Ronco e dificuldades respiratórias são causas conhecidas de 
insônia e sono de má qualidade. Mas pouca gente sabe que esses problemas
 podem ir muito além de uma simples sonolência diurna. Cada vez mais 
comuns, quadros de apneia obstrutiva do sono (AOS) são tidos como a 
principal causa de acidentes de trânsito nos EUA. Também afetam cada vez
 mais crianças, acarretando em transtornos como déficit de atenção. Além
 disso, hoje em dia a AOS está entre as principais causas de doenças 
cardiovasculares como hipertensão arterial, arritmias, infartos e 
insuficiência cardíaca.
"A repetição dos episódios de apneia durante o sono tem como 
consequência a menor oxigenação do sangue, redundando em danos ao 
organismo", diz Dra. Samira Kaissar Nasr Ghorayeb, cardiologista do 
Centro de Diagnóstico e Tratamento da ATM (CDTATM). Em conjunto com a 
equipe de dentistas e ortodontistas, Dra Samira ajuda a diagnosticar os 
casos de AOS. "Boa parte dos pacientes apresenta histórico de 
hipertensão arterial e arritmias cardíacas", informa a cardiologista.
No CDTATM utiliza-se o sistema ApneaLink Plus, com o qual a detecção 
da AOS é feita na casa do paciente, de forma simples e rápida, sem 
necessidade de passar uma noite inteira em centro clínico especializado.
 A tecnologia incorpora a oximetria, calculando e analisando, de maneira
 automática, o índice de apnéia-hipopnéia (IAH), as limitações do fluxo e
 os roncos. O sistema ApneaLink Plus gera automaticamente um relatório 
de fácil interpretação, que inclui um indicador de risco codificado com 
cores, sinais de pulso e de oximetria, informações detalhadas de 
saturação de oxigênio (SpO2), além de dados sob a forma de ondas.
“É um dispositivo fácil de usar, permitindo que se determine se um 
paciente deve ser encaminhado para outros procedimentos, como a 
polissonografia, que é o exame de excelência na apneia grave, e só é 
realizado em centros clínicos especializados”, conta Dra Samira.
Caracterizada por paradas respiratórias noturnas provocadas pelo 
estreitamento das vias aéreas, a apneia do sono já afeta cerca de um 
terço da população mundial. Segundo estudos, 67% dos portadores de 
apneia do sono apresentam hipertensão arterial. “Em muitos casos de 
hipertensão, o tratamento da apneia por si só é suficiente para redução e
 controle da pressão arterial”, complementa Dra. Priscila Paiva, 
diretora do CDTATM, que acaba de participar do Sleep Group Solution, 
curso nos EUA sobre distúrbios do sono.
Ela conta que o tratamento de AOS é multidisciplinar e varia de 
acordo com a gravidade do caso. A primeira medida é reduzir os fatores 
agravantes, como excesso de peso, uso de bebidas alcoólicas, calmantes, 
relaxantes musculares e cigarro, principalmente antes de dormir. Outros 
fatores que podem causar distúrbios respiratórios durante o sono são 
obstrução nasal, refluxo gastroesofágico e hábito de dormir de barriga 
para cima (decúbito dorsal). “É sempre melhor dormir de lado, o ar flui 
mais facilmente”, ensina Dra Priscila.
Se a redução dos fatores agravantes não for suficiente, é possível 
recorrer a aparelhos intraorais que facilitam a passagem do ar. Outra 
opção de tratamento são os chamados CPAPs, aparelhos que mantêm pressão 
positiva e contínua sobre as vias aéreas, evitando sua obstrução. Há 
situações, porém, em que cirurgias são necessárias.
Nos adultos, cinco ou mais episódios de 10 segundos da suspensão da 
respiração por hora de sono caracterizam quadros de apneia. 
Nas crianças, bastam 2 ou 3 segundos de parada respiratória para o 
sangue dar sinais de falta de oxigênio. Aliás, muitas crianças que 
apresentam disfunções respiratórias durante o sono acabam erroneamente 
diagnosticadas como portadoras de déficit de atenção e outros 
transtornos, passando a tomar remédios psiquiátricos. "Na verdade, tudo o
 que elas precisam é dormir bem", finaliza Dra Priscila Paiva.
Apneia obstrutiva do sono 
Principais causas
* Obesidade
* Uso de álcool, tabaco, relaxantes musculares e calmantes
* Disfunção na articulação da mandíbula
* Queixo projetado para trás, causando recuo na base da língua
* Refluxo gastroesofágico
* Dormir de barriga para cima (decúbito dorsal)
* Sinergia entre esses fatores
Sintomas
Hipertensão, ronco, sono agitado, falta de disposição, sonolência 
durante o dia, dor de cabeça, perturbação da memória, da atenção e da 
concentração e tendência a depressão. 
Diagnóstico
ApneaLink Plus, e Polissonografia ajudam a mapear o distúrbio do sono fornecendo dados importantes para o diagnóstico
Tratamento
- Reduzir os fatores risco, como obesidade e uso de bebidas 
alcoólicas, calmantes, relaxantes musculares e cigarro antes de dormir
- Uso de aparelhos intraorais que facilitam a passagem do ar pela laringe
- Uso de CPAP, aparelhos que mantêm pressão positiva e contínua sobre as vias aéreas
- Cirurgias ou cauterizações.