maior parte do tempo em repouso.
É possível erradicar o Aedes Aegypti do país?
"Hoje consideramos impossível erradicar o Aedes aegypti. O programa de 
erradicação se tornou inviável. A ideia agora é manter a quantidade de 
mosquitos a níveis seguros para impedir a transmissão de doenças", 
afirma Valle.
A bióloga diz que a adoção de fumacês, por 
exemplo, gera mosquitos mais resistentes. "Hoje, levamos de 20 a 30 anos
 para desenvolver um inseticida e, em dois anos, ele perde sua eficácia 
por causa do uso abusivo."
O que pode ser feito para reduzir o número de mosquitos?
O país vem buscando usar as novas tecnologias para combater o mosquito.
 A maior aposta é o uso de mosquitos Aedes aegypti transgênicos, ou 
seja, cujo genoma é modificado em laboratório e "pode promover uma 
população de mosquitos estéreis", ressalta Arruda, da Sociedade 
Brasileira de Infectologia.
Testes com a espécie estão sendo 
feitos na Bahia e em São Paulo, com resultados promissores. O mosquito 
transgênico, no entanto, ainda não é a resposta.
Outra possibilidade é a compra de larvicidas para uso em casa. Uma empresa paranaense lançou um produto que promete atrapalhar a proliferação dos mosquitos por meio do princípio ativo piriproxifen, que impede que as larvas transformem-se em mosquitos.
No entanto, a melhor solução ainda é a conscientização da população para evitar a criação de novos focos.
O que fazer dentro de casas para evitar os criadouros?
Algumas das medidas indicadas para combater a proliferação do Aedes
 são: tampar os grandes depósitos de água, como caixas d'água, 
reservatórios, tanques e piscinas que não são usadas com frequência, e 
não abandonar lixos e outros objetos, como pneus velhos e garrafas, 
em quintais ou nas ruas.
"O fato de as pessoas terem que guardar
 água em casa em períodos secos, como o que vem acontecendo em São 
Paulo, em cisternas, baldes, caixa d'água e tonéis é um prato cheio para
 o mosquito", reitera o infectologista Kleber Luz. Usar cloro na água 
acumulada evita o surgimento das larvas.
(Com informações da BBC e da Deutschewelle)
 
 
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